quarta-feira, 26 de março de 2014

[POST DE HONRA] Bayern de Munique 1991-93 - Tempo de crise

Pois é. Só no título desse post poderemos ver as palavras "Bayern de Munique" e "crise" na mesma frase. A situação atual é o extremo oposto. Eu, que costumo fazer posts de honra aos times campeões cujas camisas estão aqui na Mantoteca, terei que fazer o 3o sobre o Bayern em menos de 1 ano de existência desse blog (isso pq a Tríplice Coroa de 2012/13 foi antes, senão teríamos mais!). E não é que o time da maravilhosa cidade de Munique resolve ganhar a Bundesliga de forma histórica e acachapante, ainda em Março e com 7 rodadas de antecedência?

O pessoal que acompanha a Mantoteca sabe que só faço posts das camisas que possuo ou já possuí (salvo algumas exceções, como no último post sobre o basquete do Flamengo ou quando vazaram as fotos das camisas de Flamengo e Palmeiras para 2014). Nesse caso, não é diferente. Ainda tenho bastante camisa do Bayern aqui no estoque para contar histórias. Então, pego a peça mais antiga que tenho do clube alemão: a camisa titular de 1991.


Como morei na Alemanha por 7 meses, essa camisa foi um dos achados que pude encontrar lá nos famosos "Flohmarkts" (mercados de pulga). Embora não tenha o meu tamanho (ela é P), comprei para vender, trocar ou senão até guardar como relíquia, embora não goste de pegar camisa só para guardar (a não ser que seja presente).

A Opel, braço europeu da General Motors sediada em Rüsselsheim, cidade ao lado de Frankfurt, patrocinou o Bayern de 1989 até 2002, quando foi substituída pela Deutsche Telekom, que dura até hoje. Essa era a terceira temporada da montadora estampando seu famoso logotipo (que apareceria também nas placas de publicidade de algumas Copas do Mundo dos anos 80 e 90) na camisa do Bayern. Mas um logotipo em especial chama mais ainda a atenção.


Hoje, o logotipo triangular da Adidas é onipresente nas camisas de todos os clubes em que a marca alemã fornece. Mas na época ele estava surgindo para o mundo. Originalmente, o logo triangular era somente utilizado em materiais especiais da marca, como algumas camisas de futebol. O logo original, o famoso "Trefoil", era ainda muito usado, até mesmo em outros uniformes da marca.  Só a partir de 1998, o logotipo triangular da Adidas viraria padrão em todas as indumentárias esportivas, deixando o "Trefoil" apenas para os materiais casuais e retrôs (a célebre linha "Originals" que conhecemos hoje).


Durante a 2a metade dos anos 70 até o início dos anos 90, as camisas titulares do Bayern eram predominantemente vermelhas e brancas. Pois foi com essa camisa, de 1991, que mudanças mais drásticas começaram a ocorrer de novo na camisa titular do Bayern (mais informações sobre as mudanças constantes no uniforme bávaro aqui neste post de Setembro do ano passado). As 3 listras da Adidas foram aplicadas de forma inédita, subindo e descendo o ombro esquerdo, e destacando bastante a cor azul. Times da fornecedora alemã naquela época, como o Liverpool e o Olympique de Marselha, também usaram o mesmo template

A Bundesliga de 1991 seria especial. Era a primeira vez em que os times da antiga Alemanha Oriental entravam na competição, no caso Hansa Rostock e Dynamo Dresden, por terem sido campeão e vice, respectivamente, do último campeonato da antiga parte socialista alemã. Por isso, a Bundesliga foi inchada (passou de 18 para 20 times), e para tornar o campeonato com o número original de participantes em 1992, o rebaixamento seria de 4 times.

No ano anterior, o Bayern havia sido vice-campeão, ficando apenas 3 pontos distante do campeão Kaiserslautern. Mas o time daquela temporada fez um desempenho assustador, terminando o campeonato bem longe da briga pelo título e ficando apenas 5 pontos da 17a colocação, a primeira posição do Z4. O 10o lugar deixou o time fora até da Copa UEFA da temporada seguinte.

Dentre alguns resultados negativos daquele time, pode-se falar das derrotas em casa para o Borussia Dortmund (0x3) e uma impiedosa goleada para o Stuttgarter Kickers (1x4), além dos revezes externos novamente para o Dortmund (3x0 de novo), goleada para o Kaiserslautern (4x0) e Karlsruhe (3x0). 13 vitórias, 10 empates e 15 derrotas. O atacante Wohlfarth, que foi um dos jogadores mais famosos do Bayern da 2a metade dos anos 80, fez 17 gols e foi o 3o maior artilheiro do torneio. Apesar da campanha ruim, o Bayern teve a maior vitória fora de casa: fez 5x0 no Bochum.

Como no ano anterior o time de Munique foi vice, teve direito naquela temporada de disputar a Copa UEFA. Empatou com o modesto Cork City, da Irlanda, por 1x1, na primeira rodada (gol de Effenberg, ainda na sua primeira passagem pelo Bayern). Na volta, fez 2x0 com dificuldades, gols de Labbadia aos 26 do 2o tempo e de Ziege, fechando o resultado aos 44 minutos. Abaixo, vídeos das 2 partidas.




Na segunda fase ocorreria um dos maiores vexames da história do FC Bayern. Em Copenhague, o time enfrentou o Boldklubben 1903 (também conhecido como "B 1903"). O que era para ser um jogo fácil, mesmo fora de casa, transformou-se num pesadelo. Mazinho (não o pai do Rafinha e Thiago Alcântara, mas o meia-atacante que jogou no Santos, Bragantino e Flamengo) fez o 1o gol aos 32 minutos, abrindo o placar para o Bayern. 5 minutos depois, Manniche (que foi inspiração para o apelido do meia português Maniche) fez o seu, levando o empate para o intervalo. Demorou 12 minutos para o placar mudar novamente: Nielsen virou o jogo. 5 minutos depois, Wegner fez mais um para os dinamarqueses, e apenas 3 minutos depois, o Bayern cometeu pênalti. Manniche fazia o seu 2o gol no jogo e o 4o do B 1903. Com uma atuação patética da zaga do Bayern, Kaus e Uldbjerg ainda abririam 6x1. Münch ainda fez um gol nos acréscimos para tentar deixar o vexame menos feio, já era tarde: 15 anos depois de ser Tricampeão Europeu, o Bayern era humilhado para um time de pouca expressão em seu país. Aqui você pode ver o vídeo do jogo. 

