Fala rapaziada!
Primeiramente, um Feliz Natal a todos! Ganharam camisas novas de presente?
Hoje interromperei a série das camisas dos times participantes da Copa do Mundo para iniciar um projeto que já tinha em mente há algum tempo. Também publicarei logo depois um novo Post de Honra ao Bayern de Munique, em homenagem ao Título Mundial de Clubes conquistado no último sábado.
E é exatamente sobre o lugar onde o Mundial de 2013 aconteceu que falarei hoje: o Marrocos!
Estive no Marrocos nessa última semana, já que o Mundial de Clubes foi uma ótima oportunidade para conhecer o país, assistir bons jogos e é claro: caçar camisas locais! Um dos focos da minha Mantoteca são as camisas dos lugares que vou conhecendo, então não poderia deixar de adquirir alguma camisa de qualquer equipe local.
A primeira parada foi Marrakech, a cidade que sediaria a final do Mundial. Junto dela, a cidade costeira Agadir também sediou algumas partidas, mas não fui até lá. A Medina, parte antiga de Marrakech cercada por muros (que é presente em todas as outras cidades grandes do Marrocos e de outros países do Norte da África), possui um agitado comércio, partindo da célebre praça Djemaa el Fna, onde encantadores de serpentes, adestradores de macacos e outros tipos bem interessantes tornam aquele local semelhante a um circo à céu aberto.
Nos mercados da Medina (os "Souks") há várias barracas com lotes e lotes de camisas piratas, a maioria dos grandes times europeus, além de algumas seleções (principalmente Brasil, França e Marrocos) e dos times locais. Cheguei em Marrakech um dia depois da vitória do Raja Casablanca sobre o Atlético Mineiro, e por toda parte estavam réplicas da camisa do time alviverde, além de bandeiras e outros acessórios, como o DVD do jogo!
Como não gosto de pegar camisas piratas (a maioria das falsificações eram malfeitas, embora as versões piratas dos times locais fossem até parecidas com as originais), fui procurar nas lojas de esporte fora da Medina. Localizam-se no bairro de Guéliz, uma das partes mais "liberais" de Marrakech, com belas meninas marroquinas andando com roupas ocidentais e sem véu, havia algumas dessas lojas. Uma delas é a Planet Sport, onde pude encontrar a camisa atual da Seleção Marroquina. Mas achei 700 Dirhams (cerca de 210 reais) muito para uma camisa daquelas e decidi não levar. Abaixo, uma foto com as camisas que vi na loja (essa foto não é minha e não é da loja citada)
Mas queria mesmo era a camisa do Raja Casablanca, e naquela loja não tinha. A mesma coisa na CitySport (que até foi o patrocinador master do time marroquino no Mundial), outra loja que fica no local. Como na loja anterior, havia camisas da Seleção Marroquina e dos grandes europeus (Barcelona, Real Madrid, Chelsea, Milan e, claro, do Bayern que jogou o Mundial). Havia também a camisa do Wydad Casablanca, arquirrival do Raja. As duas camisas usam templates genéricos da Adidas e custavam 510 Dirhams cada. São as duas primeiras da foto (da esq. pra direita) e estavam sendo vendidas sem o patrocínio.
Decepção mesmo foi na área onde a FIFA montou a FanFest, também em Guéliz. Ali havia uma barraca vendendo produtos com a marca do Mundial de Clubes, mas nada de vender as camisas dos times participantes (nem do Bayern, que é fornecido pela parceira da FIFA, a Adidas). No estande montado no estádio de Marrakech foi a mesma coisa: nada de camisas dos times participantes. Aliás, até na Medina só dava para encontrar camisas do Raja e do Bayern. Os próprios comerciantes marroquinos estavam perguntando para os brasileiros se eles vendiam camisas do Atlético-MG, nem versão pirata das camisas dos demais clubes do Mundial havia lá! Mas enfim, era hora de assistir a decisão do torneio!
Depois de assistir o disputado jogo entre Atlético-MG e Guangzhou Evergrande, que deu o 3o lugar da competição ao time de BH, e depois da sonolenta vitória do Bayern sobre o Raja Casablanca, dando o Tri Mundial ao time alemão, era hora de pegar o ônibus para Casablanca e ver se por lá ainda dava para achar o uniforme da equipe que foi sensação do país naquela semana. Na maior cidade do Marrocos, fui direto ao Morocco Mall, maior shopping do país, localizado junto ao litoral da cidade. Fugindo dos taxistas que cobram preços extorsivos e usando um "Petit Taxi" (os táxis vermelhos da cidade que usam taxímetro), paguei aproximadamente 50 Dirhams da rodoviária (no Centro de Casablanca) até o lugar. Lá também encontrei as mesmas lojas de esportes que vi em Marrakech, além de uma loja própria da Adidas. Abaixo, a loja da CitySport no Morocco Mall:
Apenas na CitySport e na Adidas haviam camisas do Raja Casablanca a venda. Na Adidas apenas pude encontrar a camisa branca usada no Mundial por 600 Dirhams. Não havia a camisa listrada e somente a camisa verde usada no Campeonato Marroquino também era vendida ali, só que diferente do uniforme da imagem, o uniforme só vinha com o patrocínio da CitySport e com o escudo do Raja na parte direita ao invés de estar no meio. Abaixo, uma foto da camisa verde usada no torneio nacional:
Como apenas a camisa branca era similar a utilizada no Mundial (e não gostei dela, além de ter achado cara demais), na CitySport haviam duas outras camisas do Raja sendo vendidas. Ambas eram verdes, mas nunca vi foto delas sendo utilizadas em jogo. Como esses times mudam toda hora de camisa, já que usam só templates prontos, não duvido nada que um dia eles ainda joguem com as camisas que vi à venda. E então decidi comprar a camisa abaixo, que estava por 180 Dirhams (64 reais). E que não deve nada as camisas que foram usadas em campo.
Uma observação: esse template de cima é o mesmo da camisa reserva do Wydad Casablanca e que foi utilizado na camisa da Seleção do Marrocos em 2012. Com a camisa comprada, e já com o dinheiro da viagem gasto, a caça às camisas parou aí. Observação importante: se for comprar camisa no cartão no Marrocos, as lojas aceitam os principais: Visa e Mastercard. American Express é algo praticamente inexistente por lá.
Esse foi o primeiro Guia de Compras da Mantoteca, espero que tenham gostado! Ainda falarei sobre outros lugares onde estive procurando camisas, aguardem!
Abraços e até a próxima!
quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
Pequeno desabafo sobre o caso STJD
Olá a todos!
Vocês sabem bem que esse blog é dedicado a camisas de futebol, especialmente as da minha Mantoteca. Mas devido aos acontecimentos de ontem fica impossível não emitir minha opinião sobre o caso. Para um amante de futebol é simplesmente um CRIME ver campeonatos sendo decididos dentro de salas de tribunal, diante de argumentos tendenciosos e regulamentos furados.
Infelizmente o Futebol Brasileiro sempre teve esses problemas, principalmente nos torneios estaduais de algumas federações país afora. Na elite do Brasileirão, já estávamos há quase 9 anos sem tumultos fora dos gramados. Todos lembram que do escândalo da "Máfia do Apito" de 2005. Mas uma coisa estava no lugar: desde 2001 não havia mais virada de mesa na Série A. E times grandes como Botafogo, Palmeiras, Grêmio, Atlético-MG, Corinthians e Vasco foram rebaixados e disputaram sem problemas o torneio, voltando à elite dentro de campo e até em alguns casos ficando mais fortes do que estavam. Qual corinthiano imaginaria naquele Dezembro de 2007 que o time ganharia quase tudo o que disputou nos 5 anos seguintes? E os atleticanos em 2006, será que o mais fanático torcedor acreditava que o Galo quebraria o triste jejum de títulos importantes logo com a Libertadores?
Eu teria uma vergonha imensa se meu time fosse rebaixado. Maior do que isso, só se meu time comemorasse permanência na Série A por causa de um julgamento confuso do STJD. E eu vi muita gente que torce para o Fluminense Football Club comemorar essa permanência como um título. É uma vergonha para a instituição Fluminense esse tipo de torcedor. O Flu caiu em campo, se a Lusa deu mole ao escalar o jogador suspenso, é outra história. Mas qualquer pessoa com bom-senso sabe que o julgamento foi feito de forma absolutamente confusa, com direito a CBF lavando as mãos (novidade). E, na minha opinião, essa historia está longe de acabar. A Portuguesa provavelmente entrará na Justiça Comum e aí os gramados serão deixados de lado. E ano que vem teremos uma "João Havelange II", ou talvez a "Copa Ricardo Teixeira".
Por falar em bom-senso, cadê o tal Bom Senso FC para tentar resolver essas maracutaias que só mancham o nosso querido esporte bretão? Depois reclamam que as pessoas começam a acompanhar os times de fora do país, pois lá nas grandes ligas estrangeiras as regras são estritamente cumpridas (com exceção da Itália, CalcioChaos de 2006 foi algo muito estranho). O povo quer ver futebol sendo resolvido EM CAMPO. Afinal, qual é a graça de assistir um campeonato onde o time que é campeão dentro de campo no dia seguinte pode até ser rebaixado? Nenhuma.
Bem... é só isso que queria dizer por ora. Já passaram duas camisas do Fluminense pela Mantoteca, ainda é um time que terá postagem aqui, pois tem torcedor de verdade que sabe que comemorar isso é um absurdo, não importa quem esteja errado.
Agora voltamos com nossa programação normal.
Vocês sabem bem que esse blog é dedicado a camisas de futebol, especialmente as da minha Mantoteca. Mas devido aos acontecimentos de ontem fica impossível não emitir minha opinião sobre o caso. Para um amante de futebol é simplesmente um CRIME ver campeonatos sendo decididos dentro de salas de tribunal, diante de argumentos tendenciosos e regulamentos furados.
Infelizmente o Futebol Brasileiro sempre teve esses problemas, principalmente nos torneios estaduais de algumas federações país afora. Na elite do Brasileirão, já estávamos há quase 9 anos sem tumultos fora dos gramados. Todos lembram que do escândalo da "Máfia do Apito" de 2005. Mas uma coisa estava no lugar: desde 2001 não havia mais virada de mesa na Série A. E times grandes como Botafogo, Palmeiras, Grêmio, Atlético-MG, Corinthians e Vasco foram rebaixados e disputaram sem problemas o torneio, voltando à elite dentro de campo e até em alguns casos ficando mais fortes do que estavam. Qual corinthiano imaginaria naquele Dezembro de 2007 que o time ganharia quase tudo o que disputou nos 5 anos seguintes? E os atleticanos em 2006, será que o mais fanático torcedor acreditava que o Galo quebraria o triste jejum de títulos importantes logo com a Libertadores?
Eu teria uma vergonha imensa se meu time fosse rebaixado. Maior do que isso, só se meu time comemorasse permanência na Série A por causa de um julgamento confuso do STJD. E eu vi muita gente que torce para o Fluminense Football Club comemorar essa permanência como um título. É uma vergonha para a instituição Fluminense esse tipo de torcedor. O Flu caiu em campo, se a Lusa deu mole ao escalar o jogador suspenso, é outra história. Mas qualquer pessoa com bom-senso sabe que o julgamento foi feito de forma absolutamente confusa, com direito a CBF lavando as mãos (novidade). E, na minha opinião, essa historia está longe de acabar. A Portuguesa provavelmente entrará na Justiça Comum e aí os gramados serão deixados de lado. E ano que vem teremos uma "João Havelange II", ou talvez a "Copa Ricardo Teixeira".
Por falar em bom-senso, cadê o tal Bom Senso FC para tentar resolver essas maracutaias que só mancham o nosso querido esporte bretão? Depois reclamam que as pessoas começam a acompanhar os times de fora do país, pois lá nas grandes ligas estrangeiras as regras são estritamente cumpridas (com exceção da Itália, CalcioChaos de 2006 foi algo muito estranho). O povo quer ver futebol sendo resolvido EM CAMPO. Afinal, qual é a graça de assistir um campeonato onde o time que é campeão dentro de campo no dia seguinte pode até ser rebaixado? Nenhuma.
Bem... é só isso que queria dizer por ora. Já passaram duas camisas do Fluminense pela Mantoteca, ainda é um time que terá postagem aqui, pois tem torcedor de verdade que sabe que comemorar isso é um absurdo, não importa quem esteja errado.
Agora voltamos com nossa programação normal.
quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
[Série Copa do Mundo 2014] México 2010 - Ganhando como nunca e perdendo como sempre.
A partir de hoje, a Mantoteca pegará suas camisas dos participantes da Copa do Mundo de 2014 para que elas contem histórias sobre outros tempos. Começando pelo Grupo A, com o Brasil, Croácia, México e Camarões. Como já temos um tópico com o Brasil e com a Croácia, vamos falar do México. Infelizmente, a Mantoteca não possui a camisa da seleção de Camarões em seu acervo, embora a inovadora camisa sem manga de 2001 ainda seja um sonho de consumo.
O México chegou na Copa de 2010 após se classificar facilmente nas eliminatórias da CONCACAF, onde só ficou atrás dos Estados Unidos (por apenas um ponto), lembrando que a seleção norte-americana fez jogo duro contra o Brasil na final da Copa das Confederações de 2009, emplacando uma vitória por 2x0, mas permitindo a virada no 2o tempo. Junto com os dois, Honduras também conseguiu sua classificação. A Costa Rica foi para a repescagem, mas foi derrotada pelo Uruguai e ficou de fora. Nas eliminatórias, o México utilizou o seu 2o uniforme da Adidas depois de alguns anos usando Nike. A empresa alemã voltou a fornecer a camisa do time em 2007, lançando um uniforme "tampão" que logo no ano seguinte foi substituído por um estranho uniforme com mangas 3/4. Abaixo, os dois uniformes citados:
No final de 2009, a Adidas apresentou o novo uniforme da Seleção Mexicana para a disputa do Mundial. Esse é o uniforme pertencente à Mantoteca. Assim como o anterior, também possui detalhes em marca d'água remetendo as antigas civilizações que habitavam o país. No caso da camisa de 2010, os desenhos são referência às armaduras que os astecas usavam nas lutas. E as mangas voltavam ao tamanho normal.
