terça-feira, 4 de março de 2014

[Série Copa do Mundo 2014] Holanda 2008/09 - Acelerando sem cruzar a linha de chegada

Olá pessoal!
Finalmente voltei ao Brasil depois de 7 ótimos meses na Alemanha, onde tive a oportunidade de aprender várias coisas e adquirir mais peças para a coleção. Já quase no final do Carnaval, aproveito o tempo livre do feriado para fazer a postagem sobre a camisa da segunda Seleção do Grupo B da Copa do Mundo: a Holanda.


A camisa acima foi o uniforme reserva utilizado pelos holandeses entre 2008 e 2009. A Nike fornece a Seleção dos Países Baixos desde 1997, quando também começou o contrato que dura até hoje com a Seleção Brasileira. Tradicionalmente, a Holanda usa a cor da Família Real do país, o laranja, como uniforme principal. E costuma revezar as cores na camisa alternativa, com cores como branco, preto e, como visto acima, o azul.


Acima, na parte interna da gola, pode-se ver os dois primeiros versos do Hino Nacional Holandês ("Het Wilhelmus"). E o formato pentagonal do escudo do uniforme é assumidamente inspirado nas "Cube Houses" de Rotterdam, um ícone da arquitetura moderna holandesa. Além da listra com as cores da bandeira cruzando a parte da frente da camisa. A camisa titular daquela época também tem detalhes em comum, como o escudo pentagonal, os versos do hino e a bandeira da Holanda, só que essa também era na gola.


A camisa reserva estreou no final de 2007, enquanto a titular foi lançada no início de 2008. Ambos foram lançados para substituir os uniformes de 2006, que foram usados na Copa daquele ano (onde a Holanda foi parada por Portugal nas oitavas de final, num dos jogos mais violentos da história do torneio mundial). Uma nova geração de jogadores holandeses tentavam se afirmar naquela época, ainda com alguns veteranos como o goleiro Van der Sar, o meia Giovanni von Bronckhorst e o atacante Ruud van Nilsterooy. Nomes fortes como Arjen Robben, Robin van Persie, Wesley Sneijder e Rafael van der Vaart ganhavam cada vez mais espaço no time que, assim como em 2006, era treinado pelo ex-centroavante Marco van Basten, que fechou a porta para outros veteranos que ainda tinham vaga naquele time, como, por exemplo, Clarence Seedorf.

A Euro 2008 significava algo muito importante para a Holanda: o segundo título oficial do país num torneio internacional. Vinte anos antes a mesma Holanda havia vencido a Euro 1988, disputada na Alemanha Ocidental, e vencendo uma forte União Soviética na final, com um gol histórico do homem que naquela época estava no banco como treinador, van Basten. Além disso, serviria para formar a base do time que tentaria a classificação para a Copa do Mundo de 2010, e quem sabe tentar conquistar o título que lhe escapou pelos dedos duas vezes seguidas, em 1974 e 78.

"Os Laranjas" classificaram-se para a Euro de forma apertada, terminando a fase eliminatória atrás da Romênia e apenas um ponto à frente da Bulgária. E ainda por cima caiu no "Grupo da Morte", que tinha França, Itália e os mesmos romenos que haviam ficado à frente na fase anterior. Italianos e franceses eram "apenas" campeões e vices da Copa de 2 anos antes, respectivamente. Boa parte do time da Itália de 2006 ainda estava na equipe da Euro, enquanto a França já estava sem a sua maior referência, Zinedine Zidane.

A Holanda, naquele Junho de 2008, estreou na capital da Suíça, Berna, contra a Itália campeã do Mundo. E o que se viu foi um passeio holandês. 3x0 Holanda, com gols de van Nilsterooy, Sneijder e van Bronckhorst. A Itália, treinada pelo ex-jogador Donadoni, que sempre foi referência na defesa, só não levou mais gols porque Buffon não permitiu.