Para passar de fase, o Bayern precisava ganhar de 4 gols de diferença, no mínimo, em Munique. E o primeiro gol só foi sair apenas aos 44 do 2o tempo. Mazinho fez o gol que não adiantaria em nada. Depois, mais nada aconteceu. O placar terminou 1x0 e eliminação do time alemão da Copa UEFA. O B 1903 ainda tiraria o Trabzonspor da Turquia na fase seguinte e não resistiria ao Torino da Itália, que tinha Casagrande, nas quartas-de-final, perdendo os dois jogos. Depois disso, o time dinamarquês fundiu-se com o KB, também de Copenhague, e os dois formaram um novo clube na temporada seguinte: o FC Copenhagen, atualmente o time de maior sucesso na Dinamarca. 

Vexame na Copa UEFA, vexame na Pokal, a Copa da Alemanha. Logo na estreia, depois de empatar em tempo normal por 2x2 no Olympiastadion com o Homburg, time da Segunda Divisão Alemã da época, acabaria sendo eliminado por mais dois gols dos visitantes na prorrogação. Definitivamente, a temporada 1991-92 foi uma das piores do Bayern, talvez tão ruim quanto os tempos pré-Bundesliga, onde o time ficou bastante tempo sem vencer. 

Mesmo com os vexames de 1991/92, a camisa foi utilizada na temporada 92/93, onde depois de muito tempo, o Bayern ficaria fora de uma competição internacional, já que não pegou classificação nem para a Copa UEFA. E o time voltaria a mostrar naquele ano que a temporada anterior foi incidente de percurso, voltando a brigar na ponta da Bundesliga, como de costume. Mas, por apenas 1 ponto, o time perdeu a chance de levantar a Salva de Prata, que ficaria com o Werder Bremen naquele ano. Os bávaros, por sinal, não conseguiram bater o time do norte alemão nos dois jogos: perdeu em Munique por 3x0 e levou outra surra em Bremen por 4x1. 

Na Copa da Alemanha, a outra chance de título, o Bayern massacrou o pequeno Borussia Neunkirchen por 6x0. Na segunda rodada, recebeu o rival Borussia Dortmund, com a vantagem de jogar em Munique. Como na eliminação da Copa anterior, o jogo teve que ser estendido até a prorrogação, mas dessa vez terminou 2x2 até no tempo extra. Mas, para marcar aquela era de fracassos, o time acabou sendo eliminado pelo Dortmund nos pênaltis, 5x4. Confira o vídeo dos penais. 

Para a temporada 1993/94, a Adidas fez algumas alterações no desenho, acrescentando mais detalhes azuis na camisa e aposentando o modelo anterior, que foi uma das raras camisas do Bayern dessas últimas décadas que não viu um título sequer. E se havia mesmo "azar" por parte da camisa, talvez os defensores dessa tese possam se apoiar no fato de o Bayern ter voltado a ser Campeão Alemão com a camisa nova.

Já que hoje a situação do Bayern é tão oposta, é até estranho constatar o que foi escrito aqui. Mas é tudo verdade. Não existe time imbatível que viva em boa fase para sempre. O Bayern de 91 à 93 foi um exemplo claro, não conseguiu nada, depois de ter passado 8 anos pelo menos conquistando um torneio importante (em 82/83 o Bayern também não ganhou nada). 

Acaba por aqui mais um Post de Honra, mais um falando do Bayern. E volto o foco para a Série Copa do Mundo. Já vou até deixando as dicas da próxima seleção da Série: é conhecida pelo jogo retrancado, seu país já foi sede de Copa do Mundo e possui muitos jogadores originários de Kosovo em seu atual elenco. Ficou fácil né? Então até lá!




sábado, 22 de março de 2014

[POST DE HONRA] Flamengo Campeão da Liga das Américas de Basquete.

Sei muito bem que criei este blog para falar de camisas de futebol (apesar de ter uma camisa da comissão técnica do Unilever Rio, time feminino de vôlei - um presente que em outro dia conto a história). Mas hoje abro uma exceção para homenagear o time de basquete do Flamengo, que sagrou-se campeão das Américas há poucas horas. Mas como o foco continua sendo o futebol, vou encaixá-lo no meio do assunto. Como? Falando das diferenças entre os uniformes de futebol do Flamengo e os da equipe de basquete.

(fonte da foto: http://ninhodanacao.blogspot.com.br/2014/03/liga-das-americas-de-basquete-2014.html)

O uniforme de basquete do Fla, além da óbvia diferença das mangas (bem que Camarões tentou implementar a camisa regata no futebol, mas a FIFA só para variar vetou...), tem as listras mais largas que na camisa do futebol, além das golas e ombros brancos, das 3 listras gigantes da Adidas nas laterais e as costas, onde a cor é totalmente preta com a numeração em vermelho.

(fonte: http://esportes.opovo.com.br/app/esportes/clubes/flamengo/2014/01/06/noticiasflamengo,2694367/em-busca-do-tri-na-nbb-basquete-do-fla-faz-seu-primeiro-jogo-em-2014.shtml)

A camisa 2 já é mais diferente ainda do que o uniforme que a Adidas fez para o futebol. Fontes internas do Flamengo afirmam que a nova camisa 2 do futebol seria num estilo parecido, com o predomínio do vermelho, mas o Conselho reclamou e fez com que acrescentassem a cor preta junto ao vermelho, e o resultado já pode ser visto desde o final de fevereiro, quando o Fla lançou a nova camisa branca. Mas a camisa branca do basquete ainda é a mesma de quando a marca alemã voltou para o time. E nela é bem visível que há mais detalhes em vermelho do que em preto (que só aparece nos ombros e na gola)

Na época da Olympikus, as camisas de basquete já seguiam um padrão mais similar ao das camisas do futebol. Tanto a camisa titular quanto a reserva eram praticamente a indumentária do futebol sem as mangas. Observem as fotos da minha camisa de 2012 do futebol e comparem com a de basquete, poucos detalhes foram alterados.



 (Sou só eu que acho estranho o Flamengo usar a estrela do Mundial de Clubes de Futebol na camisa de basquete?)

Em 2011, 2010 e 2009, outros anos em que a Olympikus esteve com o Flamengo, o procedimento era o mesmo. A camisa do basquete era sempre muito similar a camisa do futebol. Na época da Nike também foi bastante comum usarem camisas parecidas com a dos campos, com exceção de algumas temporadas, como em 2008, quando o futebol veio com a famigerada "Freddy Krueger", de listras finas. O basquete continuou usando a camisa de listras largas, baseada na camisa de 2007.