A camisa reserva possuía o mesmo desenho, mudando apenas as cores: a indumentária alternativa era predominantemente preta
O primeiro jogo com a camisa nova foi em Fevereiro de 2010, contra a Bolívia, em São Francisco, nos Estados Unidos. Goleada mexicana por 5x0, abaixo o vídeo do 4o gol, feito pelo artilheiro do Manchester United "Chicharito" Hernandez.
No mês seguinte, jogando novamente nos EUA, o México encarou uma das seleções que participariam do Mundial naquele ano: a Nova Zelândia. Ao contrário de sua seleção de Rugby, o time nacional de futebol neozelandês é conhecido como "All Whites", por usar um kit de uniforme completamente branco. Os representantes da Oceania foram facilmente derrotados pelos mexicanos, 2x0 foi o placar final.
Ainda naquele mês de Março, o México disputaria 2 amistosos. O primeiro, no México, foi contra outro participante da Copa de 2010, a Coreia do Norte, onde venceria apertado por 2x1, mostrando que os norte-coreanos não eram tão frágeis quanto se presumia. De novo nos EUA, o segundo amistoso foi contra a nada empolgante Islândia. E o resultado também não empolgou: 0x0.
O México voltaria a campo em Maio de 2010, apenas um mês antes da Copa. Novamente jogando no vizinho de cima, visando atrair a atenção dos inúmeros mexicanos que vivem na terra do Tio Sam, o México tornaria a empatar com o Equador em 0x0. Contra Senegal e Angola, também nos EUA, 2 vitórias consecutivas por 1x0. E finalmente voltando a jogar no México, uma bela vitória sobre o Chile, que também seria integrante do Mundial da África do Sul. E vitória novamente por 1x0.
Depois do jogo contra o Chile, era hora de partir rumo à África. Mas antes, uma pré-temporada de amistosos na Europa. O primeiro seria uma pedreira, Inglaterra em Wembley. O México então conheceu sua primeira derrota em 2010: 3x1 para o English Team.
Na Alemanha, o México encararia outra forte seleção: a Holanda. Seria derrotada novamente, por 2x1.
Ainda em território alemão, a Seleção Mexicana pegou um adversário menos tradicional que os anteriores e não teve dificuldades em vencer: goleou a Gâmbia por 5x1. Depois disso, foi para a Bélgica disputar, enfim, o seu último confronto pré-Copa. E venceu de forma surpreendente a seleção que defendia o título Mundial até então, a Itália, por 2x1.
O jogo contra a Itália dava ânimos para aquele time mexicano. Será que enfim chegariam longe numa Copa do Mundo? Em 2006 acabaram parando nas Oitavas-de-final contra a Argentina, sendo eliminada na prorrogação. A torcida mexicana já ficaria muito satisfeita se sua seleção chegasse ao menos nas semifinais. Aquele time que contava com jogadores como o goleiro Ochoa, o zagueiro Rafael Márquez (que fez história no Barcelona), o atacante Javier Hernandez (o "Chicharito", que ainda atuava pelo Chivas de Guadalajara), a "eterna promessa" Giovanni dos Santos e até mesmo o veteraníssimo Cuauhtemóc Blanco. Será que eles chegariam longe?
O México teve a honra de abrir a Copa do Mundo, jogando contra a anfitriã África do Sul. Embora tenha jogado melhor do que os anfitriões, levou o 1o gol do torneio, marcado por Tshabalala (e pela comemoração inesquecível desse tento). Conseguiu empatar aos 34 do 2o tempo, com Rafa Márquez. Mas o jogo terminou com tudo igual. 1x1.
No segundo jogo, o desafio seria maior. A França havia empatado contra o Uruguai no 1o jogo e agora vinha para tentar conquistar sua primeira vitória. Um jogo onde os mexicanos tiveram uma torcida extra: a dos irlandeses. A França havia chegado na Copa de 2010 depois de um gol memorável onde Thierry Henry ajeitou a bola com a mão e deu assistência para Gallas, empatando o jogo da 2a partida da repescagem contra a Irlanda. Os irlandeses ganhavam por 1x0 e mesmo tendo perdido o 1o jogo pelo mesmo placar, podiam se classificar mesmo assim, por causa da melhor campanha na fase de grupos da eliminatória. A torcida contra a França foi tão grande que as franquias da Pizza Hut na Irlanda prometeram pizza grátis aos primeiros que ligassem em cada gol que a França levasse naquele Mundial. E o México deu pizza para muitos irlandeses: venceram o jogo por 2x0 e com a vitória do Uruguai sobre a África do Sul por 3x0, estavam muito próximos da classificação.
México e Uruguai chegaram na última rodada podendo fazer um "jogo de compadres" para eliminar França e África do Sul, um empate entre os dois seria suficiente para eliminar as outras duas seleções. Mas mesmo assim, o time uruguaio venceu o México por 1x0. Não adiantou nada pra nenhum dos dois que jogavam a outra partida: a África do Sul conseguiu abrir 2x0 (precisaria fazer mais 3 gols para passar o México no saldo e classificar-se), mas Malouda diminuiu. A França amargava o vexame de ser eliminada na 1a fase 4 anos depois de chegar na final da Copa do Mundo, e a África do Sul não chegou perto de roubar a vaga do México no 2o lugar do grupo.
Como consequência de ter se classificado em 2o lugar, o México enfrentaria o 1o lugar do outro grupo. E esse time era "apenas" a Argentina de Lionel Messi. Embora o astro do Barcelona não tenha feito nenhum gol até ali, foi peça muito importante para levar sua seleção à fase final. Em compensação, o México tinha a chance de vingar-se da dolorosa derrota das Oitavas de 2006 na Alemanha, quando caiu na prorrogação.
O jogo começou equilibrado, mas depois de um gol absurdamente irregular de Tévez, que foi validado, o México se perdeu na partida. Higuaín ampliou ainda no 1o tempo e Tévez voltaria a marcar no início da 2a etapa, dessa vez, de forma legal. Quando parecia que a Argentina aplicaria uma goleada histórica, o México ainda conseguiu marcar um gol de honra com o Chicharito. E terminou 3x1 pros portenhos. O México novamente estava eliminado da Copa do Mundo, e mais uma vez pelas mãos da Argentina.
Ainda na ressaca de mais um fracasso na Copa do Mundo, o México ainda encontrou forças para sustentar um empate contra a seleção que havia sido campeã daquele torneio: a Espanha. O jogo aconteceu em Agosto, na Cidade do México
Um mês depois, voltaria a ser derrotado por um time sul-americano. Dessa vez foi o Equador, que bateu os mexicanos por 2x1 em plena Guadalajara, num jogo que celebrava o Bicentenário do México. Nessa partida, o time do México atuou com um uniforme 3 branco, que possuía o mesmo desenho dos outros dois, mudando só a cor.
3 dias depois, enfrentaram outro time sul-americano, a Colômbia. Foram mais felizes e venceram por 1x0 em Monterrey
Um mês depois, de novo contra outro time da América do Sul, dessa vez a Venezuela, o México voltava a decepcionar. Empatou em 2x2 contra a "Viñotinto" e assim encerrava aquele ano.
O México voltaria a jogar apenas em Fevereiro de 2011, ano em que disputaria a Copa Ouro da Concacaf, a Copa América e começaria a sua trajetória para nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Jogando nos EUA, venceu a boa seleção da Bósnia por 2x0.
Aquele seria o último jogo em que o México usou a camisa da Copa de 2010. Em Março, num amistoso contra o Paraguai, a Adidas lançava um novo modelo para a disputa das competições daquele ano. Com ele, o México ganharia a Copa Ouro de 2011 e passaria um tormento nas Eliminatórias, onde só conseguiria vaga na repescagem.
O México jogará a Copa do Mundo de 2014 com outros uniformes. O titular foi lançado ainda nos jogos da repescagem contra a Nova Zelândia, com um estilo inovador que lembra as camisas dos anos 90. O uniforme reserva ainda não foi lançado oficialmente, mas sua imagem já corre o mundo. Abaixo, fotos das camisas que o México usará no Brasil:
Enfim, esse foi o primeiro post da Série Copa do Mundo 2014. O próximo abordará a Espanha do Grupo B. Vamos pegar uma camisa interessante de "la Furia Roja", de uma época em que o time espanhol estava longe de ser tão vitorioso quanto hoje. Aguardem!
O México chegou na Copa de 2010 após se classificar facilmente nas eliminatórias da CONCACAF, onde só ficou atrás dos Estados Unidos (por apenas um ponto), lembrando que a seleção norte-americana fez jogo duro contra o Brasil na final da Copa das Confederações de 2009, emplacando uma vitória por 2x0, mas permitindo a virada no 2o tempo. Junto com os dois, Honduras também conseguiu sua classificação. A Costa Rica foi para a repescagem, mas foi derrotada pelo Uruguai e ficou de fora. Nas eliminatórias, o México utilizou o seu 2o uniforme da Adidas depois de alguns anos usando Nike. A empresa alemã voltou a fornecer a camisa do time em 2007, lançando um uniforme "tampão" que logo no ano seguinte foi substituído por um estranho uniforme com mangas 3/4. Abaixo, os dois uniformes citados:
No final de 2009, a Adidas apresentou o novo uniforme da Seleção Mexicana para a disputa do Mundial. Esse é o uniforme pertencente à Mantoteca. Assim como o anterior, também possui detalhes em marca d'água remetendo as antigas civilizações que habitavam o país. No caso da camisa de 2010, os desenhos são referência às armaduras que os astecas usavam nas lutas. E as mangas voltavam ao tamanho normal.
A camisa reserva possuía o mesmo desenho, mudando apenas as cores: a indumentária alternativa era predominantemente preta
O primeiro jogo com a camisa nova foi em Fevereiro de 2010, contra a Bolívia, em São Francisco, nos Estados Unidos. Goleada mexicana por 5x0, abaixo o vídeo do 4o gol, feito pelo artilheiro do Manchester United "Chicharito" Hernandez.
No mês seguinte, jogando novamente nos EUA, o México encarou uma das seleções que participariam do Mundial naquele ano: a Nova Zelândia. Ao contrário de sua seleção de Rugby, o time nacional de futebol neozelandês é conhecido como "All Whites", por usar um kit de uniforme completamente branco. Os representantes da Oceania foram facilmente derrotados pelos mexicanos, 2x0 foi o placar final.
Ainda naquele mês de Março, o México disputaria 2 amistosos. O primeiro, no México, foi contra outro participante da Copa de 2010, a Coreia do Norte, onde venceria apertado por 2x1, mostrando que os norte-coreanos não eram tão frágeis quanto se presumia. De novo nos EUA, o segundo amistoso foi contra a nada empolgante Islândia. E o resultado também não empolgou: 0x0.
O México voltaria a campo em Maio de 2010, apenas um mês antes da Copa. Novamente jogando no vizinho de cima, visando atrair a atenção dos inúmeros mexicanos que vivem na terra do Tio Sam, o México tornaria a empatar com o Equador em 0x0. Contra Senegal e Angola, também nos EUA, 2 vitórias consecutivas por 1x0. E finalmente voltando a jogar no México, uma bela vitória sobre o Chile, que também seria integrante do Mundial da África do Sul. E vitória novamente por 1x0.
Depois do jogo contra o Chile, era hora de partir rumo à África. Mas antes, uma pré-temporada de amistosos na Europa. O primeiro seria uma pedreira, Inglaterra em Wembley. O México então conheceu sua primeira derrota em 2010: 3x1 para o English Team.
Na Alemanha, o México encararia outra forte seleção: a Holanda. Seria derrotada novamente, por 2x1.
Ainda em território alemão, a Seleção Mexicana pegou um adversário menos tradicional que os anteriores e não teve dificuldades em vencer: goleou a Gâmbia por 5x1. Depois disso, foi para a Bélgica disputar, enfim, o seu último confronto pré-Copa. E venceu de forma surpreendente a seleção que defendia o título Mundial até então, a Itália, por 2x1.
O jogo contra a Itália dava ânimos para aquele time mexicano. Será que enfim chegariam longe numa Copa do Mundo? Em 2006 acabaram parando nas Oitavas-de-final contra a Argentina, sendo eliminada na prorrogação. A torcida mexicana já ficaria muito satisfeita se sua seleção chegasse ao menos nas semifinais. Aquele time que contava com jogadores como o goleiro Ochoa, o zagueiro Rafael Márquez (que fez história no Barcelona), o atacante Javier Hernandez (o "Chicharito", que ainda atuava pelo Chivas de Guadalajara), a "eterna promessa" Giovanni dos Santos e até mesmo o veteraníssimo Cuauhtemóc Blanco. Será que eles chegariam longe?
O México teve a honra de abrir a Copa do Mundo, jogando contra a anfitriã África do Sul. Embora tenha jogado melhor do que os anfitriões, levou o 1o gol do torneio, marcado por Tshabalala (e pela comemoração inesquecível desse tento). Conseguiu empatar aos 34 do 2o tempo, com Rafa Márquez. Mas o jogo terminou com tudo igual. 1x1.
