quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Box de numeração nas costas, mal necessário?

   Essa semana a canadense DryWorld lançou seus uniformes para o Atlético Mineiro, recheados de muita expectativa, além da apresentação do jogador Robinho, os torcedores do Galo queriam ver se a marca nova, que também fornecerá Fluminense e Goiás (e provavelmente o Santa Cruz), poderia fazer um trabalho mais satisfatório do que a Puma, fornecedora alvinegra entre 2014 e 2015. Mas...

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   Pois é. Um velho problema voltou a aparecer na camisa do Galo. A numeração foi colocada num box branco gigantesco, e as costas da camisa titular foram alisadas, sem as tradicionais listras alvinegras, o que já tinha ocorrido ano passado com a Puma. Muitos atleticanos queixaram-se da displicência das marcas para colocar sua numeração nas costas da camisa, lembrando até que o time mineiro tradicionalmente utiliza uma fonte vermelha, o que dispensa o alisamento das costas ou a abertura de um box para a visibilidade do número. A última marca que usou a tradicional numeração avermelhada foi a Topper em 2011, com um resultado agradável.





   A Adidas na sua linha 2016, em suas camisas Adizero (modelo de jogador), possui um tecido respirável que fica nas costas, como visto acima na interessante camisa suplente da equipe americana Portland Timbers.  Na mesma foto pode-se ver o inconveniente do tecido: a camisa é totalmente alisada no local, formando um gigantesco espaço liso. Torcedores do Flamengo e do Sport de Recife, times da fornecedora alemã no Brasil, já podem começar a se preocupar: a probabilidade de uma camisa lisa nas costas para os dois rubro-negros é alta (sendo que o time pernambucano já teve as costas alisadas na camisa de 2015). A dúvida também paira sobre outros times listrados, como Milan e Juventus, embora já sabemos que a camisa da Argentina (pelo menos na versão Climacool - de torcedor) terá as costas listradas.

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   Porém, existem camisas onde o box de numeração acaba se saindo como um detalhe interessante na indumentária do time. A camisa acima do Newcastle United de 1997 utiliza o formato do próprio escudo como caixa. Solução que já foi adotada aqui no Brasil especialmente pela Ponte Preta. Além disso, outros times também encontraram saídas curiosas para as caixas de numeração. É o caso do Eintracht Frankfurt com a Jako em 2012, com um quadrado preto com a marca d'água de uma águia, o mascote do time. Convenhamos que nem precisava, já que a numeração branca na camisa vermelha e preta é visível até para o mais cego dos comentaristas.

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  Na década passada, a UEFA foi impiedosa com a visibilidade da numeração. Os gigantes europeus, como o Barcelona de 2008/09 acima, tiveram que lançar versões "modificadas" de suas indumentárias. E simplesmente acometeu todos os times listrados da competição, desde os que realmente precisam de um box de numeração, como a Juventus, até uniformes onde o alisamento das costas é completamente desnecessário, como o Barça acima, o Milan e a Inter de Milão. Ultimamente a UEFA está mais tolerante, apenas pedindo visibilidade nas camisas que realmente precisam do recurso, como a camisa reserva do Barcelona nesta temporada, que possui listras nas costas que dificultam de verdade a legibilidade do número.

  Uma das maiores críticas às gigantes do fornecimento esportivo, como Adidas e Nike, diz respeito sobre a falta de esmero nos templates. A maioria das camisas listradas das duas marcas, especialmente as de template pronto (as famosas "Teamwear", encontradas em qualquer loja de material esportivo), estão vindo com as costas lisas. Vimos acima que não é necessário apagar as listras de todas as camisas, e que também não é obrigatório usar soluções esdrúxulas para exibir a numeração, caso da camisa do Galo no começo do post. Esperamos que as fornecedoras voltem a valorizar mais a tradição de certos uniformes, já que o futuro aparentemente aponta para um futebol mais monocromático e com menos cores (o que será falado aqui em outro post).

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

As Camisas Azaradas - Parte 3 - MG e RS

   Continuando nossa série sobre as camisas que todos querem esquecer, vamos agora falar das vestimentas que arrepiam torcedores do Galo, Cruzeiro, Grêmio e Inter.

1- Atlético Mineiro

    Na minha opinião, uma das camisas mais interessantes do Galo. Porém, na opinião dos alvinegros, uma camisa que deveria ser esquecida para sempre. Sempre gostei do Atlético-MG jogando com listras finas, e a última vez que isso aconteceu foi há 11 anos atrás. Mas ao contrário do time vitorioso dos últimos 3 anos,  o time de 2005 flertava com o rebaixamento desde o ano anterior e acabou sucumbindo ao descenso no final daquele ano. A camisa de listras finas virou um ícone daquela campanha esquecível. Uma pena.

  
   Outra camisa que o torcedor do Atlético deixará guardada em seu armário, sem sombra de dúvidas, será a camisa de 2011. O último ano ruim do Galo da Massa até então, já que a partir de 2012 o time assumiria uma postura vitoriosa que culminou em títulos como a Copa do Brasil, Libertadores e Recopa, além de vitórias no Estadual. Mas nem o mais otimista dos atleticanos acreditaria num destino tão generoso depois daquela fatídica última rodada do Brasileiro de 2011. Era a chance de rebaixar o maior rival. Uma vitória simples do Atlético e o Cruzeiro sofreria o seu primeiro rebaixamento. Não foi isso que aconteceu. Além de deixar a chance de fazer o arquirrival sofrer sua maior humilhação passar, os próprios alvinegros foram humilhados de uma forma desastrosa. A camisa em si, mesmo tendo listras mais grossas que a de 2005, também é bonita (apesar do patrocínio da BMG, que na época estragou muitas outras camisas). Mas é igualmente azarada.


