domingo, 24 de novembro de 2013

POST DE HONRA DUPLO - França e Croácia, rumo ao Brasil! (PARTE 2)

Olá meu povo!
Chego aqui com a 2a parte desse Post de Honra, que homenageia duas das seleções que se classificaram nesta última semana para a Copa do Mundo de 2014: França e Croácia. Sobre os franceses, tudo já foi dito na parte 1. Agora, é hora de tirar do armário da Mantoteca uma das camisas mais emblemáticas do futebol: o uniforme da Croácia!





"Toalha de piquenique", "pano de restaurante italiano", entre outros apelidos, a camisa croata tem esse peculiar desenho quadriculado em homenagem ao brasão de armas do país. O desenho xadrez era utilizado como símbolo dos antigos reis croatas, datando supostamente da Idade Média. E, ao contrário do que alguns pensam, esse não foi sempre o uniforme principal da Seleção Croata. Entre 1940 e 1944, período da 2a Guerra Mundial, a Croácia esteve brevemente separada da Iugoslávia, e chegou a ter uma seleção reconhecida pela FIFA. O uniforme daquela época era vermelho com calções brancos e meiões azuis, e como a guerra não possibilitou que torneios internacionais fossem realizados naquela época, a participação dessa seleção croata apenas limitou-se aos amistosos.

A Seleção Croata voltaria à ativa em 1991, ano em que a sangrenta Guerra dos Bálcãs estava em curso. Enquanto uma triste batalha devastava o país, o time da Croácia voltava à ativa, com alguns jogadores que defenderam a Iugoslávia na Copa de 1990. Já naquele ano de 91 o time adotava o uniforme quadriculado como sua camisa titular. E no ano seguinte, a Croácia se afiliava a FIFA e a UEFA. Ficaria de fora das eliminatórias para a Copa de 1994, porém, já poderia disputar as eliminatórias para a Euro de 1996, onde conseguiriam qualificar-se. A triste guerra findava-se em 1995, mas até hoje a rivalidade entre croatas e sérvios por causa do conflito ainda é imensa.



Acima, pode-se ver o uniforme croata utilizado na Euro 1996, fornecido pela Lotto. No torneio, disputado na Inglaterra, não só a extravagância da camisa como também uma surpresa futebolística seriam conhecidas pelo Mundo.A Croácia conseguiu passar pela fase de grupos e caiu nas quartas para a Alemanha, perdendo de 2x1. O time germânico "apenas" seria campeão daquele torneio. Mas o melhor ainda estava por vir. Contando com Davor Suker, Zvonimir Boban, Robert Prosinecki (esses 3 já tinham defendido a Seleção da Iugoslávia, sendo que o último chegou a jogar na Copa de 1990) além de outros bons jogadores como os zagueiros Tudor e Simic, os croatas chegaram até a Copa de 1998 na França. E não foram só passear. Fariam história, depois de aplicarem um histórico 3x0 na Alemanha nas quartas, parando só nas donas da casa, quando foram derrotados com dificuldade pela França de Zidane por 2x1. A Croácia, após vencer a Holanda de Kluivert, Seedorf, Davids, Bergkamp e outros tantos jogadores destacados por 2x1, ainda colocaria seu nome como a 3a melhor seleção daquela Copa. E Suker ainda terminaria como artilheiro da competição, com 6 gols marcados. A camisa utilizada pelo time croata naquele histórico ano de 98 é, na minha opinião, a mais bonita de todas. O quadriculado segue um padrão diferente, como se fosse uma bandeira tremulando. É um manto que um dia ainda estará nos armários da Mantoteca! Abaixo, uma foto de Suker utilizando a camisa no jogo contra a França.




