domingo, 21 de dezembro de 2014

[GUIA DE COMPRAS MANTOTECA] Tríplice Fronteira - Brasil/Paraguai/Argentina

Olá pessoal!

Pois é. Fim de 2014, Copa já acabou, não contei a história das camisas, tive que mergulhar fundo no trabalho e outros assuntos pessoais, até livro escrevi (pra saber mais, só entrar nessa página: https://www.facebook.com/UmMedicoComFebreDeCopa). Mas o blog da Mantoteca  hibernou enquanto a Alemanha foi tetracampeã mundial, o San Lorenzo ganhou sua primeira Libertadores, o River Plate ganhou sua primeira Sulamericana, e os mineiros foram felizes com Atlético e Cruzeiro faturando Copa do Brasil e Brasileiro, respectivamente.

Mas ao contrário da proposta inicial do site, não estou aqui pra homenagear algum desses times hoje. Retomo ao meu "Guia de Compras", que já esteve no Marrocos e na Itália e agora vai falar do que comprar ali na Tríplice Fronteira de Foz do Iguaçu.



Parte 1 - Argentina/Puerto Iguazu

A cidade fronteiriça da Argentina já chama a atenção pelo gigantesco Duty Free logo na aduana. Não é o local ideal para caçar camisas, mas me surpreendeu o fato de ter uma seção bem grande da Nike ali e não ter uma camisa sequer de algum time local. Exatamente: nem uma camisa de passeio do Boca Juniors você encontrará ali. As únicas camisas que vi foram a da Inglaterra da última Copa, e com o preço proibitivo de 50 dólares (todas as lojas online e físicas que conheço aqui no Rio tão com os dois modelos em promoção abaixo de 100 reais). Vi umas camisas de passeio do Brasil também. E só






Logo na entrada da cidade de Puerto Iguazu tem um pequeno shopping aberto, o "Pátio Iguazu". E lá tem uma famosa loja de esportes da Argentina, a OpenSports. Vi camisas dos cinco grandes lá, as duas camisas atuais do Boca Juniors e outras mais antigas, como essa camisa 3 fluorescente, no preço promocional de 500 pesos. O que me chamou a atenção é que meses atrás, em Buenos Aires, vi essa mesma camisa numa promoção por 350 pesos. Reparei que o preço ali estava um pouco acima do usual praticado. E ainda por cima, faltava muita camisa. Do River Plate, por exemplo, só vi o modelo da temporada passada no tamanho P com manga comprida. Do Racing, atual campeão argentino, só havia o modelo reserva no tamanho infantil. E do arquirrival Independiente havia a camisa da temporada 2011 por 300 pesos. Um bom preço promocional, pensei até em levá-la para trocar com outros colecionadores, mas resolvi deixar pra lá.





Perto dessa loja, na beira da rodovia que liga a cidade até o Brasil, havia outra loja de esportes. Porém, a maioria das camisas ali eram réplicas. Exceto a do Crucero del Norte, time da região que foi fundado pela empresa de ônibus de mesmo nome. A camisa é exatamente esta que está neste link e sinceramente, não vale os 600 pesos que o dono da loja pediu nela. Eis a foto da loja:





No centro da cidade encontrei outra loja. Várias camisas de times argentinos diversos na vitrine, mas saí correndo quando reparei lá dentro que a maioria era réplica do AliExpress! Porém, próximo a essa loja, havia outra chamada "Ídolos". Ali as camisas são originais e a variedade é excelente. As camisas novas do River Plate já estavam lá, mas com o preço de 850 pesos (mais caro do que o cobrado nas lojas de Bs As: 750). Outros times menores como o Banfield e sua camisa atual também estavam presentes, com o preço aceitável de 650 pesos, já equivalente ao cobrado na capital. A variedade é muito boa. Apesar do preço elevado na camisa dos "cinco grandes", recomendo. Acabei não levando nada, pois ainda haveria o Paraguai para ver...



Parte 2 - Paraguai

Na Ciudad del Este, todo cuidado é pouco. Com medo da fama das "falsificações", era hora de ficar atento a proliferação das camisas AliExpress que estão sendo vendidas como originais até em lojas confiáveis do Brasil. Nas barracas da via principal da cidade, as camisas eram legitimamente falsificadas, com a "honestidade" de não apresentar nem o nome do fornecedor, ao contrário das réplicas do Ali.

A primeira loja que encontrei ali foi a Patachoca Sport, na Avenida Adrián Jara, paralela a Av San Blás, onde ficam as grandes lojas como a Monalisa, por exemplo. E já dei de cara com as camisas dos dois principais clubes do país: Olímpia e Cerro Porteño. As atuais de ambos estavam estimadas em aproximadamente uns 150 reais, mas me interessei mesmo pela camisa do centenário do Cerro, de 2012. Essa estava por aprox. 100 reais na promoção. Foi a minha aquisição na loja. Também vi camisas do Sportivo Luqueño, Guaraní, Carapeguá, Rubio Nú e do 3 de Febrero, time da CDE. Todas originais.

A camisa da Seleção Paraguaia, de 2011, tanto a titular quanto a reserva, estavam lá, mas com o preço de camisa nova: por volta de 160 reais. A camisa nova do Paraguai só será lançada no começo de 2015, para a Copa América. Aí é possível que entrem na promoção. O mais estranho é ver que nem a camisa do Libertad, time que vem sendo a 3a força do país nos últimos anos, e nem a do Nacional, finalista da Libertadores desse ano, estavam presentes na loja. Depois de comprada a camisa do Cerro, ganhei de brinde um picolé por cortesia da casa.






A camisa do Cerro que comprei:


Dobrando a esquina à esquerda na General Bernardino Caballero e depois virando à outra esquerda, na Pa'i Perez, deparo-me com o arrependimento de ter comprado cedo demais a camisa. O mesmo uniforme do Cerro Porteño estava por 60 reais na outra loja, a Larel, que também vendia outros tipos de roupas. Fui desconfiado achando que eram falsas, mas as camisas que estavam na promoção eram todas originais. E lá a variedade era bem maior do que a da Patachoca. A belíssima camisa de 110 anos do Olímpia, de 2012, estava pelo mesmo preço. As camisas do Nacional do Paraguai, usadas na Libertadores onde chegou de forma surpreendente na final, também estavam lá pelo mesmo preço, uma pena que são vendidas com os mesmos patrocínios da imagem do link acima. Também haviam as indumentárias dos times que vi na Patachoca, pelo preço de 60 reais também! O mais surpreendente foi ver camisas dos times da América Central ali, como a do Olímpia de Honduras e do Alajuelense da Costa Rica, ambas da Puma (são fabricadas no Paraguai). Creio eu que também estavam na promoção.

O que me surpreendeu foi uma camisa que nem eu conhecia: o quarto uniforme do centenário do Cerro Porteño em 2012: uma homenagem à batalha homônima que foi fundamental para a independência do Paraguai. A camisa foi usada uma vez só pelos jogadores, num empate contra o Nacional no Clausura do mesmo ano, no dia do aniversário de 100 anos do clube. E estava também na promoção. Olhei a camisa de cabo a rabo e vi que não era falsa, e como o preço estava bom (os mesmos 60 do resto da loja), levei. E me senti aliviado ao descobrir que ela era mesma original. O uniforme que peguei na Patachoca provavelmente será negociado. Abaixo, a sacola da loja e a camisa especial do Cerro.



Infelizmente, o horário comercial bizarro do Paraguai não permitiu que explorasse mais as lojas (fecham as 17:30 da tarde). Mesmo assim, foi um passeio lucrativo em termos de camisas. Em Foz do Iguaçu nem tive tanto tempo para exploração. Vi alguns outdoors sobre o Shopping Cataratas JF e creio que lá existam lojas de esportes, mas não pude ir por falta de tempo.

Esse foi mais um guia de compras da Mantoteca. Para reanimar o site e ajudar os colecionadores mundo afora!

Até a próxima!

domingo, 11 de maio de 2014

[Série Copa do Mundo 2014] França 2011 - Novos horizontes

Ok... voltamos à nossa programação normal.
Depois da Suíça, deveria falar do Equador, a outra seleção do Grupo E. Mas como não possuo nenhuma camisa do time sulamericano, pulo para o outro time do grupo: a Campeã Mundial de 98, França!