No segundo jogo, o desafio seria maior. A França havia empatado contra o Uruguai no 1o jogo e agora vinha para tentar conquistar sua primeira vitória. Um jogo onde os mexicanos tiveram uma torcida extra: a dos irlandeses. A França havia chegado na Copa de 2010 depois de um gol memorável onde Thierry Henry ajeitou a bola com a mão e deu assistência para Gallas, empatando o jogo da 2a partida da repescagem contra a Irlanda. Os irlandeses ganhavam por 1x0 e mesmo tendo perdido o 1o jogo pelo mesmo placar, podiam se classificar mesmo assim, por causa da melhor campanha na fase de grupos da eliminatória. A torcida contra a França foi tão grande que as franquias da Pizza Hut na Irlanda prometeram pizza grátis aos primeiros que ligassem em cada gol que a França levasse naquele Mundial. E o México deu pizza para muitos irlandeses: venceram o jogo por 2x0 e com a vitória do Uruguai sobre a África do Sul por 3x0, estavam muito próximos da classificação.
México e Uruguai chegaram na última rodada podendo fazer um "jogo de compadres" para eliminar França e África do Sul, um empate entre os dois seria suficiente para eliminar as outras duas seleções. Mas mesmo assim, o time uruguaio venceu o México por 1x0. Não adiantou nada pra nenhum dos dois que jogavam a outra partida: a África do Sul conseguiu abrir 2x0 (precisaria fazer mais 3 gols para passar o México no saldo e classificar-se), mas Malouda diminuiu. A França amargava o vexame de ser eliminada na 1a fase 4 anos depois de chegar na final da Copa do Mundo, e a África do Sul não chegou perto de roubar a vaga do México no 2o lugar do grupo.
Como consequência de ter se classificado em 2o lugar, o México enfrentaria o 1o lugar do outro grupo. E esse time era "apenas" a Argentina de Lionel Messi. Embora o astro do Barcelona não tenha feito nenhum gol até ali, foi peça muito importante para levar sua seleção à fase final. Em compensação, o México tinha a chance de vingar-se da dolorosa derrota das Oitavas de 2006 na Alemanha, quando caiu na prorrogação.
O jogo começou equilibrado, mas depois de um gol absurdamente irregular de Tévez, que foi validado, o México se perdeu na partida. Higuaín ampliou ainda no 1o tempo e Tévez voltaria a marcar no início da 2a etapa, dessa vez, de forma legal. Quando parecia que a Argentina aplicaria uma goleada histórica, o México ainda conseguiu marcar um gol de honra com o Chicharito. E terminou 3x1 pros portenhos. O México novamente estava eliminado da Copa do Mundo, e mais uma vez pelas mãos da Argentina.
Ainda na ressaca de mais um fracasso na Copa do Mundo, o México ainda encontrou forças para sustentar um empate contra a seleção que havia sido campeã daquele torneio: a Espanha. O jogo aconteceu em Agosto, na Cidade do México
Um mês depois, voltaria a ser derrotado por um time sul-americano. Dessa vez foi o Equador, que bateu os mexicanos por 2x1 em plena Guadalajara, num jogo que celebrava o Bicentenário do México. Nessa partida, o time do México atuou com um uniforme 3 branco, que possuía o mesmo desenho dos outros dois, mudando só a cor.
3 dias depois, enfrentaram outro time sul-americano, a Colômbia. Foram mais felizes e venceram por 1x0 em Monterrey
Um mês depois, de novo contra outro time da América do Sul, dessa vez a Venezuela, o México voltava a decepcionar. Empatou em 2x2 contra a "Viñotinto" e assim encerrava aquele ano.
O México voltaria a jogar apenas em Fevereiro de 2011, ano em que disputaria a Copa Ouro da Concacaf, a Copa América e começaria a sua trajetória para nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Jogando nos EUA, venceu a boa seleção da Bósnia por 2x0.
Aquele seria o último jogo em que o México usou a camisa da Copa de 2010. Em Março, num amistoso contra o Paraguai, a Adidas lançava um novo modelo para a disputa das competições daquele ano. Com ele, o México ganharia a Copa Ouro de 2011 e passaria um tormento nas Eliminatórias, onde só conseguiria vaga na repescagem.
O México jogará a Copa do Mundo de 2014 com outros uniformes. O titular foi lançado ainda nos jogos da repescagem contra a Nova Zelândia, com um estilo inovador que lembra as camisas dos anos 90. O uniforme reserva ainda não foi lançado oficialmente, mas sua imagem já corre o mundo. Abaixo, fotos das camisas que o México usará no Brasil:
Enfim, esse foi o primeiro post da Série Copa do Mundo 2014. O próximo abordará a Espanha do Grupo B. Vamos pegar uma camisa interessante de "la Furia Roja", de uma época em que o time espanhol estava longe de ser tão vitorioso quanto hoje. Aguardem!
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
[POST DE HONRA] Flamengo 2004/06 - Do inferno ao paraíso.
No mês passado foram definidos 2 Campeões Nacionais. O primeiro foi o Cruzeiro, que ganhou antecipadamente o seu 3o Campeonato Brasileiro (de acordo com a contagem da CBF adotada em 2010 que inclui os torneios nacionais dos anos 60). O segundo foi o Flamengo, que ganhou a Copa do Brasil pela 3a vez após vencer o também rubro-negro Atlético Paranaense. Menções honrosas também para o título do Palmeiras na Série B e o triunfo do Santa Cruz na Série D.
Porém, nenhuma camisa do Cruzeiro, Palmeiras ou Santa passaram pela Mantoteca (ainda), por isso não poderei homenageá-los com algum uniforme da coleção. Por outro lado, camisas do Flamengo predominam por aqui (já que é o time que torço e também o motivo por ter começado uma coleção de camisas). Então, escolho uma camisa muito especial: o uniforme do Flamengo utilizado entre 2004 e 2006.
2004 foi um ano péssimo para o torcedor rubro-negro. Mesmo com a vitória no Campeonato Carioca, o time brigou o ano todo para não ser rebaixado e ainda foi derrotado de forma histórica para o Santo André na final da Copa do Brasil, no Maracanã. Este uniforme estreou no dia 29 de Setembro de 2004, já no 2o turno do Campeonato Brasileiro daquele ano, num 0x0 contra o Corinthians no Maracanã. É importante ressaltar que na época o uniforme ainda não tinha os patrocínios da Petrobrás nas mangas (mais abaixo falarei de quando eles apareceram)
Na época, os principais destaques do Flamengo eram o goleiro Júlio César, o volante Ibson e o meia Felipe. Ainda haviam outros nomes, como o lateral-esquerdo Athirson, em mais uma passagem pelo time, além do atacante Dimba, que sempre será lembrado pela atuação pífia que teve no time. E, claro, Júnior Baiano na zaga, já em final de carreira, mas sempre representando perigo para a canela do adversário.
Lutando para fugir do rebaixamento, o Flamengo perderia depois para o Figueirense por 3x2 e empataria com o Paysandu por 2x2, ambos os jogos fora de casa. A primeira vitória que essa camisa conheceu foi no 3x1 contra o Criciúma no Maracanã.
Mas o time não engrenava. Logo depois, perderia o clássico contra o Vasco que também tentava fugir do descenso por 1x0. Arrancou um empate do Santos de Robinho por 1x1 no Maracanã, onde apesar do fator casa, os alvinegros praianos eram favoritos. Depois, em Caxias do Sul, sucumbiria para o Juventude por 1x0, derrota que custaria o cargo de Ricardo Gomes, que treinava o time na época.
No Maracanã, com o ídolo Andrade de interino, um alívio ao vencer o Guarani por 1x0, outro rival na luta contra o rebaixamento. Mas a fuga da Série B se tornaria mais complicada depois de um massacre sofrido por um rival histórico: o Atlético-MG. Até hoje, o 6x1 aplicado em Ipatinga pelo atual campeão da Libertadores no rubro-negro é lembrado pelos torcedores do Galo.
A derrota humilhante gerou cenas lamentáveis no Aeroporto Santos Dumont. O pai do veterano Zinho, já no fim de sua carreira, seria agredido por uma das organizadas na chegada ao RJ. Júlio César, goleiro do Flamengo, também sofreu agressões da torcida. Parecia que depois de ter passado os principais anos daquela 1a metade da década lutando para não cair, finalmente chegava a hora. O empate em 0x0 contra o Botafogo, que acabava de voltar da segundona e estava lutando pra não voltar lá, não ajudava em nada.
Mesmo com os resultados negativos, Andrade era mantido como interino no time. A situação era tão complicada que nenhum técnico aceitava a proposta de tentar salvar o Flamengo, que na época estava no auge da fama de caloteiro: os salários atrasavam sempre. O jogo contra o Palmeiras no Parque Antarctica parecia ser mais uma derrota, o alviverde voltou da segunda divisão embalado e estava brigando por vaga na Libertadores, mesmo com um time sem muitas estrelas. Foi então que o Flamengo surpreendeu mais uma vez e conseguiu ganhar de virada dos palestrinos por 2x1. Ainda havia chances de se salvar da queda.
O que se seguiria seriam dois empates contra o Coritiba, em casa, e contra o São Paulo, fora. Os resultados não foram bons, mas como os times da parte de baixo da tabela não fizeram direito o dever de casa, o Flamengo chegou na última rodada com pouquíssimas chances de rebaixamento. Era só ganhar do time misto do Cruzeiro em Volta Redonda para não depender de outros resultados. E foi uma goleada: 6x2, com direito a um belo gol de cobertura de Felipe, e da cena onde ele joga a camisa do Flamengo no chão durante a comemoração. Era o último jogo dele pelo Flamengo. Felipe, que começou no Vasco, chegou em 2003 no Flamengo, foi destaque no Carioca de 2004, sendo convocado para a Seleção Brasileira que ganharia a Copa América daquele ano. Mas o péssimo desempenho no 2o semestre fez com que a torcida ficasse insatisfeita, e ganhou o apelido de "chinelinho", por sempre evitar jogos fora do Rio. Depois do Fla, ele jogaria no Fluminense (onde está atualmente, já em fim de carreira), no Al-Sadd do Catar e voltaria a atuar no Vasco.
2004 terminou como um ano ingrato para o Flamengo, embora a fuga do rebaixamento tenha sido bem-sucedida. O time estava com o nome sujo por causa da falta de pagamentos aos jogadores, além da dívida que desde os anos 90 só aumentava. Ninguém queria ir jogar no Flamengo. Alguns jogadores seriam vendidos na virada daquele ano: Júlio César foi para a Itália e Ibson foi para Portugal. Athirson também saiu mais uma vez do time, e Dimba também foi embora. 2005 prometia ser um ano de vacas magras, mas seria até pior do que isso.
Com a contratação do técnico Júlio César Leal e de alguns jogadores como Renato Abreu, Adrianinho, André Santos e Marcos Denner, o Flamengo começava 2005 na austeridade. E logo no 1o jogo oficial do ano, o retrato de como seriam aqueles 12 meses restantes, uma derrota histórica para o Olaria no Campeonato Estadual, em pleno Maracanã.
O time do Flamengo estava frágil, venceu o Madureira por um apertado 1x0, mas perdeu da Cabofriense por 2x1 (o time de Cabo Frio faria uma boa campanha naquele Estadual). O fraco Julio Cesar Leal seria demitido na derrota seguinte para o Americano de Campos, também por 2x1. O Flamengo já estava eliminado da Taça Guanabara, mas ainda havia o primeiro clássico do ano, um empate por 2x2 contra o Fluminense, onde o time tricolor teve tudo para ganhar.
Depois disso, o Flamengo encarava seu 1o jogo da Copa do Brasil após a derrota histórica para o Sto. André. Empatou por 1x1 com o River do Piauí. E de volta ao Rio, goleou a Portuguesa da Ilha do Governador por 4x1 na 1a rodada da Taça Rio, o 2o turno do Carioca. Os três jogos citados foram comandados por Andrade, que voltava a treinar o time.
O Flamengo contratou Cuca, que no ano anterior havia feito uma boa campanha com o São Paulo na Libertadores, Mas estrearia com derrota perante o Volta Redonda, que tinha Túlio Maravilha e havia ganho a Taça Guanabara, o maior feito da história do time do Sul Fluminense. 2x1 foi o placar final do Raulino de Oliveira. No jogo de volta da Copa do Brasil, mesmo com seu time limitado, ganhou bem do River-PI por 3x1.
Voltando para o Rio, o Flamengo encarava seu 2o clássico no ano. Como o Botafogo de 2005 também não era muito forte, o resultado foi o empate, 2x2. Em seguida, derrotaria o Friburguense no Maracanã por 1x0 e entrava na briga para ir às semis da Taça Rio. O Flamengo ainda foi até o Amapá enfrentar o Ypiranga pela Copa do Brasil e favorecido pelo regulamento do torneio, só precisou jogar uma vez, já que ganhou de 2x0. Nas primeiras fases da Copa do Brasil, ganhar por 2 ou mais gols de diferença na casa do rival anula o jogo de volta.
Voltou ao Rio e enfrentou o também enfraquecido Vasco. Empatou novamente por 2x2 com mais um rival. E mesmo empatando em 0x0 com o America na última rodada, o Flamengo conseguiu classificar-se para as semi-finais da Taça Rio. O adversário era o perigoso Voltaço, que poderia fazer mais história se conquistasse o 2o turno, consagrando-se o 1o Campeão Carioca de fora da cidade do Rio de Janeiro em toda a história.
Num jogo muito disputado, o Flamengo conseguiu passar pelo surpreendente time do Volta Redonda pelo placar apertado de 1x0. O adversário na final seria o Fluminense, time que também oscilou no Carioca, mas mostrava claramente ser mais forte que aquele frágil Flamengo.