O próximo jogo seria contra a França, também em Berna. Mesmo com a predominância de franceses no estádio (o que é justificado pela proximidade da Suíça com as terras francesas) e mesmo contando com veteranos como Henry e Thuram, além de nomes que estavam cada vez permanentes no time como Franck Ribéry, a Holanda surpreendeu mais uma vez. Depois de surrar a campeã do Mundo, surrou o vice por impiedosos 4x1. Gols de Kuyt, Van Persie, Robben e Sneijder. Henry descontou para a França. Com a vitória e o empate de 1x1 entre Romênia e Itália, a Holanda já garantia a vaga na fase final (e também ganhava a credencial de favorita do torneio).


O jogo contra a Romênia virou apenas um cumprimento de tabela para a Holanda, embora a seleção do Leste Europeu ainda pudesse se classificar se vencesse os holandeses (e dependendo do resultado do jogo entre Itália e França por causa do saldo de gols). Mesmo com quase todo o time de reservas, a Holanda bateu a Romênia por 2x0, gols de Huntelaar e Van Persie, também em Berna, eliminou a Romênia (a Itália classificou-se ao vencer a França por 2x0 também), e garantiu a liderança do grupo


Naquele momento, a Holanda, junto à Espanha, eram as maiores favoritas para levar o título. Mesmo com a Espanha ainda carregando o rótulo de "amarelona" (como visto no post anterior do Blog). O adversário dos holandeses seria a Rússia, que estreou levando um passeio de 4x1 da Espanha e classificou-se em segundo de seu grupo vencendo a Grécia, que defendia o título da Euro, por 1x0, e a Suécia de Ibrahimovic por 2x0. Muitos apostavam na Holanda, que estava 100% no torneio.

Mas o que se viu naquele dia nas quartas-de-final de Basiléia foi diferente do que foi visto em Berna por três vezes. Bem diferente. A Rússia, ironicamente treinada pelo holandês Guus Hiddink, abriu o placar com um gol de Pavlyuchenko, aos 11 minutos da 2a etapa. E van Nilsterooy, aos 41, empatou o jogo, levando à prorrogação. Uma partida completamente marcada pela ofensividade das duas equipes. Os primeiros 15 minutos de tempo extra foram menos agitados do que os 90 anteriores, levando a crer que o jogo seria definido nos pênaltis. Porém, aos 7 minutos do segundo tempo da prorrogação, Torbinski desempatou a partida. E quando parecia que a Holanda arranjaria o gol do empate, o atacante Arshavin, campeão da Liga Europa daquele ano com o Zenit de São Petersburgo, fez o terceiro gol aos 11 minutos, fechando a conta. A Holanda mais uma vez decepcionava sua torcida. Estava fora do caminho para a final em Viena, na Áustria. A Euro 2008 foi a segunda na história disputada em 2 países, a primeira foi justamente na Holanda e na Bélgica, 8 anos antes.


Mesmo a Rússia tendo tirado com autoridade uma das maiores favoritas no torneio, não aguentou a força da Espanha novamente e levou outra surra, dessa vez de 3x0. A Espanha quebrava o estigma de sempre perder em jogos decisivos ao vencer a Alemanha por 1x0 em Viena na final. E a Holanda... bem, continuava vivendo das lembranças dos vices mundiais de 74 e 78 e da vitória solitária na Euro 1988. Mas a África do Sul era logo ali. E, quem sabe, não chegaria a hora de enfim levar a Copa que insiste tanto em fugir?

As Eliminatórias para 2010 começaram em Setembro de 2008 para a Holanda, que estreou contra a fraca Macedônia em Skopje. Vitória de 2x1, gols de Heitinga e van der Vaart. O gol macedônio foi feito por Pandev, que estaria no forte time da Inter de Milão que conquistou uma Quíntupla Coroa em 2010 e hoje joga no Napoli.


O outro adversário da Holanda, em Outubro, também não havia tanta tradição no cenário mundial: a Islândia. Jogando em Rotterdam, venceu com facilidade por 2x0, gols de Mathijsen e Huntelaar.