O modelo que apresento hoje é um dos uniformes mais peculiares que "Les Bleus" já usaram. Mais do que isso, marcava a estreia da Nike como fornecedora do time francês depois de quase quatro décadas vestindo Adidas. Era estranho ver a França sem as três listras da Adidas no ombro, ainda mais depois de uniformes icônicos como o da Euro 1984, o da Copa de 1998 (inspirado no anterior citado) e o da Euro 2000, os três títulos mais importantes da seleção. Até a Copa de 2010, onde a França amargou o vexame de ser eliminada na fase de grupos do torneio, as três listras ainda estavam presentes no uniforme francês. Mas já se sabia, naquela época, que o reinado dos alemães acabaria naquele ano. O contrato com a Nike já estava fechado desde 2009 e no início de 2011 finalmente conheceríamos os novos uniformes da França, já sem a "eterna" Adidas.



O uniforme branco listrado de azul da Mantoteca é o uniforme reserva que foi lançado naquele início de ano. Como era moda nas camisas da Nike naquela época, havia uma mensagem na parte de dentro do escudo dizendo "Nos Differences Nous Unissent", traduzindo, "nossas diferenças nos unem".



Se o uniforme reserva daquele ano mostrava uma elegância que é símbolo da França, o uniforme titular também não ficava atrás. Com sua grande góla pólo e suas mangas dobráveis (vermelhas por dentro e azuis por fora), a nova camisa titular era também discreta e charmosa, ao contrário do último modelo feito pela Adidas, com grafismos bem indiscretos, mas interessantes. A Nike chegava com tudo.

A estreia do uniforme novo da Nike foi num amistoso em Paris, contra o Brasil, em Fevereiro de 2011. Assim como na final da Copa de 98, os franceses mantiveram a escrita de nunca perder para os brasileiros desde 1992 (série que seria interrompida no ano passado), 1x0 com gol do artilheiro Benzema.

A camisa nova também entrava junto com a França nas eliminatórias da Euro 2012, que haviam começado no final de 2010. Ainda com a camisa anterior, os franceses estrearam com uma derrota surpreendente para a Bielorrússia em Paris por 1x0, mas deram a volta por cima após vencerem a Bósnia por 2x0 em Sarajevo, e também Romênia e Luxemburgo, ambos em território francês e também pelo mesmo placar de dois gols a zero.

Em 25 de Março de 2011, a França voltava a encarar a fraca seleção de Luxemburgo, dessa vez usando o uniforme novo da Nike. Ganhou novamente de 2x0, gols de Mexés e Gourcuff, jogando no pequeno Grão-Ducado. Mas, na estreia do uniforme reserva retratado aqui em outro jogo qualificatório, tropeçaria novamente na Bielorrússia, dessa vez jogando na fria cidade de Minsk. Abidal marcou contra e Malouda dois minutos depois empatou a partida. Abaixo, uma foto da partida, do site sulekha.com.



Adversária que ainda não tinha sido enfrentada ainda no grupo, a Albânia encararia os franceses em Setembro de 2011. Jogando na capital Tirana, Benzema e M'Vila abriram rapidamente o placar em 2x0 para os "Bleus". No início do 2o tempo, Bogdani diminuiria, mas ficaria por isso mesmo. Mais uma vitória francesa, que já começava a ser ameaçada na liderança de seu grupo pela Bósnia, cada vez mais embalada. Dias depois, a França tropeçaria novamente, só que dessa vez na Romênia. O empate em 0x0 em Paris e a vitória dos bósnios sobre a Bielorrússia deixava o time da ex-Iugoslávia encostado nos franceses por apenas um ponto.

 A França tinha que ganhar da Albânia para continuar isolada na liderança. Outro empate poderia deixar a Bósnia ultrapassar os franceses na classificação e jogá-los para a repescagem, caso vencessem o jogo deles. A França fez sua parte: em Paris, já em Outubro de 2011, fez um fácil 3x0 com gols de Malouda, Remy e Reveillere. A Bósnia também: enfiou 5x0 em Luxemburgo na partida disputada em Sarajevo. Os dois se enfrentariam na próxima e última rodada, decidindo diretamente a classificação. As outras seleções do grupo já não tinham mais chances de classificarem-se.

A Bósnia chegou a Paris realmente mostrando que queria classificar-se sem encarar a repescagem. O atacante do Manchester City, Edin Dzeko, abriu o placar aos 40 minutos da primeira etapa, remetendo os franceses a episódios recentes nada agradáveis, como a eliminação precoce na Copa do Mundo de 2010 e até mesmo outros capítulos anteriores de fracassos em casa, como na derrota para a Bulgária nas eliminatórias da Copa de 1994. O pânico continuou até os 33 minutos do 2o tempo, quando a França teve um pênalti a seu favor. Samir Nasri, parceiro de Dzeko no City, empatou o jogo. O resultado era favorável aos franceses. E mesmo com o medo de surgir um novo Ginola que entregasse a bola do jogo no último minuto, acabaria tudo igual: 1x1 e França classificada para tentar o Tricampeonato Europeu.


A Bósnia foi para a repescagem, mas não conseguiu deter Portugal e Cristiano Ronaldo. Segurou um empate sem gols em casa, mas levou um massacre de 6x2 em Lisboa, com dois gols do consagrado camisa 7. Apesar da eliminação, os bósnios que fizeram uma surpreendente campanha conseguiriam vir para o Brasil, mas essa seria outra história...

As primeiras camisas da Nike para a França tiveram vida curta. Já no início de 2012, a branca foi substituida por outra, também bastante elegante. A titular azul foi substituída por um interessante modelo, que usava detalhes dourados, porém possuía pouquíssimos detalhes vermelhos. O calção e as meias desse novo kit titular eram azuis também, o que gerou críticas imensas, já que a França tradicionalmente usa o calção branco e as meias vermelhas, formando as 3 cores da bandeira no conjunto. Mas o uniforme era belo. Tão belo que veio parar aqui na Mantoteca também, ó:


A França fracassaria na sua tentativa de tricampeonato em 2012 (a Espanha é que conseguiria o feito). O resto da história já é mais atual: suou nas eliminatórias para o Brasil, classificando-se nos playoffs contra a Ucrânia, mostrando que ainda é uma seleção limitada, apesar de sua tradição. Mas na Copa do Mundo nunca se sabe.

Até a próxima!

terça-feira, 6 de maio de 2014

[BOMBA] - Vazou a camisa rubro-negra 2014 do Flamengo

Meu blog, como já disse, não é voltado para a antecipação de camisetas (já existem excelentes sites como o Minhas Camisas, o Footyheadlines e o Todo Sobre Camisetas que cumprem bem esse trabalho), mas parece que a camisa vazou da fonte mais inesperada possivel (ela será lançada por volta de 15 de Maio, ainda daqui 1 semana). Um fã foi tirar foto com o jogador italiano Riccardo Montolivo com a camisa do Flamengo, porém já é o uniforme que ainda está para ser lançado!


Assim como o uniforme que vazou no fim do ano passado e foi publicado aqui, ele usa o template Adidas Condivo 14 (mesmo da camisa branca lançada em Fevereiro), com alterações nas 3 listras nos ombros (de douradas passaram para vermelho), no logo da empresa e no CRF (de dourado para branco) e nas barras laterais da camisa (eram vermelhas e agora ficaram pretas). O patrocínio da "Caixa" ganhou um contorno negro (assim como na camisa nova do Atl. Paranaense), lembrando que na camisa de jogo provavelmente teremos o "X" da caixa no ombro direito, os "Guaravitas" nas mangas, embaixo das listras e o patrocínio da Peugeot atrás.. Como flamenguista, gostei muito do resultado, e estou aliviado, pois já comprei a camisa na pré-venda sem saber quais mudanças seriam feitas.

Abaixo, fotos do modelo proposto inicialmente.