(fonte da imagem: http://flamengodecoracaoeusou.blogspot.com.br/2009/11/basquetebol_23.html)

Na época da Umbro, as camisas também eram bem parecidas com as do futebol, como essa branca de 1996. E na primeira passagem da Adidas, também poucas mudanças em relação ao uniforme usado nos gramados.

Camisas de basquete nunca me atraíram muito, por não ser um tipo de camisa que se use muito na rua (já disse aqui que gosto de usar as peças da minha coleção). A homenagem se encerra aqui. Agora voltamos à programação normal com a Série Copa do Mundo 2014. Nesse mesmo Mantocanal, no mesmo Mantohorário, talvez.

terça-feira, 11 de março de 2014

[Série Copa do Mundo 2014] Itália 1986-1990 - Buscando um sonho real como em 1982

Como disse no tópico anterior, "pularia" algumas seleções por infelizmente ainda não ter camisa delas na coleção. Logo, todas as seleções do Grupo C e 3 seleções do Grupo D foram cortadas. Pois é, não tenho camisas da Inglaterra, do Uruguai e da Costa Rica aqui na Mantoteca (embora esteja correndo atrás da vermelha da Inglaterra de 150 anos e da camisa usada pela Celeste Olímpica na Copa das Confederações 2013). Mas tenho duas da Itália, que foram apresentadas aqui mesmo na Mantoteca no Guia de Compras que fiz sobre o país da bota. E escolhi a belíssima camisa usada pela Squadra Azzurra durante quatro longos anos, de 1986 até 1990.


Essa foi a primeira camisa feita pela Diadora para a seleção de seu país. Após usar a marca francesa Le Coq Sportif na campanha inesquecível de 1982 e no fracasso na Euro 1984, a Diadora assumiu a responsabilidade de fornecer os uniformes da Azzurra. Como de costume, a marca do fornecedor na camisa só aparecia em alguns modelos de loja (costume mantido pela Itália até 2000, quando o símbolo da Kappa apareceu nas mangas do também histórico uniforme daquele ano). Mas a principal mudança foi no desenho do escudo, que foi totalmente modificado e arredondado. As três estrelas das Copas conquistadas foram colocadas dentro do escudo novo. Uma nova alteração seria feita em 1991, quando a Itália remodelou seu escudo para um novo desenho bem mais estranho que duraria até 1999, quando a Kappa retornaria com o escudo clássico (em 2006 o escudo sofreria outra mudança, respeitando o formato original, mas com algumas inovações no desenho. Esse distintivo é usado até hoje). A Diadora ficaria até 1995 com a Itália, dando lugar à Nike, que forneceria até 99, quando a Kappa chegou. Desde 2004, a Itália tem seus uniformes feitos pela alemã Puma.



No caso da minha camisa, o símbolo da Diadora aparece apenas na etiqueta de dentro, como nas camisas de jogo (embora essa seja modelo de loja). Bem simples, como eram as camisas da Itália até 91, quando a marca já aderiu a onda daquela época de aplicar inúmeras marcas d'água geométricas por todo o uniforme. Bom, está na hora de contar a história dos homens que usaram esse uniforme nos gramados.

Sobre 1982, acho que só basta citar palavras-chave como "Melhor Seleção Brasileira dos Últimos 40 Anos", "Zico", "Telê Santana" até passar para outras como "Paolo Rossi". Pois é, essa história de 82 já foi contada e recontada inúmeras vezes, vamos passá-la. A mesma Seleção Italiana que surpreendeu o mundo foi um fiasco ao tentar se classificar para a Euro 1984, ficando atrás da Romênia, Suécia e Tchecoslováquia no grupo eliminatório. Como foi campeã da Copa do Mundo, não precisou disputar as Eliminatórias (regra que valeu até 2002, quando até os campeões do Mundo tiveram que entrar nas disputas continentais pela vaga no Mundial).

O grupo da Itália na Copa de 86 era mediano. A Argentina de Maradona, depois de ter sido eliminada junto com o Brasil em 1982 para a Itália na 2a fase da Copa de 82, estava novamente perante os italianos. O resto não assustava. A Bulgária nunca sequer havia vencido um jogo de Copa e a Coreia do Sul era cogitado como o maior saco de pancadas. Numa época onde até os quatro melhores terceiros colocados de cada grupo se classificavam para o mata-mata, o risco de a Itália ir pra casa mais cedo, mesmo com a tradição italiana de suar para passar da fase de grupos, era ínfimo.

A Itália contava com inúmeros jogadores de 82, como o zagueiro Scirea, o lateral-esquerdo Cabrini, o atacante Altobelli, além do comando de Enzo Bearzot. Paolo Rossi acabou sendo cortado do time por causa de uma lesão. E assim, os italianos estreariam contra a Bulgária, abrindo a Copa no dia 31 de Maio de 1986, no gigantesco Estádio Asteca. Como na maioria dos jogos de abertura das Copas, foi decepcionante: Altobelli chegou a abrir 1x0 no fim do 1o tempo, mas Sirakov empataria para os búlgaros no final do jogo.


O segundo jogo, dia 5 de Junho, na cidade de Puebla, seria contra os temidos argentinos. Os "hermanos" haviam vencido a Coreia por 3x1 na 1a rodada e eram líderes do grupo. E como no primeiro jogo, Altobelli abriu o placar de pênalti, aos 6 do 1o tempo, mas aquele que seria o nome daquela Copa, Diego Armando Maradona, faria o gol de empate, ainda na primeira etapa. Mas "El Pibe" não conseguiu mais fazer nada contra os italianos. E o jogo terminou 1x1 novamente para a Itália.


O terceiro e último jogo da fase de grupos seria contra a fraca Coreia do Sul. A Itália não tinha uma memória boa em relação as Coreias. 20 anos antes, a Coreia do Norte (ela mesma!) impôs uma das maiores zebras futebolísticas da História das Copas ao vencer os italianos por 1x0 na Inglaterra. Então, todo cuidado seria pouco. Novamente, Altobelli inaugurou o marcador naquele dia, aos 17 do primeiro tempo. Mas aquele dia 10 de Junho mostraria ao mundo novamente a velha tradição italiana de sempre passar dificuldades nas fases de grupo. A Coreia empatou aos 17 do segundo tempo. Altobelli desempataria 11 minutos depois e outro sul-coreano aumentaria a fatura marcando contra. Parecia fácil? A Coreia marcaria um gol a favor no minuto seguinte. E os italianos só acreditariam naquela primeira vitória no torneio quando o juiz apitou o final da partida. A Argentina venceria a Bulgária por 2x0 e classificaria-se em primeiro e a Itália, com a vitória na rodada final, foi para a fase de mata-mata como 2a melhor de seu grupo. No final, até a fraca Bulgária com míseros 2 pontos conseguiria sua vaga na fase eliminatória por ter sido uma das melhores seleções na 3a colocação.