Num jogo que manteve-se equilibrado no 1o tempo, o Fla-Flu começava empatado em 0x0 na 2a etapa. Mas logo no início, um pênalti a favor do Fluminense mostraria a disparidade técnica do time comandado por Abel Braga. Após Tuta marcar o gol, viriam mais 3 gols do tricolor, sendo o último um golaço de Preto Casagrande, encobrindo o goleiro Diego. Zinho ainda faria o gol de honra do Flamengo num pênalti no final do jogo, naquela que seria sua última partida pelo rubro-negro, depois de várias conquistas pelo Fla e outros times do Brasil, incluindo a Seleção Brasileira. Mas o resultado final foi claríssimo: o 4x1 imposto pelo Fluminense, que foi campeão do 2o turno e seria Campeão Carioca ganhando do Volta Redonda na finalíssima, mostrava de forma crua o quanto o time do Flamengo era limitado.
Os torcedores do Flamengo têm fama de serem exagerados, mas falar que aquele time era candidato sério a uma das vagas para a Série B de 2006 não era nenhum absurdo, mesmo antes do começo do Brasileirão. Lembrando que o Flamengo durante o falho Carioca de 2005 chegou a usar um uniforme III, que na verdade era uma versão modificada da camisa titular, com mais detalhes em preto do que em vermelho.
Antes do começo do Brasileiro, o Flamengo já amargava outra derrota a nível nacional. Jogando no Mato Grosso do Sul como mandante, perdeu para o Ceará por 2x0. O jogo foi o estopim para a demissão de Cuca. No Castelão, em Fortaleza, o empate em 1x1, com gol do estreante Obina, de nada adiantaria. Flamengo fora de mais uma competição em 2005.
O Brasileiro enfim começou. O Flamengo jogaria sua única partida no Maracanã pelo torneio: o empate insosso contra o Cruzeiro em 1x1. Mas logo em seguida conquistaria uma vitória importante contra o Figueirense, em Florianópolis, por 1x0, comandado por Celso Roth depois de Andrade "tapar buraco" mais uma vez enquanto o Fla estava sem treinador. Para um time cuja maior meta seria lutar contra o rebaixamento, qualquer vitória era válida.
A próxima tarefa não seria fácil: o Internacional de Muricy Ramalho tinha um time forte, e dentro do Beira-Rio, tudo se tornaria mais difícil. A derrota por 1x0 era previsível. Logo depois, o Santos de Robinho, no acanhado estádio da Ilha do Governador, já que o Maracanã estava em obras para os Jogos Pan-Americanos de 2007. Numa atuação magistral do goleiro Diego, o Flamengo conseguiu vencer o Campeão Brasileiro da época, animando um pouco os pessimistas.
O Flamengo foi até São Caetano enfrentar o time da casa, mas não teve tanta sorte como contra o Santos: saiu derrotado por 1x0. E voltando para o Rio, fez um jogo fraco contra o Fluminense, que também não jogou bem, culminando num frustrante 0x0. O outro jogo seria interessante, o Flamengo enfrentaria o Corinthians bancado pela MSI em Mogi Mirim, cuja maior estrela era o craque argentino Carlitos Tevez. Mas naquele dia quem brilhou foi o atual atacante do Atlético-MG e da Seleção, Jô, que tinha apenas 18 anos, marcando 2 gols e decretando a vitória corinthiana por 4x2.
De volta para o Estádio da Ilha do Governador, o Flamengo parava no time reserva do Atlético Paranaense, que estava focado na Libertadores, empatando por 1x1. Ainda no Rio, perderia um jogo de inúmeros gols contra o Brasiliense de Marcelinho Carioca, por 4x3. Os dois gols do Obina e de um tal Leonardo Moura, que havia jogado nos outros 3 grandes clubes do Rio e nunca ficou muito tempo num time só até então, foram os únicos gols da partida. O jogo seguinte também seria decepcionante: menos de 1 ano depois de levar 6x1 do Galo, o Atlético Mineiro com um time que também lutava para não cair ganhou com facilidade por 3x1 no Mineirão. E a "Via Crúcis" do Flamengo se tornava mais árdua, depois de uma derrota para o time reserva do São Paulo no Morumbi por 2x0, marcada por um gol contra antológico do veterano Junior Baiano, onde ele "encobre" o goleiro Diego.
Mesmo com a sequência de 3 derrotas, Celso Roth permaneceu no cargo. O próximo jogo era o clássico contra o Vasco, que seria disputado em Volta Redonda. A vitória rubro-negra por 1x0, com gol do veterano meia Souza, interrompia a sequência ruim, ainda mais contra outro candidato ao rebaixamento naquele ano.
Mesmo assim, o Flamengo logo voltaria a decepcionar. Na Ilha do Governador, nova derrota para o Juventude por 4x3. Em Curitiba, o Flamengo perderia novamente para o Coritiba por 3x2, vitória importante para o time do Alto da Glória, já que também estava na luta para não cair. E novamente na Ilha, o Flamengo não passou de um empate em 0x0 contra o Palmeiras. No clássico carioca seguinte, contra o Botafogo, os alvinegros entravam como favoritos. Afirmando a máxima de que "clássico não tem favorito", o Flamengo bateu o time de General Severiano por 2x0, gols de Léo Moura e Jean, atacante que também vestiria a camisa do Vasco e Fluminense, e seria mais conhecido pela sua habilidade em perder gols do que fazê-los.
Parecia que o time começava a engrenar depois da vitória no clássico. No 3o jogo seguido na Ilha, o Flamengo conseguiu vencer a Ponte Preta, com gol de Jônatas.
O próximo jogo era contra o Fortaleza, que também corria riscos de rebaixamento. Jogo difícil no Ceará. E o Flamengo voltava a perder no Brasileirão: 2x1 para o Tricolor de Aço, sendo que um dos gols do time do Fortaleza foi marcado por uma figura que futuramente seria de extrema importância para o rubro-negro: o zagueiro Ronaldo Angelim.
Na rodada seguinte, em casa, o Flamengo recebia o Paraná. Após sair perdendo, Léo Moura empatou o jogo. E ficou 1x1. No jogo seguinte, em Goiânia, o Fla enfrentava o Goiás, que estava brigando pela parte de cima da tabela. E logo no 1o minuto, Paulo Baier (hoje no Atlético-PR) fez o 1o gol dos goianos. E Jadílson (que passaria por SPFC e Fluminense) ampliou. 2x0 para o Goiás e o Flamengo voltava a se complicar. Celso Roth não resistiu e foi demitido do time, Andrade mais uma vez voltava para comandar a equipe interinamente. Com o "Tromba" de interino mais uma vez, o Flamengo voltava a vencer, dessa vez o Paysandu, por 2x1, jogando em casa.
O jogo contra o Cruzeiro em Minas, já pelo 2o turno, prometia ser difícil. Os dois times apenas empatariam por 0x0. Contra o Figueirense no Rio, uma chance boa de vitória. O Flamengo abriu 2x0, gols de Diego Souza (que veio emprestado do Benfica após ter jogado no Fluminense - e jogaria no Grêmio, Palmeiras, Atlético-MG, Vasco e Cruzeiro) e de Renato Abreu. Mas o Figueirense conseguiu arrancar o empate aos 32 minutos do 2o tempo. E terminaria tudo igual. A próxima rodada vinha com mais uma pedreira: o Inter de Muricy, que brigava pelo título. Mesmo jogando em casa, o Flamengo teria trabalho. Mais uma vez, o rubro-negro saiu na frente, com gol de Obina. Mas Wilson empatou para o Colorado no 2o tempo e o Fla voltava a empatar em casa, o que não ajudava muito na fuga do Z4.
Na Vila Belmiro, local onde o Flamengo dificilmente vencia no Brasileiro naquela época, o 4o empate seguido: 0x0 contra o Santos. Já estava na hora de vencer de novo, e a vitória veio numa boa hora. Mais uma vez no acanhado estádio da Ilha do Governador, o Fla bateu o São Caetano por 2x0, gols do "El Tigre" Ramírez, atacante paraguaio que chegou como salvação para o time (e acima do peso), e também de Renato Abreu, já nos acréscimos.
Mais uma vez o Fluminense aparecia no caminho do rubro-negro. O time tricolor estava mordido por ter perdido a final da Copa do Brasil para o Paulista de Jundiaí e estava firme na briga pelo título do Brasileiro naquele ano, graças a excelente fase do meia sérvio Dejan Petkovic, além do atacante Tuta, que mesmo com suas deficiências técnicas, estava fazendo muitos gols. E foi com um gol de Tuta que o Fluminense abriu o placar em Volta Redonda. O 1o tempo terminou 1x0 para o Tricolor. Mas no 2o tempo veio a reação: Renato Abreu marcou de pênalti e empatou. Tuta novamente botava o Flu na frente no jogo, mas Diego Souza, aos 38 da 2a etapa, fez o gol que definiu o empate: 2x2 no Fla-Flu.
Então, na Ilha, um dos jogos mais emblemáticos daquele ano. O Corinthians, com seu elenco recheado de estrelas, vinha jogar no Rio. E o presidente folclórico do Flamengo, Márcio Braga, soltou uma das suas pérolas mais conhecidas: "quem é Tévez"? Resultado: o Flamengo perderia por 3x1, sendo que 2 gols foram do atacante argentino, que ainda devolveu a provocação. Novamente o Flamengo voltava a flertar cada vez mais forte com o rebaixamento
Uma coisa a ser citada é que durante alguns jogos desse Brasileiro, o Flamengo usou uma camisa com patrocínio diferente. Ao invés do velho "Lubrax" na frente, a Petrobrás usou o espaço master para anunciar seu cartão.
Voltando ao assunto "Brasileirão 2005", o Flamengo entrava novamente num lugar onde não sabia o que era vencer faz tempo: a Arena da Baixada. O Atlético Paranaense havia sido finalista da Libertadores e tinha um elenco razoável. Dessa vez, enfrentaria o Flamengo com o time completo. E o rubro-negro do Rio não resistiu: 2x0, gol de Jancarlos (que faleceu este ano num acidente automobilístico) e David Ferreira. O Flamengo foi para Brasília protagonizar um duelo de desesperados contra o Brasiliense, que também flertava fortemente com o rebaixamento. Com dois gols de Marcelinho Carioca, o time do Distrito Federal até tentou, mas o Flamengo conseguiu a vitória por 3x2.
Os jogos seguintes do Flamengo eram fundamentais para que o time escapasse de vez do rebaixamento. Se perdesse, o rubro-negro já poderia considerar-se rebaixado. O Atlético Mineiro foi até ao Rio, também flertando fortemente com o descenso. Jogos decisivos entre Fla e Galo eram comuns nos anos 80, mas dessa vez os dois times jogavam uma decisão nivelada por baixo, para fugir do rebaixamento. E o Flamengo, pela 3a vez seguida, era derrotado pelo Atlético-MG: 2x1.
Se o jogo contra o Galo foi uma tragédia, o jogo seguinte seria uma catástrofe. Nem o mais otimista dos rubro-negros passou a acreditar em salvação depois da derrota histórica para o São Paulo na Ilha do Governador por 6x1. Até o Galvão Bueno, que recentemente assumiu ser torcedor rubro-negro, não escondeu sua insatisfação com o time na narração. "Patético esse time do Flamengo", disse ele quando o São Paulo fez o 6o gol, já no apagar das luzes.
E para completar a sequência de catástrofes, nada pior do que uma derrota para um dos maiores rivais. Num jogo tumultuado e com brigas entre torcedores em São Januário, Junior Baiano (sempre ele!) lembrou do tempo em que jogou com a camisa do Vasco e marcou um gol contra. O Baixinho Romário, mesmo com 39 anos nas costas, mostrou que ainda era o "Gênio da Grande Área" e fez o 2o gol. Mesmo com o gol de Ramírez e a pressão imposta pelo Flamengo no final, o time não conseguiu evitar o resultado. Saiu de campo com os torcedores rivais gritando "ão ão ão, Segunda Divisão". E realmente, dava para acreditar em outro destino para aquela equipe?
Enfim, a diretoria do Flamengo conseguia contratar um técnico. Joel Natalino Santana, o "Papai Joel", chegava para tentar um milagre: fazer o Flamengo escapar da segundona, que já parecia ser destino certo. Os últimos jogos que restavam no Brasileiro eram complicados, alguns fora de casa, outros contra times que também lutavam para não cair. E era difícil acreditar que o Flamengo conseguiria fazer a pontuação necessária para escapar. No 1o jogo da volta de Joel ao Flamengo (já havia treinado o time outras vezes, sendo que a última foi em 1998), o Juventude mostrava que não seria fácil reerguer o time rubro-negro. Abriu 2x0 no 1o tempo e podia ter feito mais gols. Porém, o time do Flamengo voltou a campo com uma postura diferente no 2o tempo, e como um milagre, Renato Abreu diminuiu num pênalti aos 44 daquela etapa e Júnior (um meio-campista que era chamado de "Barbie" pelos torcedores do Fla, pelo fato de ser desarmado facilmente pelos adversários) fez o gol do empate nos acréscimos. O Flamengo estava vivo!
Vencer o Coritiba na Ilha do Governador era obrigação. Saiu atrás no placar, mas Renato Abreu empatou no final do primeiro tempo. E na segunda etapa, Fellype Gabriel (que jogou recentemente no Botafogo) faria o gol decisivo, levando o Flamengo a conhecer sua primeira vitória depois de 3 derrotas e 1 empate. O Coritiba acabaria sendo rebaixado no fim daquele campeonato.