É isso aí rapaziada, trabalho não tá deixando eu atualizar muito o blog, mas o farei na medida do possível! Obrigado!

segunda-feira, 7 de abril de 2014

[Série Copa do Mundo 2014] Suíça 2004-05 - Eterno ferrolho.

Depois de interrupções (só para variar), volto com a Série Copa. Agora, com a cabeça-de-chave do Grupo E, a Suíça!


A camisa que tenho aqui é uma das imensas exceções da minha coleção. É uma camisa tamanho P, ou seja, não posso vesti-la. Mas tenho um excelente motivo para guardá-la: foi um presente de uma amiga que mora em Zurique.


O dia em que ganhei essa camisa também foi muito especial para os suíços. Afinal, foi no dia em que a seleção do país deles ganhou o direito de disputar a Copa do Mundo no Brasil, após vencer a Albânia em Tirana. Assisti ao jogo com a amiga citada acima, ela ficou tão emocionada com a classificação de seu país para a Copa que até chorou emocionada. E não foi só ela, a reação dos suíços em geral era de euforia. Tanto que na minha coleção, que não se restringe só a camisas, está o principal jornal do país no dia seguinte ao do jogo: parecia que os suíços nem precisavam ganhar a Copa, pois a classificação para o certame já era como um título.  Segue a foto da capa do jornal:


Mas creio que o motivo principal de ter recebido essa camisa não foi pelo fato da eufórica comemoração da classificação para a Copa. Talvez por um detalhe na parte de trás, que justifique tudo. Minha amiga é torcedora fanática do Grasshoppers, e a camisa que ganhei tem o nome e número do zagueiro Ludovic Magnin, que encerrou sua carreira em 2012 vestindo justamente a camisa do arquirrival dos "Gafanhotos", o FC Zurich. Conseguiu matar dois coelhos com uma cajadada só: livrou-se da camisa de um ex-jogador do time rival e ainda deu um presente para o amigo guardar na sua coleção. E continuará guardado, mesmo sem poder usá-la. Presente é presente. Ainda mais se é mais camisa pro acervo.



Sobre a camisa, ela é de 2004, ano da Eurocopa que foi disputada em Portugal. Nomes como os dos atacantes Frei e Chapuisat, do próprio Magnin (que usou a 14 no torneio), além de outros jogadores como os irmãos Yakin, Gygax, Barnetta e Vonlanthen eram nomes conhecidos daquela seleção treinada pelo Köbi Kuhn, que era treinador dos suíços desde 2001. A Suíça classificou-se como líder no seu grupo das eliminatórias, num grupo que contava com a Rússia, Irlanda, Albânia e Geórgia. Lembrando que a Suíça não conseguiu classificar-se para a Copa do Mundo de 2002, feito que russos e irlandeses conseguiram.

O grupo em que os suíços caíram na fase final da Euro era bem mais difícil. Afinal, já contava com duas pedreiras: França e Inglaterra. Além da Croácia, que mesmo já não sendo aquela de 8 anos atrás, ainda era temida. O primeiro duelo seria contra os croatas na cidade de Leiria, que vinham com jogadores como os atacantes Olic e Prso. Mesmo assim, a Suíça honrou sua tradição de jogo recuado e assim ficou: um modorrento 0x0 onde a maior "emoção" foi a expulsão do meia suíço Vogel.

Site da foto: http://www.santabanta.com/gallery/sports/euro-2004/switzerland%60s-christoph-spycher-is-tackled-by-croa/6996/

Já na cidade universitária de Coimbra, no dia 17 de Junho, a Suíça não conseguiu segurar a Inglaterra. Wayne Rooney, na época com 18 anos, abriu o placar aos 23 do 1o tempo. Demoraria, mas o próprio Rooney faria o seu segundo na partida aos 30 do 2o tempo. Steven Gerrard deu números finais ao jogo no minuto 37: 3x0. O ferrolho foi desfeito com facilidade pelos ingleses. No vídeo abaixo, pode-se conferir os 2 gols que o jovem Rooney (que ainda jogava no Everton!) fez naquele jogo.


Mesmo com a derrota, a Suíça ainda tinha chances de se qualificar no último jogo. O empate entre Inglaterra e França na 1a rodada e entre França e Croácia na 2a rodada deixava os suíços necessitando de uma improvável vitória contra os franceses para conseguir avançar até o mata-mata. Mas será que vencer um time com jogadores como Thuram, Lizarazu, Makélélé, Vieira, Trezeguet, Henry e o craque Zidane seria possível com a aparente estratégia eterna da Suíça de jogar na retranca? O próprio camisa 10 francês deu a resposta aos 20 do 1o tempo, em Coimbra, abrindo o placar naquele dia 21 de Junho. Mas o atacante Vonlanthen empatou seis minutos depois e deixou tudo em aberto. Mesmo com uma boa linha de frente, a França não conseguia penetrar mais na retranca suíça. Mas a estrela de Thierry Henry, que vivia uma fase magnífica no Arsenal (havia acabado de ser campeão invicto com os ingleses na Premier League), brilhou mais alto. Fez o gol de desempate aos 31 e o 3o gol aos 39 do 2o tempo, classificando os franceses e eliminando os suíços daquela Euro.

Foto: Getty Images

Por ironia do destino, outra seleção que se apoiava na retranca acabaria ganhando aquele torneio: a Grécia, mas essa é outra história. O que importava é que naquele ano de 2004, além da dura eliminação, fazia  10 anos que a Suíça não frequentava uma Copa do Mundo. E naquele ano ainda começariam as eliminatórias para a Copa de 2006, na vizinha Alemanha. Era hora de voltar para o Mundial. E não seria fácil, já que a mesma França responsável pela eliminação do time na Euro seria um dos adversários do grupo eliminatório. A Irlanda, buscando ir para mais uma Copa consecutiva, também queria o seu lugar ao sol. Israel, Chipre e  Ilhas Faroe ficariam só assistindo, provavelmente.

A Suíça, no dia 9 de Setembro, ganhou três pontos de presente. Mesmo na retranca, era absolutamente loucura pensar que a fraca seleção das Ilhas Faroe conseguiria tirar ponto no jogo que ocorreria na Basiléia. E o resultado foi exatamente o esperado: 6x0 para a Suíça, com dois "hat-tricks", um de Vonlanthen e outro de Alexandre Rey.

O jogo seguinte, 4 dias depois, também na Basiléia, era mais complicado. A Irlanda também é uma adepta da retranca, resumindo, o prognóstico mais óbvio era o empate. Até que o gol saiu cedo, com Morrison abrindo o placar para os visitantes, aos 8 da etapa inicial. Nove minutos depois, Hakan Yakin empatou. E não saiu disso. Quem apostou no empate, se deu bem: 1x1.

Um mês depois, era hora de embarcar até o Oriente Médio e encarar Israel na Terra Santa. O roteiro do jogo contra a Irlanda parecia se repetir: o meia Benayoun (antes de ir para o futebol inglês) abriu o placar no comecinho, aos 9 minutos. Frei empatou aos 26 daquela etapa, mas Vonlanthen viraria o jogo oito minutos depois. Os suíços terminaram o primeiro tempo em vantagem, mas logo quando o segundo tempo começou, aos 3 minutos, Benayoun fez o seu segundo no jogo. E quando parecia que o jogo esquentaria de vez, o segundo tempo passou daquele jeito até acabar. Mais um empate, dessa vez em 2x2.

A Suíça faria o seu próximo jogo apenas em Março de 2005. Mas seria "o jogo". Afinal, de todos os confrontos previstos, era evidente que enfrentar a França no Stade de France não era tarefa nada fácil. Apesar da imensa expectativa, o jogo foi muito fraco, mas a Suíça conseguiu sair com um ponto do país vizinho: o 0x0 só foi feio para quem assistiu.

Ainda no fim daquele mês de Março, a Suíça voltava a jogar em casa. Vencer o Chipre em Zurique era importante, até para quebrar a sequência de 3 jogos sem vencer (embora ainda estivessem invictos nas Eliminatórias). Já no apagar das luzes, Alexander Frei fez o seu gol aos 42 do 2o tempo, e fez enfim a Suíça conquistar sua segunda vitória no torneio.

