sábado, 14 de novembro de 2015

Uma mensagem importante - Atentados na França, desastre em Minas...

   Ontem, infelizmente, fomos testemunhas daqueles momentos que marcam negativamente a História do Mundo. Um bando de humanos sem humanidade que promoveram uma carnificina numa das metrópoles mais importantes do Planeta. Até o futebol, sempre resiliente às guerras e tragédias do Mundo, perdeu a graça na noite de sexta-feira, 13 de Novembro de 2015. A imagem do campo do Estádio de Saint-Denis tomado pelo desespero dos torcedores, ao invés de uma celebração épica, como na final da Copa de 1998, nunca mais sairá da nossa cabeça.


   Ao mesmo tempo, aqui no Brasil, também vivemos nossas tragédias pessoais. Tragédias são sempre ruins independente de onde ocorram. As barragens rompidas de Mariana, cidade histórica turística em Minas, causou muitas mortes e um dano ambiental irreversível, e ainda com o risco de rompimento de uma 3a barragem. Os frequentes tiroteios na Linha Vermelha, uma das principais vias de acesso do Rio de Janeiro, dando o aspecto de uma verdadeira guerra civil. Tudo isso é triste. Ainda tivemos atentados em Beirute, Bagdá, terremoto de 7 graus Richter no Japão. E mesmo assim, ao invés de se juntarem para ajudar, um fica apontando o dedo para o outro tentando achar um culpado. Culpando etnias, religiões, sem saber o que dizem.

   Quando o time francês de futebol começou a ser fornecido pela Nike em 2011, uma frase curiosa na parte de dentro do escudo chamava a atenção: "Nos Differences Nous Unissent". Traduzindo: "As Diferenças Nos Unem". Por acaso, tenho duas camisas dos Bleus com a simbólica frase, que deveria servir de exemplo para a Humanidade neste momento de tensão.




   A França sempre foi um país visado para imigração vinda de países predominantemente muçulmanos. Zinedine Zidane, filho de imigrantes da Argélia e também seguidor do Islã, é um exemplo dessa França multicultural de hoje. Outro jogador francês muito conhecido que também é seguidor do Islamismo, mesmo sem ser filho de imigrantes é Franck Ribéry, do Bayern de Munique. Converteu-se depois de se casar com uma francesa também descendente de argelinos. Segundo o brado dos preconceituosos, essas pessoas acima apoiaram a barbárie ocorrida no dia de ontem. Culpar os refugiados do Oriente Médio, que não são só muçulmanos, são cristãos, curdos e de outras crenças e etnias, é de uma ingenuidade dolorosa. Achar que todo seguidor do Islã apoia o Estado Islâmico é praticamente a mesma coisa que achar que todo cristão é simpatizante da Ku Klux Khan, grupo racista dos EUA. Por isso, cuidado ao apontar o dedo na cara do próximo.
 
   Fico ofendido quando leio isso porque além de amigos que seguem essas religiões, também tenho contato com gente que vive na Síria, e sinceramente, não sei como eles ainda estão conseguindo viver ali. Eles me falam que o barulho de tiros e bombas já viraram lugar-comum em Damasco. Como descendente de sírios e libaneses que fugiram para o Brasil por causa da opressão dos turcos otomanos no começo do Século XX, ser contra a imigração desses povos seria cuspir na história da minha família também. Troque o Império Otomano pelo Estado Islâmico e chegaremos exatamente ao ponto atual. Medo, terror, falta de condições de vida. Qualquer lugar melhor para viver serve para esses refugiados. Ontem ouvi pessoas falando até dos haitianos, que deveriam ser barrados do Brasil. Logo o Brasil, um dos países com a maior mistura de povos do Mundo, se não for o mais? Logo o Brasil, aonde não temos uma segregação racial explícita como nos EUA (fiquei assustado ao ver em Nova York como os negros e os brancos dificilmente se misturam, em pleno século XXI!).

  Por fim, o que aconteceu ontem pode ter sido autoria de um branco, negro, asiático, católico, protestante, ateu, muçulmano, budista, xintoísta, hindu e afins. Seria grave do mesmo jeito. Quando as pessoas matam umas as outras, algo está muito errado. O Mundo caminha para uma miscigenação racial inevitável, e isso é bom, se for manuseado corretamente. Mas a intolerância de vários lados infelizmente nos faz perder as esperanças. Eu ainda não perdi as minhas. E as nossas diferenças vão nos unir no final.


  Oremos não só pela França, Mariana e outros tantos lugares de tragédia. Ainda existe gente muito boa nessa Terra, embora pareça o contrário.

  Um abraço,
  Mantoteca.