O assunto da semana. O Campeão da Libertadores.
Clube Atlético Mineiro
O parabéns fica ao critério de vocês. Pq muitos aqui estavam torcendo contra (futebol sem rivalidade não existe). Então quem quiser ler a história especial de hoje, prossigam. Os que estão p... da vida e não aguentam mais ver coisa sobre o alvinegro das Alterosas, podem fechar a janela e xingar com todo o seu ódio. Eu sei o que é secar. E sei como é horrível quando a secação falha. Entendo vocês
No caso, pego uma camisa que esteve por apenas 1 semana na minha Mantoteca, no início desse ano, antes da Libertadores começar. E, por ironia do destino, foi negociada com um são-paulino. Por isso que não costumo incluir na minha coleção definitiva camisas de times rivais do meu... essa aqui só esteve para negócio, como a do Vasco (cuja história já contei no 2o post desse Blog)
E é uma camisa muito valiosa do Galo. Por coincidência, nas costas dela estava o número 13. O número do ano em que o tão sonhado título da Libertadores veio. Talvez um presságio?
Mas não falarei mais de Libertadores. Vou falar de 2008. Ano dessa camisa. Ano especial para o Atlético. Ano do Centenário do Clube.
Em 2008, os heróis da Libertadores que viria 5 anos depois estavam em lugares distintos. Victor era goleiro do Grêmio, time no qual também jogava o zagueiro Réver. Ronaldinho Gaúcho já estava sendo obscurecido no Barcelona por um tal de Lionel Messi. Jô ainda era lembrado como a "promessa do Corinthians" e estava na fria Rússia, defendendo o CSKA de Moscou. Guilherme também era uma promessa em Minas Gerais, mas estava jogando pelo lado azul da cidade. Pierre era destaque de um Palmeiras que ameaçava voltar a se destacar no cenário nacional. Em outro time verde, encontramos Josué, na Alemanha, defendendo o Wolfsburg. No Rio, Diego Tardelli ajudava o Flamengo a ganhar o Campeonato Carioca em cima do Botafogo treinado nada mais, nada menos do que por Alexi Stival, o Cuca.
A situação no Atlético Mineiro no ano do seu Centenário também não era muito animadora. Dois anos antes, o time enfrentara o purgatório da Série B, onde sagrou-se campeão. Em 2007, mesmo tendo atropelado o rival Cruzeiro na final do Campeonato Mineiro, numa vitória de 4x0 com direito ao goleiro Fábio levando um gol virado de costas para o mesmo, e tendo feito uma campanha razoável no Brasileirão, não haviam muitas coisas animadoras para se esperar em 2008.
O ídolo Marques, já com seus 35 anos, era anunciado como reforço para a temporada, após passar um tempo no Japão. Outro reforço duvidoso era o meia sérvio Dejan Petkovic, que não exibia mais um bom futebol desde sua passagem pelo Fluminense, entre 2005 e 2006. Além disso, o Presidente do clube Ziza Valadares não agradava os torcedores.
Novidade mesmo, só o novo fornecedor esportivo. A italiana Diadora saía do time e dava lugar para a conterrânea Lotto. Além dessa camisa preta da Mantoteca, a Lotto também fez outras camisas celebrando o centenário do Galo. Como, por exemplo, um modelo excêntrico listrado em preto e dourado, lembrando muito o uniforme do Peñarol do Uruguai. Abaixo, as fotos das camisas lançadas naquele ano:
O bolso do atleticano colecionador ficou mais vazio. E a paciência também. Qualificou-se em 3o lugar no Campeonato Mineiro, atrás do Cruzeiro e do Tupi de Juiz de Fora. Mesmo assim, o time avançava na Copa do Brasil. Deixou times como o Palmas-TO e o Nacional-AM para trás. Voltando ao Campeonato Mineiro, o Atlético deixava o também alvinegro Tupi para trás, após vencer os dois jogos, 3x2 no primeiro em BH e 1x0 em Juiz de Fora.
A partir do dia 23 de Abril, as coisas começavam a complicar-se. Jogando nos Aflitos, em Recife, o Atlético perdia seu primeiro jogo na Copa do Brasil em 2008. Mesmo com o sérvio Petkovic abrindo o placar aos 3 do primeiro tempo, o Galo levaria 3 gols, a virada do time pernambucano. Danilinho, ao apagar das luzes do jogo, ainda deixou o placar mais aceitável. 3x2 e no Mineirão era só buscar a virada.