A Itália enfrentaria um adversário forte logo nas oitavas: a França de Michel Platini, que ostentava o título de melhor seleção da Europa naquela época, afinal, era a Campeã da Euro 1984. E o atual presidente da UEFA e ídolo da italiana Juventus foi quem inaugurou o placar naquele dia, aos 15 minutos. Jogando no Estádio do Pumas UNAM, na Cidade do México, a Itália não conseguiu segurar os vizinhos franceses. Stopyra, atacante francês, ampliou o placar no segundo tempo. Os italianos davam adeus à chance de conquistar o Tetra e ser a seleção mais vitoriosa de todas. A França? Também tiraria a mesma esperança do Brasil na fase seguinte e seria parada pela Alemanha Ocidental na semifinal, como em 1982. Mal sabiam os franceses que 20 anos depois teriam o troco dado pelos italianos, mas essa é outra história.


A Copa de 1990 seria muito especial. Afinal, ocorreria na própria Itália, assim como em 1934, na época de Mussolini. Mas antes dela ainda havia a Euro 1988, na Alemanha Ocidental. E dessa vez, a Itália conseguiu sua classificação, sendo líder num grupo que tinha Suécia, Portugal, Suíça e Malta, com seis vitórias, um empate e apenas uma derrota, para os suecos. O que permitiu o acesso italiano ao torneio europeu.

A estreia italiana seria logo contra os donos da casa, no dia 10 de Junho de 1988, em Düsseldorf. A freguesia alemã perante os italianos, que já era notável desde aquela época, poderia ser um fator importante. E parecia que a sina continuaria: Roberto Mancini abriria 1x0 aos 7 minutos, mas Andreas Brehme logo empatava em 1x1 três minutos depois. Se a Alemanha Ocidental continuava sem vencer os italianos, pelo menos não perdeu em casa. Destaque para o uniforme usado pelos alemães: é o modelo clássico da Adidas que seria eternizado em 1990.


A Itália encarava a Espanha na segunda rodada, em Frankfurt. A vice-campeã da Euro anterior não segurou os italianos e Gianluca Vialli fez o único gol do jogo.


Para não passar sufoco na última rodada, era quase obrigatório deter a Dinamarca, que ainda era idolatrada como a "Dinamáquina" que encantou o mundo no ano anterior. Altobelli e De Agostini fizeram os gols italianos, no 2o tempo da partida em Colônia, selando a classificação. Ficaram em 2o lugar, atrás da Alemanha Ocidental por ter um gol a menos no saldo de gols.

Naquela época, a Euro era mais enxuta, com menos times. Então, a Itália classificou-se para enfrentar o temido líder do outro grupo do torneio nas semis, a União Soviética. O sonho de quebrar o jejum de 20 anos sem ganhar o torneio europeu acabou perante os soviéticos em Stuttgart. Dois jogadores ucranianos da URSS fizeram os tentos que desqualificaram o time do torneio, Lytovchenko e Protasov, ambos atuavam no Dínamo de Kiev, que possuía relevância considerável no cenário europeu na época (foi campeão da Recopa Europeia 2 anos antes). E a Itália então começaria a se preparar para a Copa que iria sediar.


Naquela época já era comum as seleções trocarem de uniforme para disputar a Copa. O Brasil aposentou o uniforme de 1986 e lançou um novo para 1990 depois de sair bem-sucedido nas Eliminatórias, com Fogueteira e tudo. A Holanda, que foi campeã da Euro 88 com um icônico uniforme estampado, trocou a indumentária por uma mais clássica para a Copa. A Itália foi na contramão, mantendo o uniforme dos fracassos de 86 e 88 para ser usado no torneio. A Alemanha, como citado acima, também manteve a camisa da Euro 1988 para a disputa da Copa de 90.

O Grupo A da Copa, onde a Itália estrearia buscando o Tetra, contava com forças decadentes como a Tchecoslováquia e Áustria, além dos Estados Unidos, voltando a disputar um Mundial depois de 40 anos. Desde 1986, Azeglio Vicini era o técnico da Itália, depois de ter treinado as categorias de base da Azzurra. A Série A italiana vivia um de seus melhores momentos, com times históricos como o Milan dos holandeses, a Inter dos alemães, o Napoli de Maradona e Careca, a Sampdoria, além de outras forças. E o fato de ter muitos estrangeiros nos clubes italianos não quer dizer nada. Jogadores italianos também estavam numa boa fase. É o caso de Franco Baresi, Maldini, Ancellotti e Donadoni, do Milan; Zenga e Serena, da Inter; De Napoli e Carnevale, do Napoli; Vierchowod, da Sampdoria; Roberto Baggio, da Fiorentina; além de um tal de Salvatore Schillaci, que estava na Juventus mas destinado a esquentar o banco naquele Mundial.

Em Roma, dia 9 de Junho de 1990, a Itália estreava contra a Áustria. Rivais históricos, por causa das disputas territoriais do passado, começavam a batalhar na bola. O ataque titular italiano, com Vialli e Carnevale, não conseguiu furar a defesa austríaca. Então, aos 31 minutos, o atacante do Napoli foi substituído por Schillaci. E foi logo o atacante da Juve que abriu o placar, dois minutos depois. E a Itália conseguia sua primeira vitória no torneio. Destaque para o interessantíssimo uniforme da Áustria, fornecido pela Puma, com um grafismo hipnotizante na parte da frente.


Os Estados Unidos, que foram triturados pela Tchecoslováquia no primeiro jogo por 5x1, eram os próximos rivais da Itália. De novo mandando o jogo na capital nacional, os italianos não venceram os americanos com tanta facilidade quanto os tchecoslovacos, mas o gol de Giannini no começo do jogo já bastou para assegurar a vitória.