Em Junho de 2005, a Suíça voltava em campo de novo. Dessa vez foi até as Ilhas Faroe começar o returno. Wicky abriu o placar aos 25 da 1a etapa, mas Jacobsen empatou aos 25 do 2o tempo. Mesmo fora de casa, mesmo com seu estilo de jogo defensivo, era inadmissível perder ponto para um dos mais notórios saco-de-pancadas da Europa. E Frei novamente foi decisivo: dois minutos depois do empate, ele desempatou a partida e ainda fechou a conta marcando aos 39. Terceira vitória dos suíços.

Em Setembro, os israelitas desembarcavam na Basiléia. A Seleção de Israel estava firme na briga para a classificação, ao contrário do que se pensava. Era ameaça inclusive aos franceses e irlandeses. A Suíça parecia ter entrado no caminho das vitórias, com o gol de Frei logo aos 6 minutos de jogo, após um lance muito esquisito. Mas ainda no primeiro tempo, Keisi empatou. Ao contrário do jogo de ida, não houve maior tentativa de reação. Os dois times terminaram empatados, invictos nas Eliminatórias e firmes na briga para a classificação.

O Chipre também era candidato a apanhar muito nas eliminatórias, mas costuma fazer um jogo mais duro quando joga na sua ilha. Dias depois do empate com Israel, os suíços abriam o placar em Nicósia com Frei, aos 15 minutos do 1o tempo. Mas o cipriota Aloneftis logo empatou, aos 35 daquele tempo. Já era o 3o jogo seguido que a Suíça abria o placar e levava o empate logo em seguida. Por falar no placar, esse ficou inalterado até os 26 da etapa final, quando Senderos desempatou para a Suíça. E Gygax fez mais um, aos 39, repetindo o placar da vitória contra as Ilhas Faroe e deixando a seleção ainda brigando firme para a vaga direta na Copa.

Em Outubro, era hora do returno contra a França. Se o empate em Paris foi possível, uma vitória em Berna seria totalmente cogitável. O primeiro tempo terminou 0x0. Mas Djibril Cissé logo abriu o placar aos 8 da segunda etapa, o que já deixava a França com as duas mãos na liderança do grupo e a vaga direta. Isso se o sujeito que estampa o nome na camisa que está na Mantoteca, Magnin, não fizesse o gol de empate aos 35. E terminaria assim. Tudo se resolveria na última rodada, Israel já estava eliminada após essa rodada, deixando Suíça, França e Irlanda brigando para ver quem carimbaria o passaporte para a Alemanha, quem pegaria a repescagem e quem assistiria a Copa na TV.

Dublin, 12 de Outubro de 2005. Ali a Suíça poderia voltar a frequentar uma Copa depois de 12 anos. A Irlanda poderia classificar-se novamente e tentar surpreender, como fizera em 2002, quando foi barrada pela Espanha apenas nos pênaltis nas oitavas de final. Mas nem a vitória seria suficiente para garantir um dos dois. O adversário da França era o Chipre, a vitória francesa faria os azuis terminarem com 20 pontos, que é o máximo que a Suíça poderia fazer, se vencer a Irlanda. O desempate seria no saldo de gols. Os irlandeses estavam em situação mais crítica. Chegariam a 19 pontos se vencessem, mas jogariam a repescagem com vitória da França.

Mesmo com a imensa pressão para uma vitória, a Irlanda não furou a retranca suíça. O jogo terminou 0x0. A França goleou o Chipre por 4x0 e garantiu a liderança, com 20 pontos. A Irlanda, com 17, foi eliminada da Copa. E a Suíça, com 18 pontos, garantiu a vaga na repescagem por ter um saldo de gols maior do que Israel, que também tinha 18 pontos (+11 contra +5). Mesmo com a campanha invicta, a Suíça passou perto de cair fora. E agora ainda tinham os dois jogos da repescagem.

Talvez a tarefa final da Suíça fosse mais difícil do que toda a fase de grupos das Eliminatórias: jogar contra a Turquia, que foi o 3o lugar da última Copa, decidindo fora de casa. Os inúmeros empates não poderiam ocorrer de hipótese nenhuma naquele primeiro jogo, em Berna. E no dia 12 de Novembro, Senderos aliviou o povo suíço marcando aos 41 da primeira etapa. A Turquia, ofensiva, não conseguia passar da forte defesa suíça. E para tranquilizar mais ainda, Behrami ampliou, também aos 41, só que do segundo tempo. Vitória muito boa da Suíça, que poderia perder por um gol em Istambul e ainda tinha a vantagem do gol fora de casa.


O Estádio Sukru Saracoglu, casa do Fenerbahçe, é um caldeirão. Estava lotado de torcedores turcos naquele dia 16 de Novembro. A missão de reverter o resultado da Suíça era muito difícil, já que essa era uma seleção que costumava levar poucos gols (só Israel conseguiu a proeza nas Eliminatórias, e mesmo assim, o jogo terminou empatado). A situação ficou ainda mais feia quando Frei fez um dos seus típicos gols no início do jogo, logo aos 3 minutos, de pênalti. Mas empurrada pela sua fanática torcida, a Turquia partiu para cima. Aos 22, o atacante Tuncay, que atuava justamente no Fener, dono do estádio, empatou. A torcida turca foi ao delírio quando o mesmo Tuncay virou o jogo aos 36. Mas ainda não era o bastante.

No segundo tempo, a Turquia continuava atacando quando sofreu um pênalti. Necati cobrou e marcou o terceiro, aos 8 do 2o tempo. Primeira vez que a Suíça levava três gols numa partida oficial desde o jogo contra a Inglaterra na última Euro. E realmente parecia que os turcos conseguiriam o resultado. Porém, quando a Turquia estava melhor no jogo, os suíços acharam um contra-ataque após falha do time turco, e Streller não perdoou. Aos 39 do 2o tempo, a Suíça fazia o seu segundo gol e de acordo com o critério dos gols qualificados, estava classificada. Aos 44, a Turquia ainda conseguiu fazer um gol legítimo, terceiro gol de Tuncay, o que mudaria novamente a história do jogo, mas um impedimento inexistente assinalado anulou o tento. E embora tenham tentado fazer mais um gol de qualquer maneira, o tempo acabou. A Turquia estava eliminada. A Suíça voltava para a Copa depois de 12 anos!

Indignados com o resultado, os turcos começaram uma briga generalizada no gramado, partindo para cima da arbitragem e dos suíços, por contestarem o pênalti que resultou no gol visitante e pelo gol mal anulado no fim do jogo que daria a vaga ao time local. Desde a hora da execução dos hinos, a tensão já era evidente: uma vaia gigantesca na hora do hino suíço e um coro impressionante cantando junto aos jogadores a intimidadora "Marcha da Independência", o hino turco. Abaixo, vídeos da confusão no jogo e da execução dos hinos



Após conseguir a vaga na difícil batalha de Istambul, a Suíça estava novamente na Copa. E era hora de aposentar o uniforme que a Puma criou para aqueles dois anos. A marca alemã fornece os uniformes da Suíça desde 1998, e fornecerá os uniformes que o time do país dos canivetes e relógios usará aqui. Ao contrário daquele time de quase 10 anos atrás, a Suíça tornou-se mais ofensiva, principalmente por causa de alguns jogadores naturalizados oriundos da ex-Iugoslávia, como o kosovar Xherdan Shaqiri, do Bayern de Munique. Será que o lugar-comum do "ferrolho suíço" terá seu fim no Brasil?

quarta-feira, 26 de março de 2014

[POST DE HONRA] Bayern de Munique 1991-93 - Tempo de crise

Pois é. Só no título desse post poderemos ver as palavras "Bayern de Munique" e "crise" na mesma frase. A situação atual é o extremo oposto. Eu, que costumo fazer posts de honra aos times campeões cujas camisas estão aqui na Mantoteca, terei que fazer o 3o sobre o Bayern em menos de 1 ano de existência desse blog (isso pq a Tríplice Coroa de 2012/13 foi antes, senão teríamos mais!). E não é que o time da maravilhosa cidade de Munique resolve ganhar a Bundesliga de forma histórica e acachapante, ainda em Março e com 7 rodadas de antecedência?