Mas o desastre maior seria no dia 27 de Abril, um domingo. 1o jogo da final do Mineirão. O sonho de ganhar do rival Cruzeiro no ano do Centenário. O Bicampeonato sobre o rival. Um sonho que começava a desabar logo aos 12 do primeiro tempo, quando o boliviano Marcelo Moreno marcava seu gol. Para piorar, o veterano zagueiro Marcos marcaria contra o patrimônio, 7 minutos depois. O atual volante do Chelsea, Ramires, ainda fecharia a conta do 1o tempo: 3x0 para a Raposa.
Vira 3, termina 6? Quase. Guilherme (o próprio, que fez um gol salvador na semifinal da Libertadores deste ano) marcou o 4o gol aos 21 minutos do 2o tempo. A vingança de 2007 já estava concretizada. Mas, 11 minutos depois, veio Wagner (atual reserva do Fluminense) e completou a soma. 5x0. No ano do Centenário. Numa final. Contra o maior rival de todos.
A crise veio. Mesmo assim, não foi o suficiente para eliminar o Atlético da Copa do Brasil. Com um gol de Danilinho, o Galo conseguiu manter-se vivo na competição graças ao discutido critério de gol fora de casa. Mas, seria possível reverter o resultado desastroso?
A resposta veio com um time apático em campo no 2o jogo da final. Marcelo Moreno apenas confirmou a superioridade do rival e fez o único gol daquele jogo. Cruzeiro Campeão Mineiro. Vingando 2007 com juros e correção monetária (isso porque também haveria outro 5x0 em 2009).
Desastres em Centenários não são raros. O Flamengo de 1995 também perdeu título estadual para o rival, levando um gol de barriga histórico. O Botafogo de 2004, que havia acabado de voltar para a 1a divisão do Brasileiro e quase foi rebaixado novamente. Posteriormente, teríamos os exemplos do Coritiba de 2009, rebaixado no Nacional na última rodada do campeonato, de forma dramática, o Internacional do mesmo ano, que foi vice na Copa do Brasil e no Brasileirão, e o Corinthians de 2010, que fez um plano ambicioso para ganhar tudo e não ganhou nada. Com o Atlético, o caminho parecia seguir o roteiro comum dos centenários frustrados.
Ainda havia o Brasileirão e as rodadas seguintes da Copa do Brasil. Era hora de enfrentar o Botafogo, treinado pelo agora herói atleticano Cuca. Mas em 2008 Cuca era uma pedra no sapato do Galo. Em 2007, pela mesma Copa do Brasil, o Glorioso, já treinado pelo paranaense, havia eliminado o alvinegro mineiro. E, como em 2007, o 1o jogo terminou 0x0.
Enquanto o jogo de volta não chegava, o Brasileirão começava. E logo de cara, um resultado decepcionante: um empate em casa contra o time reserva do Fluminense, já que o time titular focava-se na Libertadores (aquela mesma, da LDU). E então, no meio da semana, o jogo no Engenhão. O Atlético não aguentou e levou 2 gols do Botafogo do 2o tempo. Era eliminado da Copa do Brasil mais uma vez pelo rival alvinegro do Rio.
Agora, restava esperar pelo início da Sul-Americana (onde enfrentaria o Botafogo novamente na fase nacional da competição). E, claro, prosseguir o Brasileiro. O sonho de um título para coroar o Centenário começava a esvair-se. E depois de mais 2 empates, o time ganhava seu primeiro jogo contra a Portuguesa, em Minas.
Mas era bom demais para aquele time. Na rodada seguinte, veio o atual bicampeão nacional, o São Paulo de Muricy Ramalho, um time que não era muito chegado a golear. Porém, assim como no 1o jogo da final do Mineiro, nova goleada: 5x1 para os paulistas. Na rodada seguinte, veio o rival regional Ipatinga, o típico jogo de 3 pontos, já que o time do Vale do Aço estava muito enfraquecido em relação aos anos anteriores. 4x2 para o Galo no Mineirão
Nas quatro rodadas seguintes, 3 empates e 1 derrota. O time estava cada vez mais longe de qualquer chance de título nacional, e a zona de rebaixamento já começava a ficar muito mais próxima. 2008 se desenhava para ser um ano desastroso como 2005. A derrota para o Cruzeiro que se seguiu apenas confirmava essa hipótese.