A vitória da Tchecoslováquia sobre a Áustria por 1x0 classificava por antecipação os italianos para a fase de mata-mata. Mas jogando em casa, não dava para fazer feio. E então, a Itália bateria os tchecoslovacos por 2x0 no último jogo da fase de grupos, classificando-se em primeiro (e sem dificuldades!). Salvatore Schillaci, que começou os dois primeiros jogos no banco, foi promovido à titular e fez o primeiro gol logo aos 9 minutos do 1o tempo. O segundo gol foi de Roberto Baggio, aos 33 minutos do 2o tempo.


Nas oitavas-de-final, um duelo de Campeões Mundiais. A Itália enfrentaria o Uruguai de Hugo de León, Enzo Francescoli e Rúben Sosa. A Celeste Olímpica havia sido vice-campeã da Copa América de 1989, e ainda tinha certo respeito na América Latina. Uma das bases do Uruguai de 90 era o Nacional que ganhou a Libertadores de 1988 e o Mundial de Clubes do mesmo ano. Ou seja, jogo que prometia dificuldades. Mais uma vez jogando em Roma, a Itália apenas abriu o placar no 2o tempo. Autor do gol? Schillaci. O ex-reserva já fazia o seu 3o na competição. Aldo Serena ampliaria aos 38 e o sonho do tri uruguaio acabaria sendo estendido até os dias atuais.


O próximo adversário italiano não parecia tão assustador. A Irlanda, apesar da boa fase de grupos que fez, passou da Romênia apenas nos pênaltis. Era um time que sabia se defender bem. Mas não segurou Schillaci, que mais uma vez deixava sua marca na competição, aos 38 do 1o tempo. Num jogo predominantemente defensivo, acabou prevalecendo a força dos donos da casa. A Itália estava há apenas dois jogos do Tetra Mundial, e apenas ela poderia conquistar essa honraria, já que o Brasil foi eliminado pela Argentina ainda nas oitavas.

Por falar em Argentina, era a própria que aparecia no caminho da Itália mais uma vez. Eliminou a Iugoslávia nos pênaltis, com atuação memorável do goleiro Goycochea. Aquele também seria o primeiro jogo em que a Itália jogaria fora de Roma. A partida seria realizada no Estádio San Paolo, em Nápoles. Isso gerou uma declaração polêmica de Maradona, ídolo do clube local, que afirmou que os torcedores napolitanos torceriam a favor da Argentina por sua causa. Ledo engano. Maradona foi vaiado como nunca naquele jogo, inclusive pelos mais fanáticos torcedores do Napoli. E o roteiro daquela semifinal começou bem: Schillaci marcava seu sexto gol pela Itália, abrindo o placar logo aos 17 minutos da 1a etapa. A Argentina, muito dependente do seu camisa 10, não conseguia passar pela forte zaga italiana. Mas Claudio Caniggia, aos 12 do 2o tempo conseguiu a brecha para fazer o empate. E mesmo com uma prorrogação que durou oito minutos a mais porque o juiz "não prestou atenção ao seu relógio", não saiu mais gol naquele jogo.

A disputa seria nos pênaltis. A Argentina já havia levado o jogo anterior até a série penal. O primeiro pênalti seria cobrado pela Itália, pelo zagueiro Franco Baresi. Goycochea de um lado, bola para o outro, 1x0 Itália. Serrizuela chutou com força, Zenga foi pro lado errado e empatou a série. No segundo pênalti italiano, Roberto Baggio cobrou, Goycochea chegou a espalmar a bola, mas a gorduchinha acabou indo para dentro das redes (é, Baggio e Baresi já acertaram pênaltis, ao contrário do que 1994 mostraria). Burruchaga empatou, mandando a bola para o lado oposto de Zenga, 2x2. De Agostini recolocou a Itália na frente, num chute onde por muito pouco o goleiro argentino não pegou. Olarticochea (aquele que deu água batizada pro Branco) chutou bem no meio, Zenga foi para a esquerda, 3x3.

A disputa de pênaltis parecia que seria interminável como aquele jogo no tempo normal e na prorrogação, até a hora em que Donadoni chegou para a sua cobrança. O jogador do Milan chutou para a direita, mas Goycochea conseguiu espalmar, dessa vez para fora do gol. Tudo o que a Argentina queria. Foi então que o craque Maradona chegou para realizar sua cobrança, todos na expectativa, já que é algo frequente no futebol vermos craques desperdiçarem pênaltis em decisões, exemplos não faltam. Com categoria, bateu rasteiro à esquerda, enquanto Zenga errou mais uma vez o canto. A Argentina passava à frente da Itália na série. Aldo Serena carregava um peso imenso nas costas: era obrigação acertar o pênalti para manter a Azzurra viva na disputa. Bateu no mesmo canto em que Donadoni chutou, e de novo Goycochea pegou. A Itália estava eliminada da sua Copa do Mundo.


Ao invés da finalíssima em Roma, a Itália disputaria o terceiro lugar da Copa na pequena cidade de Bari. Vencer a Inglaterra, que havia sido eliminada pela Alemanha Ocidental, não seria motivo de festa, mas uma derrota faria tudo ficar mais melancólico. A Inglaterra, que estava satisfeita pela campanha feita, até jogou mais (o "English Team" estava numa crise sem precedentes antes da classificação para a Copa de 90). Mas quem abriu o placar foi Baggio, aos 26 do 2o tempo. David Platt ainda empatou aos 36, mas Schillaci, num pênalti aos 41 minutos, fez o gol da vitória e o gol que selou sua artilharia no torneio. Os italianos não tinham muito o que comemorar, mas Salvatore Schillaci podia fazer sua festa: saiu do banco para virar o maior marcador da Copa do Mundo disputada em seu país. Enquanto os italianos nem celebraram tanto a vitória em Bari, os ingleses fizeram uma recepção calorosa ao 4o lugar da Copa de 1990 no retorno deles à Londres. Enquanto isso, em Roma, qualquer um dos finalistas empataria com a Itália em número de títulos mundiais se vencesse. A Alemanha Ocidental (no último ano da divisão das Alemanhas) foi a vencedora e virou a 3a seleção a ser Tricampeã Mundial.


Depois do fracasso em casa, a Itália aposentou o uniforme que ficou quatro anos em serviço. Mas mesmo com novos uniformes, passaria maus momentos naquela década. A final de 1994 contra o Brasil foi um deles, mais uma derrota nos pênaltis. A final da Euro 2000 contra a França (que também havia eliminado-os da Copa de 1998) também foi dolorosa. E a eliminação para a Coreia do Sul em 2002? O Tetra tão perseguido desde 1986 só viria 20 anos depois, quando a Itália enfim deu o troco nos algozes franceses e no trauma dos pênaltis. Apesar disso, faria uma campanha vergonhosa em 2010, saindo na fase de grupos. E na Euro 2012 levaria uma surra histórica de 4x0 da Espanha na final.