O pessoal que acompanha a Mantoteca sabe que só faço posts das camisas que possuo ou já possuí (salvo algumas exceções, como no último post sobre o basquete do Flamengo ou quando vazaram as fotos das camisas de Flamengo e Palmeiras para 2014). Nesse caso, não é diferente. Ainda tenho bastante camisa do Bayern aqui no estoque para contar histórias. Então, pego a peça mais antiga que tenho do clube alemão: a camisa titular de 1991.


Como morei na Alemanha por 7 meses, essa camisa foi um dos achados que pude encontrar lá nos famosos "Flohmarkts" (mercados de pulga). Embora não tenha o meu tamanho (ela é P), comprei para vender, trocar ou senão até guardar como relíquia, embora não goste de pegar camisa só para guardar (a não ser que seja presente).

A Opel, braço europeu da General Motors sediada em Rüsselsheim, cidade ao lado de Frankfurt, patrocinou o Bayern de 1989 até 2002, quando foi substituída pela Deutsche Telekom, que dura até hoje. Essa era a terceira temporada da montadora estampando seu famoso logotipo (que apareceria também nas placas de publicidade de algumas Copas do Mundo dos anos 80 e 90) na camisa do Bayern. Mas um logotipo em especial chama mais ainda a atenção.


Hoje, o logotipo triangular da Adidas é onipresente nas camisas de todos os clubes em que a marca alemã fornece. Mas na época ele estava surgindo para o mundo. Originalmente, o logo triangular era somente utilizado em materiais especiais da marca, como algumas camisas de futebol. O logo original, o famoso "Trefoil", era ainda muito usado, até mesmo em outros uniformes da marca.  Só a partir de 1998, o logotipo triangular da Adidas viraria padrão em todas as indumentárias esportivas, deixando o "Trefoil" apenas para os materiais casuais e retrôs (a célebre linha "Originals" que conhecemos hoje).


Durante a 2a metade dos anos 70 até o início dos anos 90, as camisas titulares do Bayern eram predominantemente vermelhas e brancas. Pois foi com essa camisa, de 1991, que mudanças mais drásticas começaram a ocorrer de novo na camisa titular do Bayern (mais informações sobre as mudanças constantes no uniforme bávaro aqui neste post de Setembro do ano passado). As 3 listras da Adidas foram aplicadas de forma inédita, subindo e descendo o ombro esquerdo, e destacando bastante a cor azul. Times da fornecedora alemã naquela época, como o Liverpool e o Olympique de Marselha, também usaram o mesmo template

A Bundesliga de 1991 seria especial. Era a primeira vez em que os times da antiga Alemanha Oriental entravam na competição, no caso Hansa Rostock e Dynamo Dresden, por terem sido campeão e vice, respectivamente, do último campeonato da antiga parte socialista alemã. Por isso, a Bundesliga foi inchada (passou de 18 para 20 times), e para tornar o campeonato com o número original de participantes em 1992, o rebaixamento seria de 4 times.

No ano anterior, o Bayern havia sido vice-campeão, ficando apenas 3 pontos distante do campeão Kaiserslautern. Mas o time daquela temporada fez um desempenho assustador, terminando o campeonato bem longe da briga pelo título e ficando apenas 5 pontos da 17a colocação, a primeira posição do Z4. O 10o lugar deixou o time fora até da Copa UEFA da temporada seguinte.

Dentre alguns resultados negativos daquele time, pode-se falar das derrotas em casa para o Borussia Dortmund (0x3) e uma impiedosa goleada para o Stuttgarter Kickers (1x4), além dos revezes externos novamente para o Dortmund (3x0 de novo), goleada para o Kaiserslautern (4x0) e Karlsruhe (3x0). 13 vitórias, 10 empates e 15 derrotas. O atacante Wohlfarth, que foi um dos jogadores mais famosos do Bayern da 2a metade dos anos 80, fez 17 gols e foi o 3o maior artilheiro do torneio. Apesar da campanha ruim, o Bayern teve a maior vitória fora de casa: fez 5x0 no Bochum.

Como no ano anterior o time de Munique foi vice, teve direito naquela temporada de disputar a Copa UEFA. Empatou com o modesto Cork City, da Irlanda, por 1x1, na primeira rodada (gol de Effenberg, ainda na sua primeira passagem pelo Bayern). Na volta, fez 2x0 com dificuldades, gols de Labbadia aos 26 do 2o tempo e de Ziege, fechando o resultado aos 44 minutos. Abaixo, vídeos das 2 partidas.




Na segunda fase ocorreria um dos maiores vexames da história do FC Bayern. Em Copenhague, o time enfrentou o Boldklubben 1903 (também conhecido como "B 1903"). O que era para ser um jogo fácil, mesmo fora de casa, transformou-se num pesadelo. Mazinho (não o pai do Rafinha e Thiago Alcântara, mas o meia-atacante que jogou no Santos, Bragantino e Flamengo) fez o 1o gol aos 32 minutos, abrindo o placar para o Bayern. 5 minutos depois, Manniche (que foi inspiração para o apelido do meia português Maniche) fez o seu, levando o empate para o intervalo. Demorou 12 minutos para o placar mudar novamente: Nielsen virou o jogo. 5 minutos depois, Wegner fez mais um para os dinamarqueses, e apenas 3 minutos depois, o Bayern cometeu pênalti. Manniche fazia o seu 2o gol no jogo e o 4o do B 1903. Com uma atuação patética da zaga do Bayern, Kaus e Uldbjerg ainda abririam 6x1. Münch ainda fez um gol nos acréscimos para tentar deixar o vexame menos feio, já era tarde: 15 anos depois de ser Tricampeão Europeu, o Bayern era humilhado para um time de pouca expressão em seu país. Aqui você pode ver o vídeo do jogo. 

Para passar de fase, o Bayern precisava ganhar de 4 gols de diferença, no mínimo, em Munique. E o primeiro gol só foi sair apenas aos 44 do 2o tempo. Mazinho fez o gol que não adiantaria em nada. Depois, mais nada aconteceu. O placar terminou 1x0 e eliminação do time alemão da Copa UEFA. O B 1903 ainda tiraria o Trabzonspor da Turquia na fase seguinte e não resistiria ao Torino da Itália, que tinha Casagrande, nas quartas-de-final, perdendo os dois jogos. Depois disso, o time dinamarquês fundiu-se com o KB, também de Copenhague, e os dois formaram um novo clube na temporada seguinte: o FC Copenhagen, atualmente o time de maior sucesso na Dinamarca. 

Vexame na Copa UEFA, vexame na Pokal, a Copa da Alemanha. Logo na estreia, depois de empatar em tempo normal por 2x2 no Olympiastadion com o Homburg, time da Segunda Divisão Alemã da época, acabaria sendo eliminado por mais dois gols dos visitantes na prorrogação. Definitivamente, a temporada 1991-92 foi uma das piores do Bayern, talvez tão ruim quanto os tempos pré-Bundesliga, onde o time ficou bastante tempo sem vencer. 

Mesmo com os vexames de 1991/92, a camisa foi utilizada na temporada 92/93, onde depois de muito tempo, o Bayern ficaria fora de uma competição internacional, já que não pegou classificação nem para a Copa UEFA. E o time voltaria a mostrar naquele ano que a temporada anterior foi incidente de percurso, voltando a brigar na ponta da Bundesliga, como de costume. Mas, por apenas 1 ponto, o time perdeu a chance de levantar a Salva de Prata, que ficaria com o Werder Bremen naquele ano. Os bávaros, por sinal, não conseguiram bater o time do norte alemão nos dois jogos: perdeu em Munique por 3x0 e levou outra surra em Bremen por 4x1. 

Na Copa da Alemanha, a outra chance de título, o Bayern massacrou o pequeno Borussia Neunkirchen por 6x0. Na segunda rodada, recebeu o rival Borussia Dortmund, com a vantagem de jogar em Munique. Como na eliminação da Copa anterior, o jogo teve que ser estendido até a prorrogação, mas dessa vez terminou 2x2 até no tempo extra. Mas, para marcar aquela era de fracassos, o time acabou sendo eliminado pelo Dortmund nos pênaltis, 5x4. Confira o vídeo dos penais. 