Porém, depois do ano inesquecível de 1998, a Croácia ganhou o indesejado status de "eterna promessa".  Muitos esperavam a volta daquele time para a Euro 2000, mas falharam ao se classificar. Muitos jogadores daquele time de 1998 começavam a se aposentar, e mesmo chegando novamente no Mundial de 2002, não conseguiram passar pela fase de grupos, nem mesmo depois de uma vitória sobre a Itália (que foi vice na Euro 2000) por 2x1. Foram para a Euro 2004 em Portugal, caindo num grupo com Suíça, França e Inglaterra. Conseguiram empatar com os franceses por 2x2, mas perderam para os ingleses por 4x2. Como haviam empatado com os suíços, novamente ficaram na fase de grupos. Conseguiram ir para a sua 3a Copa do Mundo consecutiva, um fato por si só histórico. Mas o vexame seria o mesmo. Caiu num grupo com Brasil, Austrália e Japão. A derrota para o Brasil foi normal, já que a Seleção Brasileira era a maior favorita daquela Copa (essa é uma outra história, para outro post). Mas os empates com o Japão comandado por Zico e com a Austrália mandariam os croatas novamente mais cedo para casa. Abaixo, uma foto da Croácia de 2006 jogando contra o Brasil de Adriano Imperador.


Em 2008, ano da próxima Eurocopa, fariam 10 anos daquela campanha inesquecível da Copa de 1998. Por isso, era essencial para os croatas classificarem-se para o torneio. Nas Eliminatórias, caíram num grupo onde também estava a Inglaterra, carrasca da Euro 2004. Mas dessa vez a história foi diferente: os croatas só perderam um jogo das Eliminatórias (contra a Macedônia) e venceram a Inglaterra dentro de Wembley, também derrotando os britânicos jogando em casa. As derrotas da Inglaterra custaram caro: a Rússia acabou entrando no torneio no lugar do "English Team".






Aqui está a foto da parte de trás da camisa da Croácia pertencente à Mantoteca. Pode-se notar que na gola está escrito "Hrvatska", que é o nome do país em servo-croata. E com essa camisa, os croatas disputariam a Euro 2008. A Nike entrou no lugar da Lotto em 2000 e até hoje é a fornecedora oficial da Seleção Croata. Essa camisa estreou num amistoso contra a Escócia em Glasgow. O resultado foi apenas um simplório 1x1


O primeiro desafio croata na Euro 2008 não seria fácil. Aquela era a segunda Eurocopa da história a ter duas sedes (a primeira foi a de 2000, com Holanda e Bélgica). Dessa vez, os anfitriões eram Áustria e Suíça. E seria contra os austríacos em Viena o primeiro desafio croata em busca de se livrar de vez da farda de "eterna promessa". A Croácia contava com jogadores como o meia Srna, o veterano Niko Kovac (que só não esteve naquele time de 1998 porque se lesionou às vésperas da Copa), além de Luka Modric e o atacante Ivica Olic (muito conhecido na Alemanha, por ter defendido times como Hertha Berlim, Hamburgo, Bayern de Munique e atualmente o Wolfsburg). E ganhou por 1x0, depois de um gol de pênalti de Modric logo no começo da partida.


O segundo jogo seria muito difícil. Afinal, encarar a Alemanha nunca é fácil. Ainda mais quando ela conta com jogadores como Lahm, Schweinsteiger, Ballack, Podolski, Mario Gomez, Klose e outros nomes. Mas assim como 10 anos antes, a Croácia surpreendeu os alemães, abriram 2x0 com Srna e Olic e deixaram Lukas Podolski fazer o gol germânico depois. O placar final de 2x1 praticamente assegurava a Croácia na fase de mata-mata.


Ainda havia o último jogo da fase de grupos, que para a Croácia apenas serviria como cumprimento de tabela. Mesmo assim, os croatas mantiveram o 100% de aproveitamento e ganharam da Polônia por 1x0, gol do atacante Klasnic. Parecia que a Croácia dos bons tempos estava de volta.


A fase de quartas-de-final reunia um duelo entre duas seleções que surpreenderam o Mundo nos últimos 10 anos. De um lado, a Croácia, 3o lugar na Copa de 1998. Do outro, a Turquia, 3o lugar na Copa de 2002. Enquanto a Croácia classificou-se de forma fácil para a 2a fase da Euro, a Turquia passou por uma situação mais complicada. Estreou perdendo de 2x0 para o Portugal de Felipão e Cristiano Ronaldo, venceu a outra anfitriã Suíça de virada, graças a um gol aos 47 do segundo tempo de Arda Turan, e fez uma partida histórica contra a República Tcheca: após sair perdendo por 2x0 até os 30 do segundo tempo, conseguiu virar o jogo em 14 minutos e classificar-se para a fase final. A Croácia entrou como favorita pela campanha, mas a Turquia havia mostrado nos dois últimos jogos que seria capaz de encarar qualquer obstáculo para passar de fase.