 Mas mesmo assim, os italianos chegam à 2014 sempre com o respeito que conquistaram ao longo de tantas vitórias e derrotas. Estão num grupo complicado, com dois dos adversários que foram batidos na Copa de 90 (Inglaterra e Uruguai) além da incógnita Costa Rica. Será que a Itália conseguirá empatar com a Seleção Brasileira em número de títulos mundiais em pleno Brasil? Enquanto a Copa não vêm, seguiremos com a Série Copa do Mundo 2014, contando as histórias dos times que estão nesse Mundial com as camisas da Mantoteca. Continue acompanhando!

quarta-feira, 5 de março de 2014

[Série Copa do Mundo 2014] Chile 2010 - A velha sina de figurante

Como prometido, trago aqui hoje a continuação da Série Copa do Mundo 2014, onde falarei da 3a seleção do Grupo B, o Chile. Eterno figurante em Copas, o time do país com maior IDH da América do Sul conseguiu o seu melhor desempenho em 1962, quando terminou em 3o lugar na Copa que foi sediada justamente em território chileno. Fora isso, não guarda muitos momentos memoráveis no certame mundial. Até hoje a "Roja" não tem sequer uma Copa América na sua sala de troféus.

Na Mantoteca, guardo uma camisa do Chile bem interessante. Consegui-a após trocar uma camisa do Atlético Paranaense com um chileno em Santiago, no final de 2012. A camisa era da temporada anterior, mas mesmo assim estava intacta. Se hoje é a alemã Puma que fornece o time chileno, de 2003 até 2010 uma fornecedora local chamada Brooks foi a responsável por confeccionar a camisa da seleção nacional. E mesmo sendo pouco conhecida fora de suas fronteiras, a marca confeccionou um uniforme bonito e de boa qualidade para a disputa do Mundial de 2010 na África do Sul. É o exemplar que tenho aqui.


A camisa tem uns detalhes bem interessantes, como os detalhes em cor de cobre, mineral abundante no país (e que é a razão do nome de times chilenos conhecidos como Cobreloa e Cobresal). Na parte interna da gola dá para ler a frase "Con el fútbol todos ganamos".



O Chile caiu num grupo complicado na Copa de 2010. Afinal, a Espanha era Campeã da Euro de 2 anos antes e tinha um certo favoritismo (e lá estão eles no mesmo grupo de novo em 2014). A Suíça com seu ferrolho prometia ser dureza. Só Honduras não assustava. Era um desafio para o time treinado pelo ofensivo técnico argentino Marcelo "El Loco" Bielsa, que contava com jogadores como o lateral-esquerdo Arturo Vidal, os meias Matías Fernandez e Jorge Valdívia, além do centroavante Alexis Sanchez.

O primeiro jogo, dia 16 de Junho, foi contra o azarão Honduras. E mesmo com uma seleção mais fraca, os hondurenhos fizeram um jogo duro contra os chilenos. O único gol de Jean Beausejour, aos 34 do primeiro tempo, foi o suficiente pra garantir os 3 pontos para o time. Enquanto isso, a Suíça surpreendia a Espanha e venceu os campeões europeus também por 1x0.


O jogo contra a Suíça, dia 21 de Junho, seria essencial para manter o sonho da classificação para o mata-mata vivo. Depois de ter vencido os espanhóis, os suíços entraram com certo favoritismo contra os chilenos. Num jogo de ataque contra defesa, o Chile saiu por cima com sua ofensividade, com gol do meia Mark González, que quebrava uma invencibilidade suíça de não levar gols na Copa desde 2006. A vitória de 1x0 deixava os chilenos mais perto das Oitavas. E a Espanha venceu Honduras por 2x0, conseguindo os primeiros pontos no grupo e eliminando os centro-americanos.


Um empate contra a Espanha bastaria para a classificação. Mas os espanhóis precisavam da vitória, já que um triunfo suíço sobre Honduras poderia tirar os espanhóis na primeira fase, caso não vencessem. E num jogo bem disputado, embora a Espanha jogasse melhor, os chilenos conseguiram se impôr com bastante raça.  Não evitaram o gol de David Villa, aos 24 do 1o tempo e de Andrés Iniesta, 13 minutos depois. Mas logo no início do 2o tempo, Rodrigo Millar diminuiu, e o Chile teve ótimas chances de empatar. Fim de jogo: a Espanha atingia seu objetivo com a vitória de 2x1. E para a sorte dos chilenos, a Suíça ficou no 0x0 com Honduras, classificando-se em 2o lugar. A "Roja" voltava a disputar um mata-mata na Copa do Mundo depois de 12 anos. Aquela também foi também a última vez em que o Chile havia se classificado para o Mundial, ainda com Salas e Zamorano no time. Abaixo, os atuais companheiros de Barcelona, Sánchez e Piqué, disputando uma bola.


Se foi em 1998 a última vez que o Chile foi às oitavas-de-final da Copa, o adversário seria justamente o mesmo daquela ocasião. E as memórias não eram nada agradáveis. Afinal, tanto os chilenos quanto nós, brasileiros, lembramos muito bem daquele massacre de 4x1 que o Brasil comandado por Zagallo aplicou na seleção vermelha. Mas a história era um pouco diferente em 2010, a Seleção Brasileira ainda era vista com certa desconfiança pelo torcedor, ao contrário de 98, enquanto os chilenos estavam prontos e ansiosos para interromper uma série de vitórias, todas elas de goleada, impostas pelo Brasil durante a primeira década do Século XXI.

O jogo contra o Brasil começou equilibrado. Em alguns momentos parecia até que o Chile enfim conseguiria interromper a série de vitórias brasileiras. Até um escanteio aos 35 do 1o tempo, onde o zagueiro Juan subiu mais alto que toda a zaga chilena e cabeceou sem chances para o goleiro. Ainda atordoado pelo primeiro gol, três minutos depois Luis Fabiano ampliou o marcador. Então o domínio passou todo pelo time comandado por Dunga, que ainda faria o 3o gol aos 14 minutos do 2o tempo com Robinho. Ficaria por isso aí, 3x0 para o Brasil. Chile eliminado da Copa do Mundo e de novo surrado pelos canarinhos.