2-Cruzeiro

   A Raposa nunca amargou um rebaixamento. Porém, como todos os times de futebol, possui suas fases esquecíveis. 1998 começou promissor, com título estadual, mas a sequência daquele ano realmente foi deprimente. Jogou a maior parte do ano usando Rhumell, mas na reta final foi vestido pela Topper. Conseguiu amargar três vices, um na Copa do Brasil, um na Mercosul, e outro no Brasileiro, sendo que os dois primeiros foram contra o mesmo adversário: o Palmeiras. No outro ano, com a mesma camisa, não conseguiria ganhar nem o Mineiro (apesar de golear o rival Atlético na final da Copa dos Campeões de Minas Gerais, de importância reduzida). Ainda seria eliminado pelo próprio Atlético do Brasileirão. Nada inspirador.



   2011 também foi um ano ruim. A camisa do Cruzeiro nesse ano é uma que particularmente gosto muito, com um "chevron" no peito homenageando um outro uniforme azul usado nos anos 50. Mas as lembranças que esse uniforme deixou na torcida também não foram muito agradáveis. Depois de uma campanha excelente na primeira fase, a Raposa sucumbiria para o Once Caldas da Colômbia nas oitavas da Libertadores, com derrota em Sete Lagoas (o Mineirão estava fechado). A campanha no Brasileiro foi uma das piores em muitos anos. As únicas boas lembranças de 2011 serão dos jogos contra o rival, no título do Mineiro e no 6x1 que livrou a Raposa do rebaixamento já citado acima.


3-Grêmio

   2004 foi um ano terrível para o torcedor gremista. O rival Inter ganhava o Gauchão pela 3a vez consecutiva, na Copa do Brasil seria eliminado pelo contestado time do Flamengo e, para piorar, o segundo rebaixamento da história do clube viria no final do Brasileiro. Um dos momentos mais enigmáticos daquele time, sem dúvidas, foi o empate com o Atlético-PR, que era líder do Brasileiro e abriu 3x0. Porém, só a vitória interessava e mesmo com a reação heroica, o Tricolor estava rebaixado.






   Em 2008 a situação não foi tão desesperadora, porém o resultado final decepcionou muito. O rival Internacional ganhou o Gaúcho e ainda mostrava a força obtida nas competições continentais, conquistando a Sul-Americana, inclusive deixando o próprio Grêmio no meio do caminho dentro do Estádio Olímpico. No Brasileiro vieram mais desastres. Nem a vaga na Libertadores apagaria a tragédia de ser goleado pelo arquirrival, além de liderar boa parte do torneio e quase conseguir o título depois de 12 anos de espera. Mas os tropeços no campeonato deixaram que o São Paulo, numa arrancada impressionante, ultrapassasse o Tricolor Gaúcho na reta final. A camisa titular do Grêmio naquele ano era bem interessante, mas a camisa reserva, da foto abaixo, sem dúvidas é uma das mais bonitas do time, numa temporada nada bonita.






4- Internacional

   O lado vermelho de Porto Alegre também possui suas histórias tristes. Na década passada, o Inter foi o melhor da cidade. Mas nos anos 90 a situação era inversa. E em 1999, mesmo vestindo uma camisa respeitável da Adidas, o time amargou vexames que mesmo as vitórias recentes não deixam esquecer. Dunga voltava para o time, mas seria desmoralizado por um garoto de 19 anos do Grêmio, um tal de Ronaldinho Gaúcho, na final perdida do Estadual. Na semifinal da Copa do Brasil a situação seria pior: uma goleada histórica de 4x0 dentro de casa para outro rival do estado, o Juventude, que seria campeão daquele torneio. O atual técnico da Seleção, que voltou para conquistar títulos, acabou sendo importante na fuga do rebaixamento no Brasileiro, marcando o gol que livrou o Inter de amargar a Segundona.



    Camisas especiais feitas para um torneio específico geralmente são as mais propícias a entrarem na lista. Mas nem o mais pessimista dos colorados imaginaria que o uniforme feito para a disputa do Mundial de Clubes de 2010, baseado nas camisas vitoriosas dos anos 70, seria protagonista de um dos jogos mais terríveis da história do time. O jogo contra o Mazembe, da República Democrática do Congo, seria apenas um detalhe antes da final contra a Inter de Milão em Abu Dhabi. Seria, pois o time do goleiro Kidiaba aproveitou muito bem suas chances e venceu por 2x0, eliminando pela primeira vez um time sul-americano da final do Mundial. O Inter ainda venceu a disputa do terceiro lugar e depois disso a camisa foi aposentada e virou encalhe nas lojas, mesmo sendo um dos uniformes mais bonitos da história do Colorado.


Esse foi mais um post da série "Camisas Azaradas". Se vocês possuem sugestões de outros mantos nada sagrados assim, podem comentar ou mandar uma mensagem no twitter.com/Mantoteca.

Confira também as outras matérias da Série:
- Camisas Azaradas do Rio
- Camisas Azaradas de São Paulo