Era importante manter a boa sequência. Como em 2004, o Flamengo desesperado chegava no Parque Antarctica pronto para enfrentar o Palmeiras que brigava na parte de cima da tabela. E numa falha do goleiro Marcos, "El Tigre" Ramírez fez o único gol da partida. Novamente, o Flamengo passava pelo Palmeiras numa fuga de rebaixamento. E o que parecia impossível algumas rodadas atrás se tornava realidade: o Flamengo estava escapando da Série B.
O clássico contra o Botafogo em Volta Redonda também era fundamental. E o Flamengo entrou com tudo no jogo, mesmo ficando com um jogador a menos e com o gol botafoguense no fim do 1o tempo, o Fla virou o jogo no 2o tempo, sendo que Léo Moura faria o gol da vitória já nos acréscimos. Final: 3x1 para o rubro-negro. A nota triste fica com o confronto pós-jogo entre duas organizadas rivais na Dutra, onde um torcedor do Botafogo foi assassinado.
Enfrentar a Ponte Preta no Moisés Lucarelli em Campinas não era tarefa fácil, mas era hora de aproveitar a ótima fase do time para tentar mais uma vitória. Afinal, quem imaginaria que o instável Flamengo de 2005 conseguiria emplacar 3 vitórias seguidas em 3 jogos difíceis? Agora era a hora de tentar a quarta vitória. Mas não foi fácil, a Ponte saiu 2 vezes na frente. Mas o Flamengo empatou as duas. O 2x2 até que ficou de bom tamanho.
O jogo seguinte era contra o Fortaleza no Rio. Era hora de voltar a vencer, uma vitória nesse jogo era fundamental para que o time continuasse sua luta para acabar com o risco de rebaixamento, que estava ficando menor. E, empurrado pela torcida, o Flamengo venceu o time cearense por 3x0, ficando dependente apenas de uma vitória para fugir de vez do Z4.
O jogo seguinte era difícil. O Paraná Clube tinha um histórico excelente contra o Flamengo jogando em Curitiba. Dois anos antes, havia aplicado uma goleada histórica de 6x2 no Fla. E também haviam vencido o Fluminense por 6x1 no mesmo ano. Não seria fácil. Num jogo onde os paranistas pressionaram muito, um gol salvador de Obina aos 47 do segundo tempo tornou-se inesquecível. O Flamengo, com aquela vitória de 1x0, livrava-se de vez do risco de ser rebaixado naquele ano tenebroso de 2005, e Obina, antes contestado pela torcida, começava a virar "xodó".
Já livre do fantasma da Série B, o Flamengo fez seus últimos jogos em ritmo de férias. Pegou um Goiás com a vaga na Libertadores assegurada e empatou num modorrento 0x0. E, na última rodada, no primeiro jogo em que o Flamengo jogou com o modelo de camisa mostrado pela Mantoteca, com os patrocínios da "Gasolina Podium" e do "Cartão Petrobrás" nas mangas, o Flamengo atropelou o já rebaixado Paysandu por 4x1. Joel Santana além de salvar o time, conseguiu mantê-lo invicto enquanto esteve ao seu comando. Era hora de pensar em 2006.
Infelizmente, o Flamengo não contaria mais com Joel Santana para 2006. O Vegalta Sendai do Japão levou-o para terras orientais. Mas o time se reforçou, contratou Ronaldo Angelim, que fizera um bom Brasileirão em 2005, o lateral-esquerdo Juan, que saiu criticado do Fluminense, o atacante (que depois viraria volante) Toró, que era uma grande promessa do Flu, além de outros nomes mais desconhecidos, como Rodrigo Broa. E para o lugar de Joel, o veterano Valdir Espinosa, Campeão do Mundo em 1983 com o Grêmio.
O Flamengo resolveu poupar jogadores na estreia do Carioca, colocando o time de juniores para jogar, sob o comando do ex-jogador Adílio. Mas o time estreou perdendo as duas primeiras, contra o Nova Iguaçu e a Cabofriense. Contra a Portuguesa Santista, enfim entrariam os titulares. Mesmo assim, o resultado foi um 2x2 com gosto de derrota. Na rodada seguinte, empate com o Fluminense, também em 2x2. E já eliminado da Taça Guanabara, venceu o Americano de Campos por 4x2.
O Flamengo fez uma pequena excursão internacional enquanto eram disputadas as finais da Taça Guanabara. Enfrentou o Peñarol, pela primeira vez depois das semifinais vitoriosas da Mercosul de 1999, mas perdeu por 2x1, mesmo com um golaço do Fellype Gabriel. Também enfrentou o outro grande uruguaio, o Nacional, e perdeu num jogo bem disputado: 4x3.
Embora não tenha jogado mal nos amistosos contra os dois grandes do Uruguai, o Flamengo voltou mal no Carioca. Empatou em 3x3 contra o Friburguense, safando-se de mais uma derrota. E a Copa do Brasil começava logo em seguida. Em Alagoas, o Flamengo levou um sufoco do ASA de Arapiraca, chegando a perder por 1x0, mas Ronaldo Angelim tratou de empatar a partida. O Flamengo já contava com o reforço do veterano atacante Luizão, campeão com a Seleção Brasileira em 2002 e com passagem em inúmeros outros times do G12.
De volta ao Rio, na rodada do Carioca que coincidia com o Carnaval, o Flamengo vencia o Botafogo novamente, assim como nos 2 turnos do Brasileirão de 2005. 3x2 foi o placar final. Mesmo assim, o alvinegro seria mais tarde o Campeão Carioca daquele ano.
O Flamengo não engrenou: perdeu para o Madureira por 3x2 (seria o campeão da Taça Rio e vice Carioca), jogo que custou o cargo de Valdir Espinosa. Contratou Valdemar Lemos (que foi interino da equipe em 2003), mas mesmo assim empataria com o America em 2x2 após sair ganhando por 2x0 e foi novamente eliminado do Estadual, dessa vez sem nem passar de fase em nenhum dos turnos.
O jogo de volta na Copa do Brasil chegou. E o Maracanã já estava reaberto em 2006, apesar de parte dele ainda estar sendo reformado para o Pan de 2007. Não era o 1o jogo do Flamengo no estádio naquele ano, já que tinha jogado algumas partidas do Carioca ali. E de forma apertada, o Flamengo vencia o ASA por 2x1, com gols do zagueiro Renato Silva (hoje no Vasco) e do uruguaio Horácio Peralta, famoso por ter sido contratado após a diretoria do Flamengo ter visto um DVD contendo lances do jogador.
Depois disso, era hora de cumprir tabela no Estadual. O Flamengo empatou com o Volta Redonda em 0x0 e perdeu o clássico para o Vasco, que também estava eliminado do Carioca, por 2x1. O segundo gol cruzmaltino foi numa arrancada do meia Morais, que praticamente correu a defesa toda do Flamengo sem marcação e fez facilmente o gol.
Depois do fim do Estadual, veio a 2a fase da Copa do Brasil. Mais um jogo no Nordeste, dessa vez em Natal, contra o ABC. O Flamengo poderia eliminar o time potiguar se vencesse por 2 gols de diferença, mas apenas fez um, marcado por Ronaldo Angelim. Haveria uma segunda partida no Maracanã.
Duas semanas depois, o Flamengo teve tempo para descansar para o 2o jogo e venceu com facilidades, aplicando um 4x0 no time do Rio Grande do Norte. Dois gols de Renato Abreu, um de Ramírez e outro de Luizão.
Os Estaduais ainda estavam na reta final, por isso o Flamengo teve uma semana de descanso para enfrentar o Guarani pelas oitavas-de-final. O Campeão Brasileiro de 1978 já experimentava a decadência que marcou essa última década e ainda hoje impera no terreno do Brinco de Ouro em Campinas. O Flamengo venceu com muita facilidade o 1o jogo no Maracanã, goleando os campinenses por 5x1.
Enfim, depois de longa espera, começava o Brasileirão. E logo contra o São Paulo de Muricy Ramalho no Morumbi, time que ostentava o título de atual Campeão do Mundo. Esse jogo é recordado por causa da estreia de Walter Minhoca, jogador do Ipatinga que estava em boa fase no time mineiro e foi contratado pelo Flamengo, além de outros jogadores como Léo Medeiros e Diego Silva (não confundir com o Diego Silva que joga atualmente no Flamengo - esse é outro). O Flamengo fez uma dura partida, mas acabou perdendo por 1x0 com um gol de pênalti do Rogério Ceni. O goleiro marcaria de novo contra o Flamengo em 2013, mas isso é outra história.
De volta à Copa do Brasil, num jogo extremamente sonolento, o Guarani venceu com muita dificuldade o Flamengo, por 1x0, em Campinas. O que foi inútil, já que o Bugre precisava reverter a imensa vantagem que os rubro-negros criaram no Maracanã. Pouco a pouco, o Flamengo avançava naquela Copa do Brasil.
Pelo Brasileiro, o Flamengo venceu com facilidade o Juventude por 3x1. Mas logo em seguida já haveria o confronto pelas quartas da Copa do Brasil. O Atlético-MG, que vinha de vitórias seguidas sobre o Flamengo, mas havia sido rebaixado em 2005. Mesmo com o goleiro Bruno (ele mesmo) na meta mineira, o Flamengo aplicou uma sonora goleada de 4x1 no Galo dentro do Maracanã, quebrando o tabu daquela época e ganhando uma boa vantagem para o jogo no Mineirão.
No Brasileiro, o time do Flamengo fez um jogo encardido contra o Internacional em Porto Alegre, chegando a ter um gol mal anulado de Obina. Mas foi derrotado pelo time que seria campeão da Libertadores e do Mundo naquele ano pelo placar de 1x0. E logo depois, no Mineirão, o Atlético não foi capaz de esboçar reação contra um Flamengo preguiçoso. O jogo de volta da Copa do Brasil terminou 0x0 e o Flamengo estava na semifinal do torneio. Os rubro-negros já começavam a sonhar com um título depois de dois anos de sofrimento.
No Brasileiro, o Flamengo manteve a escrita de invencibilidade no torneio sobre o Botafogo que durava desde 2000 (e só foi quebrada no presente ano de 2013) e derrotou o alvinegro do RJ por 1x0, gol de Jônatas, que estava vivendo uma boa fase no time.
As semis da Copa do Brasil chegaram. O adversário tinha menos nome que o Atlético-MG, mas era muito perigoso. O Ipatinga de Ney Franco havia tirado times grandes como o Botafogo e o Santos do torneio. E muitos rubro-negros estavam com medo do fantasma de Santo André aparecer novamente. No primeiro jogo, no Ipatingão, Obina abriu o placar, mas Camanducaia (eterno integrante do Santos vice-campeão de 1995) empatou a partida no fim.
Com a cabeça no jogo de volta da Copa do Brasil, o Flamengo protagonizou um empate preguiçoso contra o Fortaleza em 0x0 no Rio. E enfim, no mesmo Maracanã, o dia decisivo chegou. Num jogo extremamente disputado no 1o tempo, Camanducaia novamente abriu o placar para o time do Vale do Aço. O fantasma do Santo André agora vestia verde e branco. Mas Marcelinho, lateral-direito que entrou no lugar de Léo Moura, tratou de empatar o jogo. Tudo seria decidido no 2o tempo. O fantasma daquele 2x0 na final de 2004 ainda assombrava a cabeça dos rubro-negros até que Renato Abreu, numa sobra de bola, fez o gol decisivo, desempatando a partida e colocando o Flamengo na final da Copa do Brasil pela 5a vez na história. A outra semifinal foi disputada entre Vasco e Fluminense, com vitória do Vasco. A expectativa para a primeira final nacional envolvendo times cariocas desde a decisão do Brasileiro de 1992 entre Flamengo X Botafogo foi imensa.
Mas a final tão esperada só ocorreria em Julho, pois 2006 era ano de Copa do Mundo, e haveria uma pausa em todos os torneios na época. Ainda era final de Maio, mas muita gente já estava ansiosa para o que viria 2 meses depois. Antes da pausa para a Copa, o Flamengo fez jogos interessantes no Brasileiro: foi derrotado pelo Cruzeiro no Mineirão por 2x1, empatou com o Santos em 2x2 após sair perdendo por 2x0 no Maracanã, perdeu para o Fluminense por 1x0 (mais uma vez, gol do Tuta), venceu o Palmeiras de virada no Rio por 2x1 e ainda bateria o Corinthians de Tévez por 2x0 em pleno Pacaembu.
No período da Copa do Mundo, o Flamengo fez alguns amistosos no Norte do país, já com Ney Franco como técnico do time (ele foi contratado depois da eliminação do Ipatinga e assumiu o Flamengo no jogo contra o Santos). E na volta para o Brasileiro, um susto logo de cara: goleada do Paraná em cima do Fla em Volta Redonda por 4x1. Mas o que interessava era a final da Copa do Brasil que se aproximava.
Flamengo x Vasco fizeram o seu primeiro jogo, mas esse foi válido pelo Campeonato Brasileiro e foi logo antes da 1a partida da final. Os dois times colocaram os reservas para jogar. No final, os reservas do Vasco foram melhores e ganharam por 1x0. O que interessava mesmo era aquela quarta-feira, 19 de Julho de 2006.