Para a temporada 1993/94, a Adidas fez algumas alterações no desenho, acrescentando mais detalhes azuis na camisa e aposentando o modelo anterior, que foi uma das raras camisas do Bayern dessas últimas décadas que não viu um título sequer. E se havia mesmo "azar" por parte da camisa, talvez os defensores dessa tese possam se apoiar no fato de o Bayern ter voltado a ser Campeão Alemão com a camisa nova.

Já que hoje a situação do Bayern é tão oposta, é até estranho constatar o que foi escrito aqui. Mas é tudo verdade. Não existe time imbatível que viva em boa fase para sempre. O Bayern de 91 à 93 foi um exemplo claro, não conseguiu nada, depois de ter passado 8 anos pelo menos conquistando um torneio importante (em 82/83 o Bayern também não ganhou nada). 

Acaba por aqui mais um Post de Honra, mais um falando do Bayern. E volto o foco para a Série Copa do Mundo. Já vou até deixando as dicas da próxima seleção da Série: é conhecida pelo jogo retrancado, seu país já foi sede de Copa do Mundo e possui muitos jogadores originários de Kosovo em seu atual elenco. Ficou fácil né? Então até lá!




sábado, 22 de março de 2014

[POST DE HONRA] Flamengo Campeão da Liga das Américas de Basquete.

Sei muito bem que criei este blog para falar de camisas de futebol (apesar de ter uma camisa da comissão técnica do Unilever Rio, time feminino de vôlei - um presente que em outro dia conto a história). Mas hoje abro uma exceção para homenagear o time de basquete do Flamengo, que sagrou-se campeão das Américas há poucas horas. Mas como o foco continua sendo o futebol, vou encaixá-lo no meio do assunto. Como? Falando das diferenças entre os uniformes de futebol do Flamengo e os da equipe de basquete.

(fonte da foto: http://ninhodanacao.blogspot.com.br/2014/03/liga-das-americas-de-basquete-2014.html)

O uniforme de basquete do Fla, além da óbvia diferença das mangas (bem que Camarões tentou implementar a camisa regata no futebol, mas a FIFA só para variar vetou...), tem as listras mais largas que na camisa do futebol, além das golas e ombros brancos, das 3 listras gigantes da Adidas nas laterais e as costas, onde a cor é totalmente preta com a numeração em vermelho.

(fonte: http://esportes.opovo.com.br/app/esportes/clubes/flamengo/2014/01/06/noticiasflamengo,2694367/em-busca-do-tri-na-nbb-basquete-do-fla-faz-seu-primeiro-jogo-em-2014.shtml)

A camisa 2 já é mais diferente ainda do que o uniforme que a Adidas fez para o futebol. Fontes internas do Flamengo afirmam que a nova camisa 2 do futebol seria num estilo parecido, com o predomínio do vermelho, mas o Conselho reclamou e fez com que acrescentassem a cor preta junto ao vermelho, e o resultado já pode ser visto desde o final de fevereiro, quando o Fla lançou a nova camisa branca. Mas a camisa branca do basquete ainda é a mesma de quando a marca alemã voltou para o time. E nela é bem visível que há mais detalhes em vermelho do que em preto (que só aparece nos ombros e na gola)

Na época da Olympikus, as camisas de basquete já seguiam um padrão mais similar ao das camisas do futebol. Tanto a camisa titular quanto a reserva eram praticamente a indumentária do futebol sem as mangas. Observem as fotos da minha camisa de 2012 do futebol e comparem com a de basquete, poucos detalhes foram alterados.



 (Sou só eu que acho estranho o Flamengo usar a estrela do Mundial de Clubes de Futebol na camisa de basquete?)

Em 2011, 2010 e 2009, outros anos em que a Olympikus esteve com o Flamengo, o procedimento era o mesmo. A camisa do basquete era sempre muito similar a camisa do futebol. Na época da Nike também foi bastante comum usarem camisas parecidas com a dos campos, com exceção de algumas temporadas, como em 2008, quando o futebol veio com a famigerada "Freddy Krueger", de listras finas. O basquete continuou usando a camisa de listras largas, baseada na camisa de 2007.


(fonte da imagem: http://flamengodecoracaoeusou.blogspot.com.br/2009/11/basquetebol_23.html)

Na época da Umbro, as camisas também eram bem parecidas com as do futebol, como essa branca de 1996. E na primeira passagem da Adidas, também poucas mudanças em relação ao uniforme usado nos gramados.

Camisas de basquete nunca me atraíram muito, por não ser um tipo de camisa que se use muito na rua (já disse aqui que gosto de usar as peças da minha coleção). A homenagem se encerra aqui. Agora voltamos à programação normal com a Série Copa do Mundo 2014. Nesse mesmo Mantocanal, no mesmo Mantohorário, talvez.

terça-feira, 11 de março de 2014

[Série Copa do Mundo 2014] Itália 1986-1990 - Buscando um sonho real como em 1982

Como disse no tópico anterior, "pularia" algumas seleções por infelizmente ainda não ter camisa delas na coleção. Logo, todas as seleções do Grupo C e 3 seleções do Grupo D foram cortadas. Pois é, não tenho camisas da Inglaterra, do Uruguai e da Costa Rica aqui na Mantoteca (embora esteja correndo atrás da vermelha da Inglaterra de 150 anos e da camisa usada pela Celeste Olímpica na Copa das Confederações 2013). Mas tenho duas da Itália, que foram apresentadas aqui mesmo na Mantoteca no Guia de Compras que fiz sobre o país da bota. E escolhi a belíssima camisa usada pela Squadra Azzurra durante quatro longos anos, de 1986 até 1990.


Essa foi a primeira camisa feita pela Diadora para a seleção de seu país. Após usar a marca francesa Le Coq Sportif na campanha inesquecível de 1982 e no fracasso na Euro 1984, a Diadora assumiu a responsabilidade de fornecer os uniformes da Azzurra. Como de costume, a marca do fornecedor na camisa só aparecia em alguns modelos de loja (costume mantido pela Itália até 2000, quando o símbolo da Kappa apareceu nas mangas do também histórico uniforme daquele ano). Mas a principal mudança foi no desenho do escudo, que foi totalmente modificado e arredondado. As três estrelas das Copas conquistadas foram colocadas dentro do escudo novo. Uma nova alteração seria feita em 1991, quando a Itália remodelou seu escudo para um novo desenho bem mais estranho que duraria até 1999, quando a Kappa retornaria com o escudo clássico (em 2006 o escudo sofreria outra mudança, respeitando o formato original, mas com algumas inovações no desenho. Esse distintivo é usado até hoje). A Diadora ficaria até 1995 com a Itália, dando lugar à Nike, que forneceria até 99, quando a Kappa chegou. Desde 2004, a Itália tem seus uniformes feitos pela alemã Puma.



No caso da minha camisa, o símbolo da Diadora aparece apenas na etiqueta de dentro, como nas camisas de jogo (embora essa seja modelo de loja). Bem simples, como eram as camisas da Itália até 91, quando a marca já aderiu a onda daquela época de aplicar inúmeras marcas d'água geométricas por todo o uniforme. Bom, está na hora de contar a história dos homens que usaram esse uniforme nos gramados.

Sobre 1982, acho que só basta citar palavras-chave como "Melhor Seleção Brasileira dos Últimos 40 Anos", "Zico", "Telê Santana" até passar para outras como "Paolo Rossi". Pois é, essa história de 82 já foi contada e recontada inúmeras vezes, vamos passá-la. A mesma Seleção Italiana que surpreendeu o mundo foi um fiasco ao tentar se classificar para a Euro 1984, ficando atrás da Romênia, Suécia e Tchecoslováquia no grupo eliminatório. Como foi campeã da Copa do Mundo, não precisou disputar as Eliminatórias (regra que valeu até 2002, quando até os campeões do Mundo tiveram que entrar nas disputas continentais pela vaga no Mundial).