O jogo foi no palco que depois sediaria a final do torneio, o Estádio Ernst-Happel, em Viena. Mas apenas um daqueles times poderia jogar lá no dia 29 de Junho de 2008, a data marcada para a finalíssima. Ao contrário da expectativa geral, o jogo foi morno, terminando 0x0 no tempo normal. Mas a prorrogação valeria mais até do que o preço dos ingressos. Os 30 minutos extras foram disputados de uma forma emocionante, com o gol de Klasnic saindo aos 14 do 2o tempo da prorrogação. A Croácia estava a apenas um milímetro da classificação para as semis, se não fosse pelo gol de Semih Senturk no último minuto de acréscimo daquele tempo extra. A Turquia do impossível havia empatado o jogo, e mandou a decisão daquela partida que começou fria e terminou fervendo para a disputa de pênaltis.

A Croácia entrou para a disputa de pênaltis visivelmente abatida por causa do gol sofrido no apagar das luzes. Modric, que havia feito o 1o gol croata na competição (de pênalti), mandou sua cobrança pra fora. Arda Turan não perdoou e abriu 1x0 na disputa. Logo depois, veio Dario Srna e empatou. Entretanto, Semih, o autor do gol que levou a disputa para as penalidades, marcou de novo. Restava a Rakitic manter a Croácia viva, mas assim como Modric, bateu mal e a bola foi pra fora. Hamit Altintop aproveitou a chance que o croata lhe deu e marcou a 3º cobrança da Turquia. Agora a Croácia dependia apenas de acertar seu chute para manter-se viva. A responsabilidade caiu nos pés de Petric que, aparentemente abatido, foi até a marca do pênalti. Bateu fraco, no meio do gol, facilitando a defesa de Rustu (sim, o mesmo goleiro da Copa de 2002, que tinha o hábito de pintar o rosto como um guerreiro antes das partidas). Turquia classificada. A Croácia, de forma dramática, dizia adeus à Euro 2008.



A Turquia enfrentaria a Alemanha na semifinal, a mesma Alemanha que havia sido vencida pela Croácia na fase de grupos. Pela quarta vez seguida, a Turquia fazia um jogo emocionante, saindo na frente no placar e permitindo a virada alemã. Aos 41 do 2o tempo a Turquia ainda empataria novamente o jogo, mas Philipp Lahm não permitiu que os turcos levassem mais um jogo para a prorrogação, fazendo o gol da vitória aos 45 da etapa final. A final acabou sendo entre Alemanha X Espanha, num jogo que não foi tão emocionante quanto se esperava. Vitória espanhola por 1x0, gol de Torres, e iniciava-se uma hegemonia da Espanha que chegaria a níveis mundiais. Mas isso é para outro post.

Após o fracasso da Euro 2008, a Croácia agora só podia pensar em ir para sua 4a Copa do Mundo consecutiva. A campanha no torneio, apesar da eliminação doída, mostrava que os croatas poderiam ir para a África do Sul e tentar surpreender o mundo, assim como em 1998. Nas Eliminatórias, caiu num grupo com a insignificante Andorra, as fracas seleções do Cazaquistão e Bielorrússia, além da Ucrânia, que não estava num bom momento e da Inglaterra. A mesma Inglaterra que a Croácia tirou da Euro 2008. O sonho de voltar ao Mundial era real.

Ainda em Setembro de 2008, a Croácia estreava com uma vitória de 3x0 sobre o Cazaquistão, com gols de Kovac, Modric e Petric. Mas ainda naquele mês, o sinal amarelo seria ligado: a Inglaterra entrou mordida contra os croatas e goleou em plena Zagreb por 4x1, com 3 gols de Walcott. A derrota em Wembley ainda era recente demais para ser esquecida.


Um mês depois, a Croácia voltava aos campos para enfrentar a Ucrânia em Kharkhiv. Mas o jogo não passou de um morno 0x0. Enquanto isso, a Inglaterra isolava-se na liderança do grupo e a Ucrânia continuava na frente da Croácia na classificação, o que eliminava os croatas da Copa. O jogo seguinte era obrigação ganhar, em casa contra a fraca seleção de Andorra, no final 4x0 para a Croácia.