A camisa usada na Copa do Mundo teve uma vida muito breve. Ainda no fim de 2010 a Puma entrava como fornecedora do Chile e lançava seus primeiros uniformes para "La Roja". Hoje, os chilenos estrearam seu novo uniforme da Puma para a Copa de 2014 contra a Alemanha (vestida com o uniforme reserva supostamente inspirado no Flamengo). Perderam de 1x0 em Stuttgart, mas mostraram que estão mais fortes que há 4 anos atrás e que poderão até surpreender os favoritos de seu grupo, Espanha e Holanda.

E aí, será que o Chile, depois de ter esperado 52 anos para voltar a disputar uma Copa na América do Sul (falharam ao se classificar para a Argentina em 78), vai conseguir sair da figuração e chegar, quem sabe, até as semifinais, como naquela vez? Aguardemos.

Enquanto isso a Série Copa do Mundo segue em frente. A Austrália infelizmente será pulada, pois no momento ainda não tenho uma camisa dos "Socceroos" (quero uma reserva azul de 2010, se alguém tem pra vender...), além do Grupo C inteiro (Colômbia, Costa do Marfim, Grécia e Japão) e de mais da metade do grupo D. O próximo post será sobre a Itália, único integrante do Grupo D que possuo camisas de seleção. E a camisa da Azzurra que tenho aqui é muito especial e tem uma história muito boa! Continuem ligados!



terça-feira, 4 de março de 2014

[Série Copa do Mundo 2014] Holanda 2008/09 - Acelerando sem cruzar a linha de chegada

Olá pessoal!
Finalmente voltei ao Brasil depois de 7 ótimos meses na Alemanha, onde tive a oportunidade de aprender várias coisas e adquirir mais peças para a coleção. Já quase no final do Carnaval, aproveito o tempo livre do feriado para fazer a postagem sobre a camisa da segunda Seleção do Grupo B da Copa do Mundo: a Holanda.


A camisa acima foi o uniforme reserva utilizado pelos holandeses entre 2008 e 2009. A Nike fornece a Seleção dos Países Baixos desde 1997, quando também começou o contrato que dura até hoje com a Seleção Brasileira. Tradicionalmente, a Holanda usa a cor da Família Real do país, o laranja, como uniforme principal. E costuma revezar as cores na camisa alternativa, com cores como branco, preto e, como visto acima, o azul.


Acima, na parte interna da gola, pode-se ver os dois primeiros versos do Hino Nacional Holandês ("Het Wilhelmus"). E o formato pentagonal do escudo do uniforme é assumidamente inspirado nas "Cube Houses" de Rotterdam, um ícone da arquitetura moderna holandesa. Além da listra com as cores da bandeira cruzando a parte da frente da camisa. A camisa titular daquela época também tem detalhes em comum, como o escudo pentagonal, os versos do hino e a bandeira da Holanda, só que essa também era na gola.


A camisa reserva estreou no final de 2007, enquanto a titular foi lançada no início de 2008. Ambos foram lançados para substituir os uniformes de 2006, que foram usados na Copa daquele ano (onde a Holanda foi parada por Portugal nas oitavas de final, num dos jogos mais violentos da história do torneio mundial). Uma nova geração de jogadores holandeses tentavam se afirmar naquela época, ainda com alguns veteranos como o goleiro Van der Sar, o meia Giovanni von Bronckhorst e o atacante Ruud van Nilsterooy. Nomes fortes como Arjen Robben, Robin van Persie, Wesley Sneijder e Rafael van der Vaart ganhavam cada vez mais espaço no time que, assim como em 2006, era treinado pelo ex-centroavante Marco van Basten, que fechou a porta para outros veteranos que ainda tinham vaga naquele time, como, por exemplo, Clarence Seedorf.

A Euro 2008 significava algo muito importante para a Holanda: o segundo título oficial do país num torneio internacional. Vinte anos antes a mesma Holanda havia vencido a Euro 1988, disputada na Alemanha Ocidental, e vencendo uma forte União Soviética na final, com um gol histórico do homem que naquela época estava no banco como treinador, van Basten. Além disso, serviria para formar a base do time que tentaria a classificação para a Copa do Mundo de 2010, e quem sabe tentar conquistar o título que lhe escapou pelos dedos duas vezes seguidas, em 1974 e 78.

"Os Laranjas" classificaram-se para a Euro de forma apertada, terminando a fase eliminatória atrás da Romênia e apenas um ponto à frente da Bulgária. E ainda por cima caiu no "Grupo da Morte", que tinha França, Itália e os mesmos romenos que haviam ficado à frente na fase anterior. Italianos e franceses eram "apenas" campeões e vices da Copa de 2 anos antes, respectivamente. Boa parte do time da Itália de 2006 ainda estava na equipe da Euro, enquanto a França já estava sem a sua maior referência, Zinedine Zidane.

A Holanda, naquele Junho de 2008, estreou na capital da Suíça, Berna, contra a Itália campeã do Mundo. E o que se viu foi um passeio holandês. 3x0 Holanda, com gols de van Nilsterooy, Sneijder e van Bronckhorst. A Itália, treinada pelo ex-jogador Donadoni, que sempre foi referência na defesa, só não levou mais gols porque Buffon não permitiu.


O próximo jogo seria contra a França, também em Berna. Mesmo com a predominância de franceses no estádio (o que é justificado pela proximidade da Suíça com as terras francesas) e mesmo contando com veteranos como Henry e Thuram, além de nomes que estavam cada vez permanentes no time como Franck Ribéry, a Holanda surpreendeu mais uma vez. Depois de surrar a campeã do Mundo, surrou o vice por impiedosos 4x1. Gols de Kuyt, Van Persie, Robben e Sneijder. Henry descontou para a França. Com a vitória e o empate de 1x1 entre Romênia e Itália, a Holanda já garantia a vaga na fase final (e também ganhava a credencial de favorita do torneio).


O jogo contra a Romênia virou apenas um cumprimento de tabela para a Holanda, embora a seleção do Leste Europeu ainda pudesse se classificar se vencesse os holandeses (e dependendo do resultado do jogo entre Itália e França por causa do saldo de gols). Mesmo com quase todo o time de reservas, a Holanda bateu a Romênia por 2x0, gols de Huntelaar e Van Persie, também em Berna, eliminou a Romênia (a Itália classificou-se ao vencer a França por 2x0 também), e garantiu a liderança do grupo


Naquele momento, a Holanda, junto à Espanha, eram as maiores favoritas para levar o título. Mesmo com a Espanha ainda carregando o rótulo de "amarelona" (como visto no post anterior do Blog). O adversário dos holandeses seria a Rússia, que estreou levando um passeio de 4x1 da Espanha e classificou-se em segundo de seu grupo vencendo a Grécia, que defendia o título da Euro, por 1x0, e a Suécia de Ibrahimovic por 2x0. Muitos apostavam na Holanda, que estava 100% no torneio.