O grupo da Itália na Copa de 86 era mediano. A Argentina de Maradona, depois de ter sido eliminada junto com o Brasil em 1982 para a Itália na 2a fase da Copa de 82, estava novamente perante os italianos. O resto não assustava. A Bulgária nunca sequer havia vencido um jogo de Copa e a Coreia do Sul era cogitado como o maior saco de pancadas. Numa época onde até os quatro melhores terceiros colocados de cada grupo se classificavam para o mata-mata, o risco de a Itália ir pra casa mais cedo, mesmo com a tradição italiana de suar para passar da fase de grupos, era ínfimo.

A Itália contava com inúmeros jogadores de 82, como o zagueiro Scirea, o lateral-esquerdo Cabrini, o atacante Altobelli, além do comando de Enzo Bearzot. Paolo Rossi acabou sendo cortado do time por causa de uma lesão. E assim, os italianos estreariam contra a Bulgária, abrindo a Copa no dia 31 de Maio de 1986, no gigantesco Estádio Asteca. Como na maioria dos jogos de abertura das Copas, foi decepcionante: Altobelli chegou a abrir 1x0 no fim do 1o tempo, mas Sirakov empataria para os búlgaros no final do jogo.


O segundo jogo, dia 5 de Junho, na cidade de Puebla, seria contra os temidos argentinos. Os "hermanos" haviam vencido a Coreia por 3x1 na 1a rodada e eram líderes do grupo. E como no primeiro jogo, Altobelli abriu o placar de pênalti, aos 6 do 1o tempo, mas aquele que seria o nome daquela Copa, Diego Armando Maradona, faria o gol de empate, ainda na primeira etapa. Mas "El Pibe" não conseguiu mais fazer nada contra os italianos. E o jogo terminou 1x1 novamente para a Itália.


O terceiro e último jogo da fase de grupos seria contra a fraca Coreia do Sul. A Itália não tinha uma memória boa em relação as Coreias. 20 anos antes, a Coreia do Norte (ela mesma!) impôs uma das maiores zebras futebolísticas da História das Copas ao vencer os italianos por 1x0 na Inglaterra. Então, todo cuidado seria pouco. Novamente, Altobelli inaugurou o marcador naquele dia, aos 17 do primeiro tempo. Mas aquele dia 10 de Junho mostraria ao mundo novamente a velha tradição italiana de sempre passar dificuldades nas fases de grupo. A Coreia empatou aos 17 do segundo tempo. Altobelli desempataria 11 minutos depois e outro sul-coreano aumentaria a fatura marcando contra. Parecia fácil? A Coreia marcaria um gol a favor no minuto seguinte. E os italianos só acreditariam naquela primeira vitória no torneio quando o juiz apitou o final da partida. A Argentina venceria a Bulgária por 2x0 e classificaria-se em primeiro e a Itália, com a vitória na rodada final, foi para a fase de mata-mata como 2a melhor de seu grupo. No final, até a fraca Bulgária com míseros 2 pontos conseguiria sua vaga na fase eliminatória por ter sido uma das melhores seleções na 3a colocação.


A Itália enfrentaria um adversário forte logo nas oitavas: a França de Michel Platini, que ostentava o título de melhor seleção da Europa naquela época, afinal, era a Campeã da Euro 1984. E o atual presidente da UEFA e ídolo da italiana Juventus foi quem inaugurou o placar naquele dia, aos 15 minutos. Jogando no Estádio do Pumas UNAM, na Cidade do México, a Itália não conseguiu segurar os vizinhos franceses. Stopyra, atacante francês, ampliou o placar no segundo tempo. Os italianos davam adeus à chance de conquistar o Tetra e ser a seleção mais vitoriosa de todas. A França? Também tiraria a mesma esperança do Brasil na fase seguinte e seria parada pela Alemanha Ocidental na semifinal, como em 1982. Mal sabiam os franceses que 20 anos depois teriam o troco dado pelos italianos, mas essa é outra história.


A Copa de 1990 seria muito especial. Afinal, ocorreria na própria Itália, assim como em 1934, na época de Mussolini. Mas antes dela ainda havia a Euro 1988, na Alemanha Ocidental. E dessa vez, a Itália conseguiu sua classificação, sendo líder num grupo que tinha Suécia, Portugal, Suíça e Malta, com seis vitórias, um empate e apenas uma derrota, para os suecos. O que permitiu o acesso italiano ao torneio europeu.

A estreia italiana seria logo contra os donos da casa, no dia 10 de Junho de 1988, em Düsseldorf. A freguesia alemã perante os italianos, que já era notável desde aquela época, poderia ser um fator importante. E parecia que a sina continuaria: Roberto Mancini abriria 1x0 aos 7 minutos, mas Andreas Brehme logo empatava em 1x1 três minutos depois. Se a Alemanha Ocidental continuava sem vencer os italianos, pelo menos não perdeu em casa. Destaque para o uniforme usado pelos alemães: é o modelo clássico da Adidas que seria eternizado em 1990.


A Itália encarava a Espanha na segunda rodada, em Frankfurt. A vice-campeã da Euro anterior não segurou os italianos e Gianluca Vialli fez o único gol do jogo.


Para não passar sufoco na última rodada, era quase obrigatório deter a Dinamarca, que ainda era idolatrada como a "Dinamáquina" que encantou o mundo no ano anterior. Altobelli e De Agostini fizeram os gols italianos, no 2o tempo da partida em Colônia, selando a classificação. Ficaram em 2o lugar, atrás da Alemanha Ocidental por ter um gol a menos no saldo de gols.

Naquela época, a Euro era mais enxuta, com menos times. Então, a Itália classificou-se para enfrentar o temido líder do outro grupo do torneio nas semis, a União Soviética. O sonho de quebrar o jejum de 20 anos sem ganhar o torneio europeu acabou perante os soviéticos em Stuttgart. Dois jogadores ucranianos da URSS fizeram os tentos que desqualificaram o time do torneio, Lytovchenko e Protasov, ambos atuavam no Dínamo de Kiev, que possuía relevância considerável no cenário europeu na época (foi campeão da Recopa Europeia 2 anos antes). E a Itália então começaria a se preparar para a Copa que iria sediar.


Naquela época já era comum as seleções trocarem de uniforme para disputar a Copa. O Brasil aposentou o uniforme de 1986 e lançou um novo para 1990 depois de sair bem-sucedido nas Eliminatórias, com Fogueteira e tudo. A Holanda, que foi campeã da Euro 88 com um icônico uniforme estampado, trocou a indumentária por uma mais clássica para a Copa. A Itália foi na contramão, mantendo o uniforme dos fracassos de 86 e 88 para ser usado no torneio. A Alemanha, como citado acima, também manteve a camisa da Euro 1988 para a disputa da Copa de 90.

O Grupo A da Copa, onde a Itália estrearia buscando o Tetra, contava com forças decadentes como a Tchecoslováquia e Áustria, além dos Estados Unidos, voltando a disputar um Mundial depois de 40 anos. Desde 1986, Azeglio Vicini era o técnico da Itália, depois de ter treinado as categorias de base da Azzurra. A Série A italiana vivia um de seus melhores momentos, com times históricos como o Milan dos holandeses, a Inter dos alemães, o Napoli de Maradona e Careca, a Sampdoria, além de outras forças. E o fato de ter muitos estrangeiros nos clubes italianos não quer dizer nada. Jogadores italianos também estavam numa boa fase. É o caso de Franco Baresi, Maldini, Ancellotti e Donadoni, do Milan; Zenga e Serena, da Inter; De Napoli e Carnevale, do Napoli; Vierchowod, da Sampdoria; Roberto Baggio, da Fiorentina; além de um tal de Salvatore Schillaci, que estava na Juventus mas destinado a esquentar o banco naquele Mundial.

Em Roma, dia 9 de Junho de 1990, a Itália estreava contra a Áustria. Rivais históricos, por causa das disputas territoriais do passado, começavam a batalhar na bola. O ataque titular italiano, com Vialli e Carnevale, não conseguiu furar a defesa austríaca. Então, aos 31 minutos, o atacante do Napoli foi substituído por Schillaci. E foi logo o atacante da Juve que abriu o placar, dois minutos depois. E a Itália conseguia sua primeira vitória no torneio. Destaque para o interessantíssimo uniforme da Áustria, fornecido pela Puma, com um grafismo hipnotizante na parte da frente.