O jogo seguinte contra a Noruega em Oslo prometia ser mais difícil. Quatro dias depois do jogo contra os islandeses, a Holanda enfrentaria os outros escandinavos. E venceriam novamente: 1x0, gol de van Bommel. Já em Março de 2009, o jogo contra a Escócia seria importante para que o time continuasse com 100% de aproveitamento. E jogando em Amsterdam, venceu facilmente por 3x0, gols de Huntelaar, van Persie e Kuyt. Em Abril, massacraria a Macedônia no começo do 2o turno das eliminatórias, com impiedosos 4x0 (2 de Kuyt, um de Huntelaar e outro de van der Vaart). Abaixo, imagem de Robben sofrendo falta no jogo contra a Escócia.


Na gelada Reykjavik, a Holanda vencia novamente a Islândia por 2x1 (de Jong e van Bommel), em Julho de 2009. Estava isolada na liderança de seu grupo nas Eliminatórias Europeias. Quatro dias depois de vencer os islandeses e já classificada por antecipação para a Copa, bateu novamente a Noruega em Amsterdam por 2x0 (Oojier e Robben). Aquele time não queria saber de pisar no freio.

A Escócia precisava apenas vencer a já classificada Holanda para conseguir pegar o 2o lugar no grupo e ir para a repescagem, sem depender mais de ninguém. Mas quem disse que aquele time holandês deixou os escoceses retornarem à Copa depois de 12 anos? Elia fez o único gol do jogo, em Glasgow, e eliminou a Escócia, que foi ultrapassada pela Noruega na tabela pelo saldo de gols (e nem assim foi para a repescagem - pois teve a menor pontuação de todos os 2o lugares). Porém, a Holanda havia feito história. Terminou com 100% de aproveitamento as Eliminatórias, 14 pontos à frente da Noruega e da Escócia. Mas mesmo assim era difícil confiar naquela seleção. Na Euro 2008 foi a mesma coisa, uma campanha arrasadora na fase de grupos para cair logo no primeiro jogo da fase de mata-mata. Abaixo, foto do jogo final contra a Escócia, em Glasgow.


A Nike em 2010 preparou um novo uniforme para a  Holanda. Aposentou a combinação bizarra de camisa laranja + calções brancos + meias azuis-claras para retornar com o calção preto. A camisa reserva azul foi substituída por uma branca, assim como em 2006. E sobre a campanha na Copa, quem é brasileiro lembra muito bem: a Holanda eliminou o Brasil nas quartas de final por 2x1 (Olá, Felipe Melo!), passaria pelo Uruguai nas semis e faria a final com a Espanha, onde fracassaria novamente, ficando com três vices mundiais e vendo a festa que os espanhóis fizeram ao chegar num ponto onde nem todos imaginavam que eles alcançariam. Na Euro 2012, a Holanda fracassaria de forma mais cruel, ficando na lanterna da fase de grupos, atrás de Alemanha, Portugal e Dinamarca.

Nas Eliminatórias para 2014, os holandeses quase repetiriam o feito de 2009, classificando-se de forma invicta (9 vitórias e 1 empate). Estarão no Brasil, junto com a mesma Espanha que os venceu 4 anos atrás em Joanesburgo, além de se juntarem ao Chile e Austrália no Grupo B. A Nike já lançou a nova camisa titular, e a reserva já vazou na internet: será azul, assim como a camisa de 2008 que falamos hoje, só que com tons mais escuros, e um escudo retrô homenageando os 125 anos da Real Federação Holandesa de Futebol. A imagem abaixo mostra a nova camisa azul da Holanda:


Será que em gramados brasileiros a Holanda conseguirá enfim colocar as mãos na Taça do Mundo FIFA sem deixá-la cair no chão? Enquanto essa pergunta permanece em aberto, a Mantoteca prosseguirá com a Série Copa do Mundo falando da outra seleção do Grupo B, o Chile!

Até lá!

Um comentário:

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