E então, com o Maracanã lotado apenas no anel superior, já que o anel inferior estava em obras, começava uma das finais mais históricas da Copa do Brasil. Flamengo e Vasco fizeram um primeiro tempo muito equilibrado, sendo que o Fla foi um pouco mais dominante. No segundo tempo, as chances do Flamengo se concretizaram: Obina mal havia entrado em campo e ajudou a armar uma jogada de ataque. O escanteio que resultou dessa jogada sobrou no pé do atacante baiano, que chutou a bola com efeito, abrindo o placar no Maracanã. Logo depois, Léo Moura acertou um cruzamento perfeito para Luizão cabecear e marcar o seu gol. O 2x0 destruiu a moral do Vasco, que desapareceu no jogo. E a partida terminou desse jeito. Destaque para a bela atuação do garoto Renato Augusto (hoje no Corinthians), que só havia jogado partidas menos importantes e começou de titular.
O Flamengo poupou jogadores novamente no Brasileiro e foi surrado pelo Santa Cruz no Arruda, na última vez em que o Santinha esteve na Série A. 3x0 para o Time Cobra-Coral. Enfim, naquela quarta-feira, 26 de Julho de 2007, o Brasil inteiro saberia quem seria o campeão da Copa do Brasil.
Na finalíssima, o Flamengo começou o jogo mais envolvente, e o Vasco visivelmente apático. Os torcedores do Vasco foram em peso, apesar da desvantagem, mas mesmo assim a torcida do Flamengo era maioria. Valdir Papel, um dos atacantes do Vasco, levou cartão amarelo logo no início do jogo depois de uma falta dura. E logo depois, tornaria-se um dos personagens daquela decisão ao fazer uma falta mais rigorosa em Leonardo Moura. Foi expulso por levar o segundo amarelo. E ainda foi empurrado pelo técnico Renato Gaúcho na hora em que voltava pro vestiário. O Flamengo que estava melhor desde o início ficou ainda mais perigoso no jogo, e depois de uma bela jogada de Léo Moura, Juan acertou um chute rasteiro de fora da área, abrindo 1x0 para o Flamengo e fazendo com que o Vasco tivesse que protagonizar uma virada mais heroica que a da Mercosul de 2000 para conquistar aquele título.
Realmente, o Vasco passou a atacar mais depois do gol do Flamengo. Mas a zaga rubro-negra, que era alvo de críticas constantes por falhar demais, estava trabalhando muito bem naquele dia. No 2o tempo, o time cruzmaltino jogou a toalha e o Flamengo teve chances até de ampliar o placar. Mas o jogo acabou sem mais nenhum gol. O Flamengo, depois dos vices em 1997, 2003 e 2004, podia comemorar o seu 2o título de Copa do Brasil. E o Vasco teve que amargar mais um vice para o rival.
O Flamengo fez o que nenhum torcedor um ano antes acreditaria: voltava a conquistar um torneio de nível nacional e ainda garantia vaga na Copa Libertadores da América, depois de anos brigando para não cair. Foi a última vez em que o Flamengo usou esse modelo de uniforme rubro-negro mostrado pela Mantoteca, já que no jogo seguinte contra o Atlético-PR (onde o Fla foi derrotado por 1x0) o time jogou com a camisa reserva, e no jogo contra o Goiás (onde Sávio fez sua reestreia pelo clube), o Flamengo já usava seu novo uniforme, semelhante ao antigo, mas com algumas diferenças, como o tecido e as listras nas mangas, além do detalhe em verde e amarelo na parte de trás da gola.
Bom, essa foi a homenagem feita pela Mantoteca ao Tricampeonato do Flamengo na Copa do Brasil. Relembrando o longo caminho que foi feito até a chegada do Bicampeonato em 2006. O Tricampeonato também foi difícil, mas isso é assunto para outra ocasião
Deixarei que a camisa branca de 2013 da Mantoteca conte sobre esse título algum dia... aguardem!
Porém, nenhuma camisa do Cruzeiro, Palmeiras ou Santa passaram pela Mantoteca (ainda), por isso não poderei homenageá-los com algum uniforme da coleção. Por outro lado, camisas do Flamengo predominam por aqui (já que é o time que torço e também o motivo por ter começado uma coleção de camisas). Então, escolho uma camisa muito especial: o uniforme do Flamengo utilizado entre 2004 e 2006.
2004 foi um ano péssimo para o torcedor rubro-negro. Mesmo com a vitória no Campeonato Carioca, o time brigou o ano todo para não ser rebaixado e ainda foi derrotado de forma histórica para o Santo André na final da Copa do Brasil, no Maracanã. Este uniforme estreou no dia 29 de Setembro de 2004, já no 2o turno do Campeonato Brasileiro daquele ano, num 0x0 contra o Corinthians no Maracanã. É importante ressaltar que na época o uniforme ainda não tinha os patrocínios da Petrobrás nas mangas (mais abaixo falarei de quando eles apareceram)
Na época, os principais destaques do Flamengo eram o goleiro Júlio César, o volante Ibson e o meia Felipe. Ainda haviam outros nomes, como o lateral-esquerdo Athirson, em mais uma passagem pelo time, além do atacante Dimba, que sempre será lembrado pela atuação pífia que teve no time. E, claro, Júnior Baiano na zaga, já em final de carreira, mas sempre representando perigo para a canela do adversário.
Lutando para fugir do rebaixamento, o Flamengo perderia depois para o Figueirense por 3x2 e empataria com o Paysandu por 2x2, ambos os jogos fora de casa. A primeira vitória que essa camisa conheceu foi no 3x1 contra o Criciúma no Maracanã.
No Maracanã, com o ídolo Andrade de interino, um alívio ao vencer o Guarani por 1x0, outro rival na luta contra o rebaixamento. Mas a fuga da Série B se tornaria mais complicada depois de um massacre sofrido por um rival histórico: o Atlético-MG. Até hoje, o 6x1 aplicado em Ipatinga pelo atual campeão da Libertadores no rubro-negro é lembrado pelos torcedores do Galo.
A derrota humilhante gerou cenas lamentáveis no Aeroporto Santos Dumont. O pai do veterano Zinho, já no fim de sua carreira, seria agredido por uma das organizadas na chegada ao RJ. Júlio César, goleiro do Flamengo, também sofreu agressões da torcida. Parecia que depois de ter passado os principais anos daquela 1a metade da década lutando para não cair, finalmente chegava a hora. O empate em 0x0 contra o Botafogo, que acabava de voltar da segundona e estava lutando pra não voltar lá, não ajudava em nada.
Mesmo com os resultados negativos, Andrade era mantido como interino no time. A situação era tão complicada que nenhum técnico aceitava a proposta de tentar salvar o Flamengo, que na época estava no auge da fama de caloteiro: os salários atrasavam sempre. O jogo contra o Palmeiras no Parque Antarctica parecia ser mais uma derrota, o alviverde voltou da segunda divisão embalado e estava brigando por vaga na Libertadores, mesmo com um time sem muitas estrelas. Foi então que o Flamengo surpreendeu mais uma vez e conseguiu ganhar de virada dos palestrinos por 2x1. Ainda havia chances de se salvar da queda.
O que se seguiria seriam dois empates contra o Coritiba, em casa, e contra o São Paulo, fora. Os resultados não foram bons, mas como os times da parte de baixo da tabela não fizeram direito o dever de casa, o Flamengo chegou na última rodada com pouquíssimas chances de rebaixamento. Era só ganhar do time misto do Cruzeiro em Volta Redonda para não depender de outros resultados. E foi uma goleada: 6x2, com direito a um belo gol de cobertura de Felipe, e da cena onde ele joga a camisa do Flamengo no chão durante a comemoração. Era o último jogo dele pelo Flamengo. Felipe, que começou no Vasco, chegou em 2003 no Flamengo, foi destaque no Carioca de 2004, sendo convocado para a Seleção Brasileira que ganharia a Copa América daquele ano. Mas o péssimo desempenho no 2o semestre fez com que a torcida ficasse insatisfeita, e ganhou o apelido de "chinelinho", por sempre evitar jogos fora do Rio. Depois do Fla, ele jogaria no Fluminense (onde está atualmente, já em fim de carreira), no Al-Sadd do Catar e voltaria a atuar no Vasco.
2004 terminou como um ano ingrato para o Flamengo, embora a fuga do rebaixamento tenha sido bem-sucedida. O time estava com o nome sujo por causa da falta de pagamentos aos jogadores, além da dívida que desde os anos 90 só aumentava. Ninguém queria ir jogar no Flamengo. Alguns jogadores seriam vendidos na virada daquele ano: Júlio César foi para a Itália e Ibson foi para Portugal. Athirson também saiu mais uma vez do time, e Dimba também foi embora. 2005 prometia ser um ano de vacas magras, mas seria até pior do que isso.
Com a contratação do técnico Júlio César Leal e de alguns jogadores como Renato Abreu, Adrianinho, André Santos e Marcos Denner, o Flamengo começava 2005 na austeridade. E logo no 1o jogo oficial do ano, o retrato de como seriam aqueles 12 meses restantes, uma derrota histórica para o Olaria no Campeonato Estadual, em pleno Maracanã.
O time do Flamengo estava frágil, venceu o Madureira por um apertado 1x0, mas perdeu da Cabofriense por 2x1 (o time de Cabo Frio faria uma boa campanha naquele Estadual). O fraco Julio Cesar Leal seria demitido na derrota seguinte para o Americano de Campos, também por 2x1. O Flamengo já estava eliminado da Taça Guanabara, mas ainda havia o primeiro clássico do ano, um empate por 2x2 contra o Fluminense, onde o time tricolor teve tudo para ganhar.
Depois disso, o Flamengo encarava seu 1o jogo da Copa do Brasil após a derrota histórica para o Sto. André. Empatou por 1x1 com o River do Piauí. E de volta ao Rio, goleou a Portuguesa da Ilha do Governador por 4x1 na 1a rodada da Taça Rio, o 2o turno do Carioca. Os três jogos citados foram comandados por Andrade, que voltava a treinar o time.
O Flamengo contratou Cuca, que no ano anterior havia feito uma boa campanha com o São Paulo na Libertadores, Mas estrearia com derrota perante o Volta Redonda, que tinha Túlio Maravilha e havia ganho a Taça Guanabara, o maior feito da história do time do Sul Fluminense. 2x1 foi o placar final do Raulino de Oliveira. No jogo de volta da Copa do Brasil, mesmo com seu time limitado, ganhou bem do River-PI por 3x1.
Voltando para o Rio, o Flamengo encarava seu 2o clássico no ano. Como o Botafogo de 2005 também não era muito forte, o resultado foi o empate, 2x2. Em seguida, derrotaria o Friburguense no Maracanã por 1x0 e entrava na briga para ir às semis da Taça Rio. O Flamengo ainda foi até o Amapá enfrentar o Ypiranga pela Copa do Brasil e favorecido pelo regulamento do torneio, só precisou jogar uma vez, já que ganhou de 2x0. Nas primeiras fases da Copa do Brasil, ganhar por 2 ou mais gols de diferença na casa do rival anula o jogo de volta.
Voltou ao Rio e enfrentou o também enfraquecido Vasco. Empatou novamente por 2x2 com mais um rival. E mesmo empatando em 0x0 com o America na última rodada, o Flamengo conseguiu classificar-se para as semi-finais da Taça Rio. O adversário era o perigoso Voltaço, que poderia fazer mais história se conquistasse o 2o turno, consagrando-se o 1o Campeão Carioca de fora da cidade do Rio de Janeiro em toda a história.
Num jogo muito disputado, o Flamengo conseguiu passar pelo surpreendente time do Volta Redonda pelo placar apertado de 1x0. O adversário na final seria o Fluminense, time que também oscilou no Carioca, mas mostrava claramente ser mais forte que aquele frágil Flamengo.
Num jogo que manteve-se equilibrado no 1o tempo, o Fla-Flu começava empatado em 0x0 na 2a etapa. Mas logo no início, um pênalti a favor do Fluminense mostraria a disparidade técnica do time comandado por Abel Braga. Após Tuta marcar o gol, viriam mais 3 gols do tricolor, sendo o último um golaço de Preto Casagrande, encobrindo o goleiro Diego. Zinho ainda faria o gol de honra do Flamengo num pênalti no final do jogo, naquela que seria sua última partida pelo rubro-negro, depois de várias conquistas pelo Fla e outros times do Brasil, incluindo a Seleção Brasileira. Mas o resultado final foi claríssimo: o 4x1 imposto pelo Fluminense, que foi campeão do 2o turno e seria Campeão Carioca ganhando do Volta Redonda na finalíssima, mostrava de forma crua o quanto o time do Flamengo era limitado.
Os torcedores do Flamengo têm fama de serem exagerados, mas falar que aquele time era candidato sério a uma das vagas para a Série B de 2006 não era nenhum absurdo, mesmo antes do começo do Brasileirão. Lembrando que o Flamengo durante o falho Carioca de 2005 chegou a usar um uniforme III, que na verdade era uma versão modificada da camisa titular, com mais detalhes em preto do que em vermelho.
Antes do começo do Brasileiro, o Flamengo já amargava outra derrota a nível nacional. Jogando no Mato Grosso do Sul como mandante, perdeu para o Ceará por 2x0. O jogo foi o estopim para a demissão de Cuca. No Castelão, em Fortaleza, o empate em 1x1, com gol do estreante Obina, de nada adiantaria. Flamengo fora de mais uma competição em 2005.
O Brasileiro enfim começou. O Flamengo jogaria sua única partida no Maracanã pelo torneio: o empate insosso contra o Cruzeiro em 1x1. Mas logo em seguida conquistaria uma vitória importante contra o Figueirense, em Florianópolis, por 1x0, comandado por Celso Roth depois de Andrade "tapar buraco" mais uma vez enquanto o Fla estava sem treinador. Para um time cuja maior meta seria lutar contra o rebaixamento, qualquer vitória era válida.