Os Estados Unidos, que foram triturados pela Tchecoslováquia no primeiro jogo por 5x1, eram os próximos rivais da Itália. De novo mandando o jogo na capital nacional, os italianos não venceram os americanos com tanta facilidade quanto os tchecoslovacos, mas o gol de Giannini no começo do jogo já bastou para assegurar a vitória.


A vitória da Tchecoslováquia sobre a Áustria por 1x0 classificava por antecipação os italianos para a fase de mata-mata. Mas jogando em casa, não dava para fazer feio. E então, a Itália bateria os tchecoslovacos por 2x0 no último jogo da fase de grupos, classificando-se em primeiro (e sem dificuldades!). Salvatore Schillaci, que começou os dois primeiros jogos no banco, foi promovido à titular e fez o primeiro gol logo aos 9 minutos do 1o tempo. O segundo gol foi de Roberto Baggio, aos 33 minutos do 2o tempo.


Nas oitavas-de-final, um duelo de Campeões Mundiais. A Itália enfrentaria o Uruguai de Hugo de León, Enzo Francescoli e Rúben Sosa. A Celeste Olímpica havia sido vice-campeã da Copa América de 1989, e ainda tinha certo respeito na América Latina. Uma das bases do Uruguai de 90 era o Nacional que ganhou a Libertadores de 1988 e o Mundial de Clubes do mesmo ano. Ou seja, jogo que prometia dificuldades. Mais uma vez jogando em Roma, a Itália apenas abriu o placar no 2o tempo. Autor do gol? Schillaci. O ex-reserva já fazia o seu 3o na competição. Aldo Serena ampliaria aos 38 e o sonho do tri uruguaio acabaria sendo estendido até os dias atuais.


O próximo adversário italiano não parecia tão assustador. A Irlanda, apesar da boa fase de grupos que fez, passou da Romênia apenas nos pênaltis. Era um time que sabia se defender bem. Mas não segurou Schillaci, que mais uma vez deixava sua marca na competição, aos 38 do 1o tempo. Num jogo predominantemente defensivo, acabou prevalecendo a força dos donos da casa. A Itália estava há apenas dois jogos do Tetra Mundial, e apenas ela poderia conquistar essa honraria, já que o Brasil foi eliminado pela Argentina ainda nas oitavas.

Por falar em Argentina, era a própria que aparecia no caminho da Itália mais uma vez. Eliminou a Iugoslávia nos pênaltis, com atuação memorável do goleiro Goycochea. Aquele também seria o primeiro jogo em que a Itália jogaria fora de Roma. A partida seria realizada no Estádio San Paolo, em Nápoles. Isso gerou uma declaração polêmica de Maradona, ídolo do clube local, que afirmou que os torcedores napolitanos torceriam a favor da Argentina por sua causa. Ledo engano. Maradona foi vaiado como nunca naquele jogo, inclusive pelos mais fanáticos torcedores do Napoli. E o roteiro daquela semifinal começou bem: Schillaci marcava seu sexto gol pela Itália, abrindo o placar logo aos 17 minutos da 1a etapa. A Argentina, muito dependente do seu camisa 10, não conseguia passar pela forte zaga italiana. Mas Claudio Caniggia, aos 12 do 2o tempo conseguiu a brecha para fazer o empate. E mesmo com uma prorrogação que durou oito minutos a mais porque o juiz "não prestou atenção ao seu relógio", não saiu mais gol naquele jogo.

A disputa seria nos pênaltis. A Argentina já havia levado o jogo anterior até a série penal. O primeiro pênalti seria cobrado pela Itália, pelo zagueiro Franco Baresi. Goycochea de um lado, bola para o outro, 1x0 Itália. Serrizuela chutou com força, Zenga foi pro lado errado e empatou a série. No segundo pênalti italiano, Roberto Baggio cobrou, Goycochea chegou a espalmar a bola, mas a gorduchinha acabou indo para dentro das redes (é, Baggio e Baresi já acertaram pênaltis, ao contrário do que 1994 mostraria). Burruchaga empatou, mandando a bola para o lado oposto de Zenga, 2x2. De Agostini recolocou a Itália na frente, num chute onde por muito pouco o goleiro argentino não pegou. Olarticochea (aquele que deu água batizada pro Branco) chutou bem no meio, Zenga foi para a esquerda, 3x3.

A disputa de pênaltis parecia que seria interminável como aquele jogo no tempo normal e na prorrogação, até a hora em que Donadoni chegou para a sua cobrança. O jogador do Milan chutou para a direita, mas Goycochea conseguiu espalmar, dessa vez para fora do gol. Tudo o que a Argentina queria. Foi então que o craque Maradona chegou para realizar sua cobrança, todos na expectativa, já que é algo frequente no futebol vermos craques desperdiçarem pênaltis em decisões, exemplos não faltam. Com categoria, bateu rasteiro à esquerda, enquanto Zenga errou mais uma vez o canto. A Argentina passava à frente da Itália na série. Aldo Serena carregava um peso imenso nas costas: era obrigação acertar o pênalti para manter a Azzurra viva na disputa. Bateu no mesmo canto em que Donadoni chutou, e de novo Goycochea pegou. A Itália estava eliminada da sua Copa do Mundo.


Ao invés da finalíssima em Roma, a Itália disputaria o terceiro lugar da Copa na pequena cidade de Bari. Vencer a Inglaterra, que havia sido eliminada pela Alemanha Ocidental, não seria motivo de festa, mas uma derrota faria tudo ficar mais melancólico. A Inglaterra, que estava satisfeita pela campanha feita, até jogou mais (o "English Team" estava numa crise sem precedentes antes da classificação para a Copa de 90). Mas quem abriu o placar foi Baggio, aos 26 do 2o tempo. David Platt ainda empatou aos 36, mas Schillaci, num pênalti aos 41 minutos, fez o gol da vitória e o gol que selou sua artilharia no torneio. Os italianos não tinham muito o que comemorar, mas Salvatore Schillaci podia fazer sua festa: saiu do banco para virar o maior marcador da Copa do Mundo disputada em seu país. Enquanto os italianos nem celebraram tanto a vitória em Bari, os ingleses fizeram uma recepção calorosa ao 4o lugar da Copa de 1990 no retorno deles à Londres. Enquanto isso, em Roma, qualquer um dos finalistas empataria com a Itália em número de títulos mundiais se vencesse. A Alemanha Ocidental (no último ano da divisão das Alemanhas) foi a vencedora e virou a 3a seleção a ser Tricampeã Mundial.


Depois do fracasso em casa, a Itália aposentou o uniforme que ficou quatro anos em serviço. Mas mesmo com novos uniformes, passaria maus momentos naquela década. A final de 1994 contra o Brasil foi um deles, mais uma derrota nos pênaltis. A final da Euro 2000 contra a França (que também havia eliminado-os da Copa de 1998) também foi dolorosa. E a eliminação para a Coreia do Sul em 2002? O Tetra tão perseguido desde 1986 só viria 20 anos depois, quando a Itália enfim deu o troco nos algozes franceses e no trauma dos pênaltis. Apesar disso, faria uma campanha vergonhosa em 2010, saindo na fase de grupos. E na Euro 2012 levaria uma surra histórica de 4x0 da Espanha na final.

 Mas mesmo assim, os italianos chegam à 2014 sempre com o respeito que conquistaram ao longo de tantas vitórias e derrotas. Estão num grupo complicado, com dois dos adversários que foram batidos na Copa de 90 (Inglaterra e Uruguai) além da incógnita Costa Rica. Será que a Itália conseguirá empatar com a Seleção Brasileira em número de títulos mundiais em pleno Brasil? Enquanto a Copa não vêm, seguiremos com a Série Copa do Mundo 2014, contando as histórias dos times que estão nesse Mundial com as camisas da Mantoteca. Continue acompanhando!