As eliminatórias voltariam a ser disputadas em Abril de 2009, e novamente o adversário era Andorra, fora de casa. Mais uma vitória croata por 2x0, com gol de Eduardo da Silva, o carioca naturalizado croata que voltava ao time após de se recuperar de uma grave lesão ocorrida em Fevereiro de 2008 quando atuava pelo Arsenal no Campeonato Inglês.

O jogo seguinte seria em Junho, contra a Ucrânia em casa. O resultado não foi nada animador, um empate em 2x2. Um dos gols ucranianos foi marcado pelo célebre centroavante Shevchenko. Em Agosto, a Croácia voltava a campo pelas eliminatórias, jogando contra a Bielorrússia fora. Abriu 3x0 e apenas levou um gol dos rivais nos 10 minutos finais. Isso ainda mantinha viva a esperança de se classificar, embora a Inglaterra estivesse cada vez mais isolada no grupo, garantindo a vaga direta. E a Ucrânia sempre ali, na briga pelo 2o lugar que poderia dar a vaga na repescagem.

 Um mês depois, bielorrussos e croatas voltavam a se enfrentar. E, jogando em casa, a vitória foi mais magra: 1x0 para a Croácia. Mas o que realmente interessava era o jogo que viria 4 dias depois. A Inglaterra de novo, Wembley de novo. Um milagre de novo?

A Inglaterra, novamente, massacrou a Croácia, soterrando de vez as lembranças daquele jogo decisivo nas eliminatórias da Euro 2008. 5x1, com dois de Lampard, dois de Gerrard e um de Rooney. O gol croata foi marcado pelo brasileiro Eduardo. E a Inglaterra continuava com 100% de aproveitamento nas eliminatórias, já classificada por antecipação para a Copa de 2010. A Croácia corria sério risco e já não dependia mais de si mesma, visto que a Ucrânia ainda tinha dois jogos por fazer. Para os croatas, era vencer o Cazaquistão e torcer para que a Ucrânia perdesse pelo menos um de seus jogos, o que não era impossível, visto que um dos adversários era a invicta Inglaterra.


Mas a Inglaterra, já classificada, perdeu para a Ucrânia. E definitivamente, os croatas estavam numa situação extremamente difícil. Além da vitória obrigatória sobre o Cazaquistão, ainda teriam que torcer para que a "poderosa" seleção de Andorra arrancasse um empate da Ucrânia para ir até a repescagem. Os croatas fizeram sua parte, ganhando de 2x1 dos cazaques em Astana. Mas a Ucrânia fez o óbvio: massacraram Andorra por 6x0, o que eliminava de vez a Croácia da Copa.

A Croácia ficava de fora de um Mundial pela primeira vez depois de 3 Copas. E a Ucrânia que tirou a vaga dos croatas na repescagem, também acabou ficando de fora. Conseguiu arrancar um empate contra a Grécia em Atenas, mas acabou sendo derrotada por 1x0 em Donetsk, o que classificou os gregos para seu 1o Mundial desde 1994.

Em 2010, a Nike aposentava a camisa utilizada na Euro 2008 e lançava um modelo interessante, com várias marcas d'água quadriculadas junto ao quadriculado normal. E a história dos croatas buscando seu lugar ao sol obviamente continuou. Terminaram em 2o nas eliminatórias para a Euro 2012, ganharam daquela mesma Turquia que os eliminou em 2008 por incríveis 3x0 fora de casa e segurando um 0x0 em casa, qualificando-se pela repescagem. Caiu num difícil grupo com Itália, Espanha e Irlanda. Ganhariam da Irlanda e empatariam com a forte Itália, mas a derrota para a Espanha por 1x0 eliminaria mais uma vez a Croácia na fase de grupos. A Espanha, Campeã Mundial em 2010, seguiu seu caminho e foi campeã novamente da Euro.

Nas eliminatórias para 2014, conseguiu ser 2o lugar num grupo onde tinha a Bélgica mais forte dos últimos 20 anos, a tradicional Escócia, o País de Gales de Ramsey e Gareth Bale, além da eterna arquirrival Sérvia. Foi para a repescagem contra a surpreendente Islândia, arrancou um empate em 0x0 fora e ganhou facilmente por 2x0 em casa, o que carimbou a passagem do time para a sua 4a Copa do Mundo.

E aí, será que os croatas surpreenderão no Brasil?



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