Contra o Internacional de Nilmar, o Galo nada pode fazer: mais uma derrota. Mas, contra o Coritiba, que acabava de voltar da Série B, um suspiro de alívio. 3x2 contra o time da "eterna promessa" Keirrison, que deixou a sua marca no jogo.
Eis que aparece o outro alvinegro. O Botafogo, jogando no RJ, surrou impiedosamente o time do Atlético. 4x0, com gol de pênalti saindo no 1o minuto de jogo. Cuca já havia sido demitido, mas tornou o Glorioso um verdadeiro obstáculo na vida do Galo Doido. No Mineirão, a tentativa de reabilitação vencendo o Vitória por 2x1
O Vasco da Gama, rival da próxima rodada, havia sido massacrado pelo Santos na Vila Belmiro. E também era um candidato real à vaga na Série B 2009. O jogo era em São Januário, e o Atlético podia sonhar em vencer para respirar mais. Um já desgastado Edmundo abriu o placar para o Vasco aos 13 do 1o tempo, mas Jael empatou para o Atlético 2 minutos depois. Reação? Não. Mais um vexame. Mais uma goleada. Vieram mais 5 gols, todos a favor do time cruzmaltino. Placar final: 6x1 para o Vasco. E detalhe: repararam no uniforme preto do Atlético? É o uniforme da Mantoteca.
Placares magros garantiam a vida do Atlético no Mineirão. Dessa vez, contra o Sport. 2x1. E, finalmente, a primeira vitória fora de casa. Um importante 3x2 em cima do Santos de Kleber Pereira dentro da Vila Belmiro. Tudo isso colocava o fantasma do rebaixamento longe do bairro de Lourdes novamente.
Próximo combate: o Grêmio no Mineirão. O time gaúcho era líder do campeonato e buscava um título que não vinha desde 1996. Era o último jogo do turno, e o Atlético continuava invicto contra times de fora do estado no Mineirão. Pois então, o tricolor gaúcho aplicou mais uma goleada no Galo: 4x0. À essa altura do campeonato, os torcedores atleticanos já nem queriam mais título no Centenário, queriam mesmo é parar de ver o time passar vergonha.
E por falar em vergonha, lá vinha o Botafogo de novo. Dessa vez pela Sul-Americana. Acreditar em títulos, pouquíssimos. Mas, talvez uma vingança contra as eliminações consecutivas impostas pelo time de General Severiano. Em vão, o 1o jogo foi 3x1 para o alvinegro carioca. E tudo teria que ser resolvido no Mineirão.
Início do 2o turno. Era hora de reagir contra o Fluminense, dessa vez jogando no Rio e com o time titular. O tricolor carioca ainda amargava a ressaca da final inacreditável perdida para a LDU e cumpria exatamente o que o seu técnico Renato Gaúcho dissera: estavam "brincando" no Brasileiro. Mesmo assim, o Galo não conseguiu vencer. 1x0 para o Flu, gol de Dodô.
Um empate com o Goiás em casa se seguiu. E depois, um ótimo resultado. Finalmente o Atlético goleava alguém naquele Brasileiro. E a vítima foi o seu xará do Paraná, que também vivia uma má fase. 4x0 no Atlético Paranaense.
Chegou a hora de encarar o Botafogo novamente, no jogo de volta da Sul-Americana, no Mineirão. Se era para ser eliminado, que fosse de maneira decente. Talvez aquele Atlético de 2008 não soubesse o significado da palavra "decente". Protagonizou mais um vexame em sua casa, a 4a vitória seguida do Botafogo em cima do Galo no ano. E de goleada: 5x2 para o Fogão e outra eliminação.
Depois disso, vieram dois empates pelo Brasileiro, um deles contra o São Paulo que havia goleado o time impiedosamente no 1o turno. E a péssima derrota para o Ipatinga, jogando no Ipatingão. 3x2 para o time que posteriormente cairia como lanterna daquele torneio.