A próxima tarefa não seria fácil: o Internacional de Muricy Ramalho tinha um time forte, e dentro do Beira-Rio, tudo se tornaria mais difícil. A derrota por 1x0 era previsível. Logo depois, o Santos de Robinho, no acanhado estádio da Ilha do Governador, já que o Maracanã estava em obras para os Jogos Pan-Americanos de 2007. Numa atuação magistral do goleiro Diego, o Flamengo conseguiu vencer o Campeão Brasileiro da época, animando um pouco os pessimistas.
O Flamengo foi até São Caetano enfrentar o time da casa, mas não teve tanta sorte como contra o Santos: saiu derrotado por 1x0. E voltando para o Rio, fez um jogo fraco contra o Fluminense, que também não jogou bem, culminando num frustrante 0x0. O outro jogo seria interessante, o Flamengo enfrentaria o Corinthians bancado pela MSI em Mogi Mirim, cuja maior estrela era o craque argentino Carlitos Tevez. Mas naquele dia quem brilhou foi o atual atacante do Atlético-MG e da Seleção, Jô, que tinha apenas 18 anos, marcando 2 gols e decretando a vitória corinthiana por 4x2.
De volta para o Estádio da Ilha do Governador, o Flamengo parava no time reserva do Atlético Paranaense, que estava focado na Libertadores, empatando por 1x1. Ainda no Rio, perderia um jogo de inúmeros gols contra o Brasiliense de Marcelinho Carioca, por 4x3. Os dois gols do Obina e de um tal Leonardo Moura, que havia jogado nos outros 3 grandes clubes do Rio e nunca ficou muito tempo num time só até então, foram os únicos gols da partida. O jogo seguinte também seria decepcionante: menos de 1 ano depois de levar 6x1 do Galo, o Atlético Mineiro com um time que também lutava para não cair ganhou com facilidade por 3x1 no Mineirão. E a "Via Crúcis" do Flamengo se tornava mais árdua, depois de uma derrota para o time reserva do São Paulo no Morumbi por 2x0, marcada por um gol contra antológico do veterano Junior Baiano, onde ele "encobre" o goleiro Diego.
Mesmo com a sequência de 3 derrotas, Celso Roth permaneceu no cargo. O próximo jogo era o clássico contra o Vasco, que seria disputado em Volta Redonda. A vitória rubro-negra por 1x0, com gol do veterano meia Souza, interrompia a sequência ruim, ainda mais contra outro candidato ao rebaixamento naquele ano.
Mesmo assim, o Flamengo logo voltaria a decepcionar. Na Ilha do Governador, nova derrota para o Juventude por 4x3. Em Curitiba, o Flamengo perderia novamente para o Coritiba por 3x2, vitória importante para o time do Alto da Glória, já que também estava na luta para não cair. E novamente na Ilha, o Flamengo não passou de um empate em 0x0 contra o Palmeiras. No clássico carioca seguinte, contra o Botafogo, os alvinegros entravam como favoritos. Afirmando a máxima de que "clássico não tem favorito", o Flamengo bateu o time de General Severiano por 2x0, gols de Léo Moura e Jean, atacante que também vestiria a camisa do Vasco e Fluminense, e seria mais conhecido pela sua habilidade em perder gols do que fazê-los.
Parecia que o time começava a engrenar depois da vitória no clássico. No 3o jogo seguido na Ilha, o Flamengo conseguiu vencer a Ponte Preta, com gol de Jônatas.
O próximo jogo era contra o Fortaleza, que também corria riscos de rebaixamento. Jogo difícil no Ceará. E o Flamengo voltava a perder no Brasileirão: 2x1 para o Tricolor de Aço, sendo que um dos gols do time do Fortaleza foi marcado por uma figura que futuramente seria de extrema importância para o rubro-negro: o zagueiro Ronaldo Angelim.
Na rodada seguinte, em casa, o Flamengo recebia o Paraná. Após sair perdendo, Léo Moura empatou o jogo. E ficou 1x1. No jogo seguinte, em Goiânia, o Fla enfrentava o Goiás, que estava brigando pela parte de cima da tabela. E logo no 1o minuto, Paulo Baier (hoje no Atlético-PR) fez o 1o gol dos goianos. E Jadílson (que passaria por SPFC e Fluminense) ampliou. 2x0 para o Goiás e o Flamengo voltava a se complicar. Celso Roth não resistiu e foi demitido do time, Andrade mais uma vez voltava para comandar a equipe interinamente. Com o "Tromba" de interino mais uma vez, o Flamengo voltava a vencer, dessa vez o Paysandu, por 2x1, jogando em casa.
O jogo contra o Cruzeiro em Minas, já pelo 2o turno, prometia ser difícil. Os dois times apenas empatariam por 0x0. Contra o Figueirense no Rio, uma chance boa de vitória. O Flamengo abriu 2x0, gols de Diego Souza (que veio emprestado do Benfica após ter jogado no Fluminense - e jogaria no Grêmio, Palmeiras, Atlético-MG, Vasco e Cruzeiro) e de Renato Abreu. Mas o Figueirense conseguiu arrancar o empate aos 32 minutos do 2o tempo. E terminaria tudo igual. A próxima rodada vinha com mais uma pedreira: o Inter de Muricy, que brigava pelo título. Mesmo jogando em casa, o Flamengo teria trabalho. Mais uma vez, o rubro-negro saiu na frente, com gol de Obina. Mas Wilson empatou para o Colorado no 2o tempo e o Fla voltava a empatar em casa, o que não ajudava muito na fuga do Z4.
Na Vila Belmiro, local onde o Flamengo dificilmente vencia no Brasileiro naquela época, o 4o empate seguido: 0x0 contra o Santos. Já estava na hora de vencer de novo, e a vitória veio numa boa hora. Mais uma vez no acanhado estádio da Ilha do Governador, o Fla bateu o São Caetano por 2x0, gols do "El Tigre" Ramírez, atacante paraguaio que chegou como salvação para o time (e acima do peso), e também de Renato Abreu, já nos acréscimos.
Mais uma vez o Fluminense aparecia no caminho do rubro-negro. O time tricolor estava mordido por ter perdido a final da Copa do Brasil para o Paulista de Jundiaí e estava firme na briga pelo título do Brasileiro naquele ano, graças a excelente fase do meia sérvio Dejan Petkovic, além do atacante Tuta, que mesmo com suas deficiências técnicas, estava fazendo muitos gols. E foi com um gol de Tuta que o Fluminense abriu o placar em Volta Redonda. O 1o tempo terminou 1x0 para o Tricolor. Mas no 2o tempo veio a reação: Renato Abreu marcou de pênalti e empatou. Tuta novamente botava o Flu na frente no jogo, mas Diego Souza, aos 38 da 2a etapa, fez o gol que definiu o empate: 2x2 no Fla-Flu.
Então, na Ilha, um dos jogos mais emblemáticos daquele ano. O Corinthians, com seu elenco recheado de estrelas, vinha jogar no Rio. E o presidente folclórico do Flamengo, Márcio Braga, soltou uma das suas pérolas mais conhecidas: "quem é Tévez"? Resultado: o Flamengo perderia por 3x1, sendo que 2 gols foram do atacante argentino, que ainda devolveu a provocação. Novamente o Flamengo voltava a flertar cada vez mais forte com o rebaixamento
Uma coisa a ser citada é que durante alguns jogos desse Brasileiro, o Flamengo usou uma camisa com patrocínio diferente. Ao invés do velho "Lubrax" na frente, a Petrobrás usou o espaço master para anunciar seu cartão.
Voltando ao assunto "Brasileirão 2005", o Flamengo entrava novamente num lugar onde não sabia o que era vencer faz tempo: a Arena da Baixada. O Atlético Paranaense havia sido finalista da Libertadores e tinha um elenco razoável. Dessa vez, enfrentaria o Flamengo com o time completo. E o rubro-negro do Rio não resistiu: 2x0, gol de Jancarlos (que faleceu este ano num acidente automobilístico) e David Ferreira. O Flamengo foi para Brasília protagonizar um duelo de desesperados contra o Brasiliense, que também flertava fortemente com o rebaixamento. Com dois gols de Marcelinho Carioca, o time do Distrito Federal até tentou, mas o Flamengo conseguiu a vitória por 3x2.
Os jogos seguintes do Flamengo eram fundamentais para que o time escapasse de vez do rebaixamento. Se perdesse, o rubro-negro já poderia considerar-se rebaixado. O Atlético Mineiro foi até ao Rio, também flertando fortemente com o descenso. Jogos decisivos entre Fla e Galo eram comuns nos anos 80, mas dessa vez os dois times jogavam uma decisão nivelada por baixo, para fugir do rebaixamento. E o Flamengo, pela 3a vez seguida, era derrotado pelo Atlético-MG: 2x1.
Se o jogo contra o Galo foi uma tragédia, o jogo seguinte seria uma catástrofe. Nem o mais otimista dos rubro-negros passou a acreditar em salvação depois da derrota histórica para o São Paulo na Ilha do Governador por 6x1. Até o Galvão Bueno, que recentemente assumiu ser torcedor rubro-negro, não escondeu sua insatisfação com o time na narração. "Patético esse time do Flamengo", disse ele quando o São Paulo fez o 6o gol, já no apagar das luzes.
E para completar a sequência de catástrofes, nada pior do que uma derrota para um dos maiores rivais. Num jogo tumultuado e com brigas entre torcedores em São Januário, Junior Baiano (sempre ele!) lembrou do tempo em que jogou com a camisa do Vasco e marcou um gol contra. O Baixinho Romário, mesmo com 39 anos nas costas, mostrou que ainda era o "Gênio da Grande Área" e fez o 2o gol. Mesmo com o gol de Ramírez e a pressão imposta pelo Flamengo no final, o time não conseguiu evitar o resultado. Saiu de campo com os torcedores rivais gritando "ão ão ão, Segunda Divisão". E realmente, dava para acreditar em outro destino para aquela equipe?
Enfim, a diretoria do Flamengo conseguia contratar um técnico. Joel Natalino Santana, o "Papai Joel", chegava para tentar um milagre: fazer o Flamengo escapar da segundona, que já parecia ser destino certo. Os últimos jogos que restavam no Brasileiro eram complicados, alguns fora de casa, outros contra times que também lutavam para não cair. E era difícil acreditar que o Flamengo conseguiria fazer a pontuação necessária para escapar. No 1o jogo da volta de Joel ao Flamengo (já havia treinado o time outras vezes, sendo que a última foi em 1998), o Juventude mostrava que não seria fácil reerguer o time rubro-negro. Abriu 2x0 no 1o tempo e podia ter feito mais gols. Porém, o time do Flamengo voltou a campo com uma postura diferente no 2o tempo, e como um milagre, Renato Abreu diminuiu num pênalti aos 44 daquela etapa e Júnior (um meio-campista que era chamado de "Barbie" pelos torcedores do Fla, pelo fato de ser desarmado facilmente pelos adversários) fez o gol do empate nos acréscimos. O Flamengo estava vivo!
Vencer o Coritiba na Ilha do Governador era obrigação. Saiu atrás no placar, mas Renato Abreu empatou no final do primeiro tempo. E na segunda etapa, Fellype Gabriel (que jogou recentemente no Botafogo) faria o gol decisivo, levando o Flamengo a conhecer sua primeira vitória depois de 3 derrotas e 1 empate. O Coritiba acabaria sendo rebaixado no fim daquele campeonato.
Era importante manter a boa sequência. Como em 2004, o Flamengo desesperado chegava no Parque Antarctica pronto para enfrentar o Palmeiras que brigava na parte de cima da tabela. E numa falha do goleiro Marcos, "El Tigre" Ramírez fez o único gol da partida. Novamente, o Flamengo passava pelo Palmeiras numa fuga de rebaixamento. E o que parecia impossível algumas rodadas atrás se tornava realidade: o Flamengo estava escapando da Série B.
O clássico contra o Botafogo em Volta Redonda também era fundamental. E o Flamengo entrou com tudo no jogo, mesmo ficando com um jogador a menos e com o gol botafoguense no fim do 1o tempo, o Fla virou o jogo no 2o tempo, sendo que Léo Moura faria o gol da vitória já nos acréscimos. Final: 3x1 para o rubro-negro. A nota triste fica com o confronto pós-jogo entre duas organizadas rivais na Dutra, onde um torcedor do Botafogo foi assassinado.
Enfrentar a Ponte Preta no Moisés Lucarelli em Campinas não era tarefa fácil, mas era hora de aproveitar a ótima fase do time para tentar mais uma vitória. Afinal, quem imaginaria que o instável Flamengo de 2005 conseguiria emplacar 3 vitórias seguidas em 3 jogos difíceis? Agora era a hora de tentar a quarta vitória. Mas não foi fácil, a Ponte saiu 2 vezes na frente. Mas o Flamengo empatou as duas. O 2x2 até que ficou de bom tamanho.
O jogo seguinte era contra o Fortaleza no Rio. Era hora de voltar a vencer, uma vitória nesse jogo era fundamental para que o time continuasse sua luta para acabar com o risco de rebaixamento, que estava ficando menor. E, empurrado pela torcida, o Flamengo venceu o time cearense por 3x0, ficando dependente apenas de uma vitória para fugir de vez do Z4.
O jogo seguinte era difícil. O Paraná Clube tinha um histórico excelente contra o Flamengo jogando em Curitiba. Dois anos antes, havia aplicado uma goleada histórica de 6x2 no Fla. E também haviam vencido o Fluminense por 6x1 no mesmo ano. Não seria fácil. Num jogo onde os paranistas pressionaram muito, um gol salvador de Obina aos 47 do segundo tempo tornou-se inesquecível. O Flamengo, com aquela vitória de 1x0, livrava-se de vez do risco de ser rebaixado naquele ano tenebroso de 2005, e Obina, antes contestado pela torcida, começava a virar "xodó".
