Olá camiseteiros!
Hoje vou falar de um assunto onipresente em todas as torcidas de futebol: a superstição. Sempre tem um torcedor que tem sua camisa da sorte para ir aos jogos (como eu e minha camisa do Flamengo de 2005), alguns até apelam para outras vestimentas como cuecas (e sem poder lavar, hein! Senão perde a aura...), e por aí vai. Por isso, muita gente considera alguns uniformes símbolos de vitórias, como no caso do próprio Flamengo com a camisa branca de 1981 usada no Mundial do mesmo ano, a camisa do Corinthians do Mundial de 2000, que ganhou nova versão este ano e estreou com o título brasileiro, ou senão o São Paulo com patrocínio da IBF, símbolo da geração vitoriosa comandada pelo Mestre Telê Santana.
Porém, também é fácil apontar o oposto. Aquela camisa que só de olhar já provoca arrepios por ter sido utilizada numa temporada ou num jogo em que seu time do coração passou vergonha. Hoje a Mantoteca vai apresentar as camisas mais azaradas dos 12 principais times brasileiros, começando
1-Flamengo
10 entre 10 rubro-negros já sabem: em todas as temporadas que o Flamengo usa a camisa "Papagaio de Vintém", o fracasso vem. E, mais uma vez, isso foi confirmado neste ano. A camisa rubro-negra quadriculada foi o primeiro uniforme do time de futebol, em 1912. Porém, por falta de vitórias, a indumentária já ganhou o título de "zicada" e foi substituída pela camisa "Cobra-Coral" ainda no ano seguinte. Ao contrário da "Papagaio", a nova camisa deu sorte: os rubro-negros ganharam os seus dois primeiros Cariocas em 1914 e 1915, até finalmente em 1916 ela ser substituída em definitivo pelo clássico uniforme de listras horizontais vermelhas e pretas, igual ao utilizado pelos remadores. E assim é até hoje.
Porém, a Papagaio de Vintém voltaria no ano do Centenário do Flamengo, em 1995, como uniforme três. E em todas as nove vezes em que a camisa foi usada, não houve nenhuma vitória. Mesmo o "Melhor Ataque do Mundo" com Romário, Sávio e Edmundo não conseguiu vencer usando a camisa quadriculada. E vitória foi o que faltou naquele ano de 95, mesmo com o uniforme rubro-negro tradicional, o time perdeu o Carioca na célebre final com o gol de barriga do Renato Gaúcho pelo Fluminense, caiu nas semifinais da Copa do Brasil para o Grêmio, quase foi rebaixado no Brasileiro e na última tentativa de um título, perdeu a final para o Independiente da Argentina na Supercopa Libertadores. A camisa pode até ser azarada, mas considero a versão 1995 uma das mais bonitas da história do Flamengo.
A camisa ainda seria ressuscitada em 2012 pela Olympikus, ano do centenário do futebol rubro-negro, mas não foi utilizada em jogos oficiais. Mesmo sem nem pisar num jogo oficial, a temporada foi um desastre, com o time sendo eliminado de forma esdrúxula na 1a fase da Libertadores, além de ser eliminado pelo arquirrival Vasco do Carioca, quase cair novamente no Brasileiro e ainda assistir o tetracampeonato nacional do rival Fluminense. Mas assim como o Jason em seus filmes de "Sexta-Feira 13", a "Papagaio" voltou de novo este ano, pela Adidas. Homenageando os 450 anos do Rio de Janeiro (contando até com o azul e o branco da bandeira do Estado) e os 120 anos do Flamengo. Estreou numa derrota, claro, para o Botafogo no Campeonato Carioca. Porém, a Papagaio 2015 conseguiu algo que a sua antecessora não conseguiu: vitórias, inclusive no Campeonato Brasileiro. E mais uma vez foi terceira opção numa temporada desastrosa, com dupla eliminação para o Vasco no Carioca e na Copa do Brasil e uma campanha medonha no Brasileiro, batendo o recorde de derrotas do clube em sua história no torneio.
2-Vasco
Os cruzmaltinos não guardam lembranças muito boas da passagem da Reebok pela Colina Histórica. A marca inglesa começou a fornecer seus uniformes substituindo seus compatriotas da Umbro na metade de 2006, quando o time chegou até a final da Copa do Brasil contra o eterno rival Flamengo. Mais uma vez, o time foi derrotado pelos rivais, dessa vez numa competição nacional. Talvez a única coisa boa que o torcedor vascaíno vai lembrar da Reebok é do uniforme que vestiu Romário quando ele fez o seu milésimo gol, contra o Sport em 2007. Mas o que ficou marcado para sempre, sem dúvidas, foi o último uniforme da marca feito para o time. Patrocinado pela MRV e homenageando os 10 anos da conquista da Libertadores de 98, tinha tudo para ser uma camisa histórica. Mas os resultados em campo provaram que não seria bem assim. Uma campanha pífia no Carioca e um trajeto razoável na Copa do Brasil, onde conseguiu reverter um placar de 2x0 para o Sport em São Januário na semifinal, mas perdeu nos pênaltis e viu o time pernambucano indo para a final ser campeão. Além de tudo isso, o pior aconteceu mesmo no Brasileiro: pela primeira vez em sua história o Vasco da Gama seria rebaixado para a Série B, depois de perder de 2x0 para o Vitória em pleno São Januário. A Reebok deixou o clube logo depois da queda, sendo substituída pela Champs, que fez um dos uniformes mais feios da história de 117 anos do clube. O uniforme da Penalty de 2013 também poderia entrar na galeria, por causa do segundo rebaixamento, mas pelo menos com a fornecedora brasileira o Vasco conseguiu seu primeiro título nacional relevante depois de 11 anos: a Copa do Brasil de 2011.