Mesmo assim, o Atlético continuava a oscilar. Ainda estava correndo riscos de cair, perdia e ganhava jogos improváveis. Ganhou o jogo contra o Náutico em casa por 2x1. Empatou também em casa contra o Figueirense. E perdeu para o Palmeiras por 3x1 em São Paulo.
Talvez um dos momentos mais enigmáticos do Atlético Mineiro em 2008 foi no dia 11 de Outubro. Jogo contra o Flamengo, que estava no G4 e embalava para brigar pelo título brasileiro. Em pleno Maracanã. Nem os próprios atleticanos acreditavam que seria possível voltar de lá com um empate. Mais de 70000 espectadores, a maioria deles rubro-negros, foram assistir ao que seria um gigantesco banho de água fria da parte do Galo. 3x0 para o time mineiro. O garoto Renan Oliveira jogou de uma forma espetacular. E o placar ficou barato, pois o Galo perdeu muitos gols.
A vitória sensacional contra o rival Flamengo não ajudou contra o arquirrival Cruzeiro na rodada seguinte. Uma nova derrota. 2x0 para o time azul, que cada vez mais se aproximava de sua vaga na Libertadores. Seria um pesadelo ter que ver o rival disputando a América enquanto novamente o Galo era condenado à Série B. O empate com o Inter por 2x2 também no Mineirão também não ajudava na fuga do fantasma do rebaixamento.
Parece que o estoque de sorte daquele time acabou. Nova derrota, agora em Curitiba para o Coritiba. O próximo jogo era contra o algoz Botafogo, que poderia vencer pela 6a vez consecutiva o Galo. Mesmo que o jogo fosse no Mineirão, o alvinegro do Rio assustava. Havia goleado no 1o turno e eliminado o time de dois mata-matas, tudo no mesmo ano. Então o Galo resolveu apelar novamente para o improvável. Venceu por 2x1, não o suficiente para vingar-se de todas aquelas derrotas, mas foram 3 pontos para fugir de uma humilhante queda centenária.
E parece que a vitória sobre o algoz adiantou. Mais uma vez, o Galo vencia um rubro-negro dentro de sua própria casa. Dessa vez era o Vitória, que caiu por 1x0 dentro do Barradão. Voltando para Minas, o Vasco que havia aplicado um humilhante 6x1 aguardava para tentar reabilitar-se também no campeonato. Vingança! O Atlético quase devolve a goleada no cambaleante time da Colina, 4x1. E empurra o Vasco para os braços do rebaixamento, enquanto era impulsionado para um lugar fixo no meio da tabela.
Mas as 3 vitórias seguidas acabariam na Ilha do Retiro, quando novamente o Galo levou mais um golpe forte. 3x0 para o Sport. Já faltavam duas rodadas para o fim, e o pesadelo de um rebaixamento histórico já havia quase terminado. E mesmo empatando com o Santos e perdendo o jogo que poderia dar o título de Campeão Brasileiro ao Grêmio (o SPFC precisava perder do Goiás, mas venceu), o Galo estava livre. Aquele terrível ano do centenário estava acabado. Sem título. Mas sem mais humilhações.
Em Outubro de 2008, Ziza Valadares havia deixado a presidência e Alexandre Kalil, filho de um dirigente do Atlético que presidiu o clube durante a Era de Ouro nos anos 80 (embora esta só tenha vindo em forma de títulos estaduais consecutivos e boas campanhas no Brasileiro), assumia o cargo, que ocupa até hoje. O resto entraria para a história. O título mais importante depois do Brasileirão de 71. A Libertadores de 2013. O Kalil que entrou naquele Centenário destruído conseguiu levar o Atlético aonde ele nunca esteve. Mesmo depois de 2009, onde o time perdeu a vaga na Libertadores no fim do campeonato. Mesmo depois de 2010 e 2011, anos onde o time quase caiu novamente. Mesmo depois de um vice-campeonato nacional em 2012 que fez todo torcedor atleticano imaginar que o sofrimento dura para sempre. Mas, já dizia Renato Russo, reforçado posteriormente por Cássia Eller, "o pra sempre, sempre acaba".
E é com essa música que deixo vocês hoje, refletindo sobre o belo título do Atlético, sofrido e merecido. E lembrando de tudo que esse time passou até chegar neste momento de glória.
Parabéns Galo, Campeão da Libertadores da América.
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