Já livre do fantasma da Série B, o Flamengo fez seus últimos jogos em ritmo de férias. Pegou um Goiás com a vaga na Libertadores assegurada e empatou num modorrento 0x0. E, na última rodada, no primeiro jogo em que o Flamengo jogou com o modelo de camisa mostrado pela Mantoteca, com os patrocínios da "Gasolina Podium" e do "Cartão Petrobrás" nas mangas, o Flamengo atropelou o já rebaixado Paysandu por 4x1. Joel Santana além de salvar o time, conseguiu mantê-lo invicto enquanto esteve ao seu comando. Era hora de pensar em 2006.
Infelizmente, o Flamengo não contaria mais com Joel Santana para 2006. O Vegalta Sendai do Japão levou-o para terras orientais. Mas o time se reforçou, contratou Ronaldo Angelim, que fizera um bom Brasileirão em 2005, o lateral-esquerdo Juan, que saiu criticado do Fluminense, o atacante (que depois viraria volante) Toró, que era uma grande promessa do Flu, além de outros nomes mais desconhecidos, como Rodrigo Broa. E para o lugar de Joel, o veterano Valdir Espinosa, Campeão do Mundo em 1983 com o Grêmio.
O Flamengo resolveu poupar jogadores na estreia do Carioca, colocando o time de juniores para jogar, sob o comando do ex-jogador Adílio. Mas o time estreou perdendo as duas primeiras, contra o Nova Iguaçu e a Cabofriense. Contra a Portuguesa Santista, enfim entrariam os titulares. Mesmo assim, o resultado foi um 2x2 com gosto de derrota. Na rodada seguinte, empate com o Fluminense, também em 2x2. E já eliminado da Taça Guanabara, venceu o Americano de Campos por 4x2.
O Flamengo fez uma pequena excursão internacional enquanto eram disputadas as finais da Taça Guanabara. Enfrentou o Peñarol, pela primeira vez depois das semifinais vitoriosas da Mercosul de 1999, mas perdeu por 2x1, mesmo com um golaço do Fellype Gabriel. Também enfrentou o outro grande uruguaio, o Nacional, e perdeu num jogo bem disputado: 4x3.
Embora não tenha jogado mal nos amistosos contra os dois grandes do Uruguai, o Flamengo voltou mal no Carioca. Empatou em 3x3 contra o Friburguense, safando-se de mais uma derrota. E a Copa do Brasil começava logo em seguida. Em Alagoas, o Flamengo levou um sufoco do ASA de Arapiraca, chegando a perder por 1x0, mas Ronaldo Angelim tratou de empatar a partida. O Flamengo já contava com o reforço do veterano atacante Luizão, campeão com a Seleção Brasileira em 2002 e com passagem em inúmeros outros times do G12.
De volta ao Rio, na rodada do Carioca que coincidia com o Carnaval, o Flamengo vencia o Botafogo novamente, assim como nos 2 turnos do Brasileirão de 2005. 3x2 foi o placar final. Mesmo assim, o alvinegro seria mais tarde o Campeão Carioca daquele ano.
O Flamengo não engrenou: perdeu para o Madureira por 3x2 (seria o campeão da Taça Rio e vice Carioca), jogo que custou o cargo de Valdir Espinosa. Contratou Valdemar Lemos (que foi interino da equipe em 2003), mas mesmo assim empataria com o America em 2x2 após sair ganhando por 2x0 e foi novamente eliminado do Estadual, dessa vez sem nem passar de fase em nenhum dos turnos.
O jogo de volta na Copa do Brasil chegou. E o Maracanã já estava reaberto em 2006, apesar de parte dele ainda estar sendo reformado para o Pan de 2007. Não era o 1o jogo do Flamengo no estádio naquele ano, já que tinha jogado algumas partidas do Carioca ali. E de forma apertada, o Flamengo vencia o ASA por 2x1, com gols do zagueiro Renato Silva (hoje no Vasco) e do uruguaio Horácio Peralta, famoso por ter sido contratado após a diretoria do Flamengo ter visto um DVD contendo lances do jogador.
Depois disso, era hora de cumprir tabela no Estadual. O Flamengo empatou com o Volta Redonda em 0x0 e perdeu o clássico para o Vasco, que também estava eliminado do Carioca, por 2x1. O segundo gol cruzmaltino foi numa arrancada do meia Morais, que praticamente correu a defesa toda do Flamengo sem marcação e fez facilmente o gol.
Depois do fim do Estadual, veio a 2a fase da Copa do Brasil. Mais um jogo no Nordeste, dessa vez em Natal, contra o ABC. O Flamengo poderia eliminar o time potiguar se vencesse por 2 gols de diferença, mas apenas fez um, marcado por Ronaldo Angelim. Haveria uma segunda partida no Maracanã.
Duas semanas depois, o Flamengo teve tempo para descansar para o 2o jogo e venceu com facilidades, aplicando um 4x0 no time do Rio Grande do Norte. Dois gols de Renato Abreu, um de Ramírez e outro de Luizão.
Os Estaduais ainda estavam na reta final, por isso o Flamengo teve uma semana de descanso para enfrentar o Guarani pelas oitavas-de-final. O Campeão Brasileiro de 1978 já experimentava a decadência que marcou essa última década e ainda hoje impera no terreno do Brinco de Ouro em Campinas. O Flamengo venceu com muita facilidade o 1o jogo no Maracanã, goleando os campinenses por 5x1.
Enfim, depois de longa espera, começava o Brasileirão. E logo contra o São Paulo de Muricy Ramalho no Morumbi, time que ostentava o título de atual Campeão do Mundo. Esse jogo é recordado por causa da estreia de Walter Minhoca, jogador do Ipatinga que estava em boa fase no time mineiro e foi contratado pelo Flamengo, além de outros jogadores como Léo Medeiros e Diego Silva (não confundir com o Diego Silva que joga atualmente no Flamengo - esse é outro). O Flamengo fez uma dura partida, mas acabou perdendo por 1x0 com um gol de pênalti do Rogério Ceni. O goleiro marcaria de novo contra o Flamengo em 2013, mas isso é outra história.
De volta à Copa do Brasil, num jogo extremamente sonolento, o Guarani venceu com muita dificuldade o Flamengo, por 1x0, em Campinas. O que foi inútil, já que o Bugre precisava reverter a imensa vantagem que os rubro-negros criaram no Maracanã. Pouco a pouco, o Flamengo avançava naquela Copa do Brasil.
Pelo Brasileiro, o Flamengo venceu com facilidade o Juventude por 3x1. Mas logo em seguida já haveria o confronto pelas quartas da Copa do Brasil. O Atlético-MG, que vinha de vitórias seguidas sobre o Flamengo, mas havia sido rebaixado em 2005. Mesmo com o goleiro Bruno (ele mesmo) na meta mineira, o Flamengo aplicou uma sonora goleada de 4x1 no Galo dentro do Maracanã, quebrando o tabu daquela época e ganhando uma boa vantagem para o jogo no Mineirão.
No Brasileiro, o time do Flamengo fez um jogo encardido contra o Internacional em Porto Alegre, chegando a ter um gol mal anulado de Obina. Mas foi derrotado pelo time que seria campeão da Libertadores e do Mundo naquele ano pelo placar de 1x0. E logo depois, no Mineirão, o Atlético não foi capaz de esboçar reação contra um Flamengo preguiçoso. O jogo de volta da Copa do Brasil terminou 0x0 e o Flamengo estava na semifinal do torneio. Os rubro-negros já começavam a sonhar com um título depois de dois anos de sofrimento.
No Brasileiro, o Flamengo manteve a escrita de invencibilidade no torneio sobre o Botafogo que durava desde 2000 (e só foi quebrada no presente ano de 2013) e derrotou o alvinegro do RJ por 1x0, gol de Jônatas, que estava vivendo uma boa fase no time.
As semis da Copa do Brasil chegaram. O adversário tinha menos nome que o Atlético-MG, mas era muito perigoso. O Ipatinga de Ney Franco havia tirado times grandes como o Botafogo e o Santos do torneio. E muitos rubro-negros estavam com medo do fantasma de Santo André aparecer novamente. No primeiro jogo, no Ipatingão, Obina abriu o placar, mas Camanducaia (eterno integrante do Santos vice-campeão de 1995) empatou a partida no fim.
Mas a final tão esperada só ocorreria em Julho, pois 2006 era ano de Copa do Mundo, e haveria uma pausa em todos os torneios na época. Ainda era final de Maio, mas muita gente já estava ansiosa para o que viria 2 meses depois. Antes da pausa para a Copa, o Flamengo fez jogos interessantes no Brasileiro: foi derrotado pelo Cruzeiro no Mineirão por 2x1, empatou com o Santos em 2x2 após sair perdendo por 2x0 no Maracanã, perdeu para o Fluminense por 1x0 (mais uma vez, gol do Tuta), venceu o Palmeiras de virada no Rio por 2x1 e ainda bateria o Corinthians de Tévez por 2x0 em pleno Pacaembu.
No período da Copa do Mundo, o Flamengo fez alguns amistosos no Norte do país, já com Ney Franco como técnico do time (ele foi contratado depois da eliminação do Ipatinga e assumiu o Flamengo no jogo contra o Santos). E na volta para o Brasileiro, um susto logo de cara: goleada do Paraná em cima do Fla em Volta Redonda por 4x1. Mas o que interessava era a final da Copa do Brasil que se aproximava.
Flamengo x Vasco fizeram o seu primeiro jogo, mas esse foi válido pelo Campeonato Brasileiro e foi logo antes da 1a partida da final. Os dois times colocaram os reservas para jogar. No final, os reservas do Vasco foram melhores e ganharam por 1x0. O que interessava mesmo era aquela quarta-feira, 19 de Julho de 2006.
E então, com o Maracanã lotado apenas no anel superior, já que o anel inferior estava em obras, começava uma das finais mais históricas da Copa do Brasil. Flamengo e Vasco fizeram um primeiro tempo muito equilibrado, sendo que o Fla foi um pouco mais dominante. No segundo tempo, as chances do Flamengo se concretizaram: Obina mal havia entrado em campo e ajudou a armar uma jogada de ataque. O escanteio que resultou dessa jogada sobrou no pé do atacante baiano, que chutou a bola com efeito, abrindo o placar no Maracanã. Logo depois, Léo Moura acertou um cruzamento perfeito para Luizão cabecear e marcar o seu gol. O 2x0 destruiu a moral do Vasco, que desapareceu no jogo. E a partida terminou desse jeito. Destaque para a bela atuação do garoto Renato Augusto (hoje no Corinthians), que só havia jogado partidas menos importantes e começou de titular.
O Flamengo poupou jogadores novamente no Brasileiro e foi surrado pelo Santa Cruz no Arruda, na última vez em que o Santinha esteve na Série A. 3x0 para o Time Cobra-Coral. Enfim, naquela quarta-feira, 26 de Julho de 2007, o Brasil inteiro saberia quem seria o campeão da Copa do Brasil.
Na finalíssima, o Flamengo começou o jogo mais envolvente, e o Vasco visivelmente apático. Os torcedores do Vasco foram em peso, apesar da desvantagem, mas mesmo assim a torcida do Flamengo era maioria. Valdir Papel, um dos atacantes do Vasco, levou cartão amarelo logo no início do jogo depois de uma falta dura. E logo depois, tornaria-se um dos personagens daquela decisão ao fazer uma falta mais rigorosa em Leonardo Moura. Foi expulso por levar o segundo amarelo. E ainda foi empurrado pelo técnico Renato Gaúcho na hora em que voltava pro vestiário. O Flamengo que estava melhor desde o início ficou ainda mais perigoso no jogo, e depois de uma bela jogada de Léo Moura, Juan acertou um chute rasteiro de fora da área, abrindo 1x0 para o Flamengo e fazendo com que o Vasco tivesse que protagonizar uma virada mais heroica que a da Mercosul de 2000 para conquistar aquele título.
Realmente, o Vasco passou a atacar mais depois do gol do Flamengo. Mas a zaga rubro-negra, que era alvo de críticas constantes por falhar demais, estava trabalhando muito bem naquele dia. No 2o tempo, o time cruzmaltino jogou a toalha e o Flamengo teve chances até de ampliar o placar. Mas o jogo acabou sem mais nenhum gol. O Flamengo, depois dos vices em 1997, 2003 e 2004, podia comemorar o seu 2o título de Copa do Brasil. E o Vasco teve que amargar mais um vice para o rival.
O Flamengo fez o que nenhum torcedor um ano antes acreditaria: voltava a conquistar um torneio de nível nacional e ainda garantia vaga na Copa Libertadores da América, depois de anos brigando para não cair. Foi a última vez em que o Flamengo usou esse modelo de uniforme rubro-negro mostrado pela Mantoteca, já que no jogo seguinte contra o Atlético-PR (onde o Fla foi derrotado por 1x0) o time jogou com a camisa reserva, e no jogo contra o Goiás (onde Sávio fez sua reestreia pelo clube), o Flamengo já usava seu novo uniforme, semelhante ao antigo, mas com algumas diferenças, como o tecido e as listras nas mangas, além do detalhe em verde e amarelo na parte de trás da gola.
Bom, essa foi a homenagem feita pela Mantoteca ao Tricampeonato do Flamengo na Copa do Brasil. Relembrando o longo caminho que foi feito até a chegada do Bicampeonato em 2006. O Tricampeonato também foi difícil, mas isso é assunto para outra ocasião
Deixarei que a camisa branca de 2013 da Mantoteca conte sobre esse título algum dia... aguardem!
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