Mas o que se viu naquele dia nas quartas-de-final de Basiléia foi diferente do que foi visto em Berna por três vezes. Bem diferente. A Rússia, ironicamente treinada pelo holandês Guus Hiddink, abriu o placar com um gol de Pavlyuchenko, aos 11 minutos da 2a etapa. E van Nilsterooy, aos 41, empatou o jogo, levando à prorrogação. Uma partida completamente marcada pela ofensividade das duas equipes. Os primeiros 15 minutos de tempo extra foram menos agitados do que os 90 anteriores, levando a crer que o jogo seria definido nos pênaltis. Porém, aos 7 minutos do segundo tempo da prorrogação, Torbinski desempatou a partida. E quando parecia que a Holanda arranjaria o gol do empate, o atacante Arshavin, campeão da Liga Europa daquele ano com o Zenit de São Petersburgo, fez o terceiro gol aos 11 minutos, fechando a conta. A Holanda mais uma vez decepcionava sua torcida. Estava fora do caminho para a final em Viena, na Áustria. A Euro 2008 foi a segunda na história disputada em 2 países, a primeira foi justamente na Holanda e na Bélgica, 8 anos antes.


Mesmo a Rússia tendo tirado com autoridade uma das maiores favoritas no torneio, não aguentou a força da Espanha novamente e levou outra surra, dessa vez de 3x0. A Espanha quebrava o estigma de sempre perder em jogos decisivos ao vencer a Alemanha por 1x0 em Viena na final. E a Holanda... bem, continuava vivendo das lembranças dos vices mundiais de 74 e 78 e da vitória solitária na Euro 1988. Mas a África do Sul era logo ali. E, quem sabe, não chegaria a hora de enfim levar a Copa que insiste tanto em fugir?

As Eliminatórias para 2010 começaram em Setembro de 2008 para a Holanda, que estreou contra a fraca Macedônia em Skopje. Vitória de 2x1, gols de Heitinga e van der Vaart. O gol macedônio foi feito por Pandev, que estaria no forte time da Inter de Milão que conquistou uma Quíntupla Coroa em 2010 e hoje joga no Napoli.


O outro adversário da Holanda, em Outubro, também não havia tanta tradição no cenário mundial: a Islândia. Jogando em Rotterdam, venceu com facilidade por 2x0, gols de Mathijsen e Huntelaar.


O jogo seguinte contra a Noruega em Oslo prometia ser mais difícil. Quatro dias depois do jogo contra os islandeses, a Holanda enfrentaria os outros escandinavos. E venceriam novamente: 1x0, gol de van Bommel. Já em Março de 2009, o jogo contra a Escócia seria importante para que o time continuasse com 100% de aproveitamento. E jogando em Amsterdam, venceu facilmente por 3x0, gols de Huntelaar, van Persie e Kuyt. Em Abril, massacraria a Macedônia no começo do 2o turno das eliminatórias, com impiedosos 4x0 (2 de Kuyt, um de Huntelaar e outro de van der Vaart). Abaixo, imagem de Robben sofrendo falta no jogo contra a Escócia.


Na gelada Reykjavik, a Holanda vencia novamente a Islândia por 2x1 (de Jong e van Bommel), em Julho de 2009. Estava isolada na liderança de seu grupo nas Eliminatórias Europeias. Quatro dias depois de vencer os islandeses e já classificada por antecipação para a Copa, bateu novamente a Noruega em Amsterdam por 2x0 (Oojier e Robben). Aquele time não queria saber de pisar no freio.

A Escócia precisava apenas vencer a já classificada Holanda para conseguir pegar o 2o lugar no grupo e ir para a repescagem, sem depender mais de ninguém. Mas quem disse que aquele time holandês deixou os escoceses retornarem à Copa depois de 12 anos? Elia fez o único gol do jogo, em Glasgow, e eliminou a Escócia, que foi ultrapassada pela Noruega na tabela pelo saldo de gols (e nem assim foi para a repescagem - pois teve a menor pontuação de todos os 2o lugares). Porém, a Holanda havia feito história. Terminou com 100% de aproveitamento as Eliminatórias, 14 pontos à frente da Noruega e da Escócia. Mas mesmo assim era difícil confiar naquela seleção. Na Euro 2008 foi a mesma coisa, uma campanha arrasadora na fase de grupos para cair logo no primeiro jogo da fase de mata-mata. Abaixo, foto do jogo final contra a Escócia, em Glasgow.


A Nike em 2010 preparou um novo uniforme para a  Holanda. Aposentou a combinação bizarra de camisa laranja + calções brancos + meias azuis-claras para retornar com o calção preto. A camisa reserva azul foi substituída por uma branca, assim como em 2006. E sobre a campanha na Copa, quem é brasileiro lembra muito bem: a Holanda eliminou o Brasil nas quartas de final por 2x1 (Olá, Felipe Melo!), passaria pelo Uruguai nas semis e faria a final com a Espanha, onde fracassaria novamente, ficando com três vices mundiais e vendo a festa que os espanhóis fizeram ao chegar num ponto onde nem todos imaginavam que eles alcançariam. Na Euro 2012, a Holanda fracassaria de forma mais cruel, ficando na lanterna da fase de grupos, atrás de Alemanha, Portugal e Dinamarca.

Nas Eliminatórias para 2014, os holandeses quase repetiriam o feito de 2009, classificando-se de forma invicta (9 vitórias e 1 empate). Estarão no Brasil, junto com a mesma Espanha que os venceu 4 anos atrás em Joanesburgo, além de se juntarem ao Chile e Austrália no Grupo B. A Nike já lançou a nova camisa titular, e a reserva já vazou na internet: será azul, assim como a camisa de 2008 que falamos hoje, só que com tons mais escuros, e um escudo retrô homenageando os 125 anos da Real Federação Holandesa de Futebol. A imagem abaixo mostra a nova camisa azul da Holanda:


Será que em gramados brasileiros a Holanda conseguirá enfim colocar as mãos na Taça do Mundo FIFA sem deixá-la cair no chão? Enquanto essa pergunta permanece em aberto, a Mantoteca prosseguirá com a Série Copa do Mundo falando da outra seleção do Grupo B, o Chile!

Até lá!