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3-Fluminense
Depois de um ano maravilhoso como 1995, onde derrotou o maior rival no ano do Centenário na final do Carioca e ainda chegou até a semifinal do Brasileirão, era hora de trocar de camisa. Em 1996, a camisa da Reebok com o patrocínio da Hyundai não foi suficiente para impulsionar o time em direção a outro título Carioca. Uma crise começava nas Laranjeiras. Mesmo assim, a Adidas apareceu com uma proposta e substituiu o histórico uniforme. Porém, a marca alemã afinou as listras de modo bizarro, além de reposicionar o escudo para o meio, resultando num dos mais controversos uniformes de toda a história do Flu. Como se isso não fosse suficiente, o time terminou rebaixado no Brasileirão, numa época em que era raro ver um time grande cair. Nem o patrocínio da Sportv motivou àquele time.
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Por causa de uma das inúmeras confusões do futebol brasileiro, no ano seguinte o rebaixamento do Fluminense foi invalidado, e o time tricolor teve novamente a chance de disputar a Série A, e com um novo uniforme, mais tradicional. O patrocínio da MTV nas costas deu até um ar "cult" à camisa de 1997, mas a campanha péssima do Tricolor novamente no Brasileirão não impediu que o time fosse rebaixado mais uma vez, e sem chances de virada de mesa. O uniforme "cult" virou "azarado", sobretudo em 98, utilizado com patrocínios pontuais na Série B, quando aconteceu o momento mais triste da história do Fluminense: o rebaixamento para a Série C. Ironicamente, o time estava com a marca da Unimed no jogo do descenso (a camisa da foto abaixo), justamente o patrocinador que seria responsável direto pelo reerguimento vitorioso do time na década seguinte. E a Adidas segue até hoje no time das três cores que traduzem tradição.
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4-Botafogo
Sem sombra de dúvidas, o torcedor botafoguense é um dos mais supersticiosos do Rio, senão do Brasil. E para o botafoguense, a camisa pode influenciar sim num resultado, pode ser até o Garrincha de volta à vida e à juventude usando o tal uniforme, mas o tecido profano sempre terá mais poder. Um dos casos mais recentes ocorreu em 2010, quando o Botafogo apresentou um uniforme cinza em dois tons, fornecido pela italiana Fila. Porém, no Campeonato Carioca daquele ano, o Alvinegro levou um baile do Vasco: 6x0 em pleno Engenhão. Foi o que bastou para a camisa nunca mais ser utilizada, e até que deu certo: o Botafogo ainda seria campeão do mesmo Carioca, mas usando a camisa alvinegra tradicional.
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Botafoguenses não gostam muito de camisas que saem do preto e branco tradicional, porém, nessa década o Alvinegro usou até dourado e até os supersticiosos compraram a ideia. Com o título do Carioca e a vaga pra Libertadores em 2013, a Puma, que fornece o time desde 2012, resolveu aplicar mais dourado nas camisas alvinegras para o ano seguinte. A tradicional ganhou vários detalhes em dourado, a branca ganhou listras finas com a mesma cor e a preta poderia se passar como uniforme alternativo do Peñarol do Uruguai, onde o ouro quase ganhou mais destaque que o preto e praticamente substituiu o branco. A Puma estava brincando com a superstição da Estrela Solitária e isso não acabou bem. O Botafogo caiu na fase de grupos da Libertadores, ficou de fora da fase final do Carioca e amargou o seu segundo rebaixamento para a Série B do Brasileirão (ironicamente o patrocinador master do primeiro rebaixamento em 2002 era a empresa de planos de saúde Golden Cross - outra vez o dourado). Mas não foi só o ouro do Fogão que virou lata: outra cor nada memorável apareceu de novo no 4o uniforme do time naquele ano: o cinza (abaixo). Este ano o Botafogo até lançou outro uniforme acinzentado, dessa vez para substituir o branco, e tirou os detalhes dourados de suas camisas: acabou subindo para a Série A como Campeão da Série B. O ouro veio com o alvinegro tradicional. Mas ainda acho que o cinza deveria ficar restrito aos meiões.
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Na segunda parte, falarei dos grandes times paulistas e das camisas que eles fazem questão de esquecer!
Até lá!
MUITO LEGAL SEU BLOG. VOCÊ CONHECE BEM A HISTÓRIA DO FUTEBOL.
ResponderExcluirAinda faltou mencionar a camisa do Flamengo vermelha com mangas pretas de 2001... deu azar demais !!!
ResponderExcluirBem lembrado. Essa camisa do Flamengo foi usada no Rio-SP de 2001, onde o time perdeu todos os jogos. Mas também foi usada num amistoso contra o Racing da Argentina em 2003, única vitória do rubro-negro vestindo tal camisa.
ExcluirE olha que esta lista vai longe. Se puder poste um artigo sobre as camisas da Inter de Milão
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